A realizadora neo-zelandesa Jane Campion esteve 12 anos sem fazer qualquer filme. Valeu a pena esperar. "O Poder do Cão" é, ao mesmo tempo, um épico com ecos dos westerns clássicos e magníficas paisagens e um filme íntimo e cheio de sensibilidade, que é também uma crítica à hipermasculinidade tóxica (representada pela personagem de Benedict Cumberbatch).
"O Poder do Cão" é o filme mais nomeado desta edição dos Óscares: está indicado em 12 categorias e é apontado, pelas mais diversas publicações, como o provável vencedor na cerimónia de entrega dos prémios da Academia de Hollywood que se realiza este domingo à noite (já madrugada de segunda-feria para quem está em Portugal) e que vai ser acompanhada Ao Minuto no site da CNN Portugal.
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Isto significa que, depois das tentativas com "Roma", "O Irlandês" e "Mank", este pode muito bem ser o ano em que a Netflix leva para casa a estatueta do Melhor Filme. Além disso, Jane Campion está também entre os favoritos na categoria de Realização. Da última vez que esteve nomeada, por "O Piano", em 1994, perdeu para Spielberg (que tinha "A Lista de Schindler"). Este ano, Steven Spielberg também está nomeado, com "West Side Story", mas talvez a história tenha um final diferente.
Além de Cumberbatch, também estão nomeados neste filme Kirsten Dunst (Melhor Atriz), Jesse Plemons e Kodi Smit-McPhee (Atores Secundários).
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Quem deve ganhar o Óscar de Melhor Filme?
Para os críticos, a resposta é óbvia: "Drive My Car - Conduz o Meu Carro", o filme do japonês Ryûsuke Hamaguchi foi o escolhido pela National Society of Film Critics, assim como por muitas associações de críticos de cinema, incluindo as de Nova Iorque e de Los Angeles.
"Drive My Car" estreou-se no Festival de Cannes, onde recebeu, entre outros, o prémio para o melhor argumento. Também foi premiado nos BAFTA e está agora indicado para quatro Óscares: Melhor Filme, Realização, Filme Internacional e Argumento Adaptado. Algo inédito para um filme japonês.
No entanto, é pouco provável que "Drive My Car" repita o sucesso de "Parasitas", o filme do sul-coreano Bong Joon-ho que, há dois anos, recebeu quatro Óscares, incluindo o de Melhor Filme. Se isso acontecer, será uma total surpresa.
Com 179 minutos, "Drive My Car" é o mais longo dos nomeados deste ano a Melhor Filme. Adaptando um conto do escritor Haruki Murakami, o filme narra o encontro entre Yusuke (interpretação de Hidetoshi Nishijima), um renomado ator e encenador, e a jovem Misaki (Tôko Miura), a motorista designada para o conduzir enquanto ele está em Hiroshima a trabalhar na encenação de "O Tio Vânia" num festival de teatro local.
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Mais hipóteses tem "Belfast", o filme quase todo a preto-e-branco que Kenneth Branagh realizou a partir das suas memórias de infância na cidade da Irlanda do Norte. Apesar de relatar a eterna oposição entre protestantes e católicos e a violência que a cidade viveu na décadas de 1960 e 70, "Belfast" é um filme ternurento, que adopta o ponto de vista do pequeno Bill (interpretação de Jude Hill) e nos mostra a sua incompreensão perante os problemas dos adultos. Tudo isto embalado pela música de Van Morrisson.
As interpretações são dos veteranos Judi Dench e Ciarán Hinds (ambos nomeados) e ainda de Caitríona Balfe e Jamie Dornan.
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Uma das surpresas deste ano é "CODA - No Ritmo do Coração" que, nos últimos dias, tem vindo a ser apontado como um provável vencedor. Se não na categoria de Melhor Filme, quase de certeza na de Ator Secundário: Troy Kotsur.
Este podia ser só um filme sobre uma família americana e as dores de crescimento de uma adolescente. Mas é muito mais. CODA significa "child of deaf adult(s)" e é a expressão usada para referir os filhos de pessoas com problemas de audição. Escrito e realizado por Sian Heder, "CODA" é um remake do popular filme francês "A Família Bélier" (2014) e conta a história de uma rapariga que sonha ser cantora (interpretada por Emilia Jones) e da sua relação com os pais, ambos surdos (interpretações de Troy Kotsur e da já oscarizada Marlee Matlin), e o irmão também surdo (Daniel Durant).
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As categorias de interpretação são sempre muito renhidas. Para além de Benedict Cumberbatch, o outro nome mais falado para o Óscar de Melhor Ator é Will Smith que, em "King Richard - Para Além do Jogo", interpreta o papel de Richard Williams, o determinado pai das ténistas Venus e Serena Williams. O filme é um projeto pessoal do ator, que é também um dos produtores, e esta é, sem dúvida, uma das suas melhores interpretações.
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Os biopics também estão em alta entre as mulheres. As favoritas para o Óscar de Melhor Atriz são Nicole Kidman, no papel da comediante norte-americana Lucille Ball (em "Being the Ricardos") e Jessica Chastain, em "Os Olhos de Tammy Faye". Tammy Faye foi uma cantora evangelista que fez sucesso na televisão americana nos anos 70 e 80.
Já quanto ao Óscar de Atriz Secundária, é quase unânime que a estatueta irá para Ariana DeBose, a Anita de "West Side Story". O filme - que é um remake do oscarizado filme de 1961 - é realizado por Steven Spielberg e está nomeado em sete categorias. Poderá ser o terceiro Óscar de Realização para Spielberg.
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Já Paul Thomas Anderson nunca ganhou um Óscar, apesar de já ter estado várias vezes nomeado - como argumentista e realizador. Os seus filmes - de "Boogie Nights" a "Haverá Sangue", passando por "Magnólia" ou "Linha Fantasma" - também são geralmente nomeados ou premiados em várias categorias, mas nunca chegam a ser eleitos como Melhor Filme.
Será este ano? É pouco provável mas, ainda assim, fiquemos felizes por podermos ver "Licorice Pizza", uma comédia-dramática que nos conta a história da amizade entre dois adolescentes na América dos anos 70. Os papéis principais são interpretados por dois estreantes: Cooper Hoffman e Alana Haim.
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Esta é a lista completa dos nomeados:
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