No ano passado, cerca de 780 mil pessoas passaram pelo Parque Eduardo VII durante as três semanas em que decorreu a Feira do Livro de Lisboa. "Foi muito bom", reconhece Pedro Sobral, presidente da APEL - Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, organizadora do evento. As expectativas para a 93ª edição, que começa esta quinta-feira e decorre até 11 de junho, são, por isso, elevadas. "No ano ano passado, vimos muita gente nova, isso foi um bálsamo para nós, ver jovens interessados, à procura dos seus livros, deu-nos muita esperança."
Estamos habituados a ver notícias sobre os baixos índices de leitura em Portugal e sobre o facto de os jovens, cada vez mais entretidos com as tecnologias, não gostarem de ler. Mas nem todos. "Há indícios de que as pessoas estão reconectar-se à leitura. Sobretudo na faixa entre os 18 e os 30 anos, mais as mulheres do que os homens. E e é uma leitura muito ativa, as pessoas falam sobre os livros, voltaram os clubes de leitura", diz Pedro Sobral, animado. Um fenómeno que tem sido alavancado pelas redes sociais - especialmente o Tik Tok e o Instagram, onde surgiram vários influencers, nacionais e internacionais, que falam sobre os livros que leem e deixam recomendações.
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"2020 foi de facto um ano muito complicado para a edição, o mercado caiu 17% na Europa". 2021 e 2022 foram anos de recuperação. Neste momento, o mercado dos livros está a crescer", confirma Pedro Sobral. No final do primeiro trimestre deste ano, o mercado estava a crescer 12%. "Muitas pessoas em Portugal estão a comprar livros para ler. Antes, a esmagadora maioria comprava livros para oferecer, daí também a enorme importância do Natal no mercado do livro. Isto é um ótimo sinal, os índices de leitura estão a aumentar."
"Para quem, como nós, tem no livro um companheiro fundamental na sua vida, estas são boas notícias. O livro é fonte de conhecimento e de crescimento pessoal, permite-nos compreender o mundo que nos rodeia e também é uma fonte de prazer. Para os leitores, ler é algo tão fundamental e básico como ter uma alimentação saudável ou uma habitação digna. Mas para a maioria das pessoas a leitura é um luxo. É por isso que estes eventos são tão importantes, para que cada vez mais pessoas descubram o prazer da leitura e para que o livro seja cada vez mais acessível."
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Este ano, a Feira do Livro de Lisboa conta com 139 participantes, mais de 980 chancelas editoriais e 340 pavilhões.
Como qualquer feira, aqui também se procura o melhor negócio - para quem vende e para quem compra. É por isso que são tão importantes os descontos realizados pelas editoras, as promoções do Livro do Dia e da Hora H (entre as 21:00 e as 22:00, uma seleção de livros terá 50%). "A feira vive disso", reconhece Pedro Sobral. Mas a feira também é uma festa, como dizem os editores e livreiros - um local privilegiado para promover os novos livros, para encontrar obras que já não estão disponíveis nas livrarias, para que leitores e autores e todas as outras pessoas que gostam de livros se encontrem, para que aconteçam muitas conversas à volta de livros. "Se as pessoas só lá fossem por causa do preço, podíamos fazer aquilo numa garagem", brinca.
"Estamos num sítio extraordinário, num parque, e gostamos de aproveitá-lo. Este ano teremos mais área de sombra, melhores acessos, mais opções na alimentação, mais espaço de lazer, mais áreas para debates e conversas com leitores", explica o responsável, sublinhando a enorme adesão de escritores nacionais e internacionais, "que pedem para estar na feira".
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"Quando os autores dão uma sessão de autógrafos geralmente esses são dos livros que mais se vendem na feira, porque os leitores querem conhecer os autores e pedir o autógrafo", explica. "Os livros podem mudar a vidas pessoas e os encontros com os autores também. Quando vemos que, naquele ambiente, muita gente que normalmente não lê ou lê com alguma irregularidade vai comprar um livro, sentimos que a nossa missão está a ser cumprida."
A feira volta a ser em maioA feira regressa às suas datas originais - no final de maio - por decisão dos editores e livreiros. "Fizemos a feira em setembro, excecionalmente durante dois anos por causa da pandemia, e até podemos dizer que correu muito bem, mas tradicionalmente a feira é em maio", lembra Pedro Sobral. Setembro tem a complicação do regresso às aulas, com trabalho acrescido para o setor devido aos manuais escolares e com algum constrangimento financeiro para as famílias. "Há sempre muitas despesas no início do ano letivo", sublinha o responsável. "E é também aquele momento de depressão após as férias, enquanto em maio ainda estamos de frente para as férias, a escolher o que queremos ler durante o verão."
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Além disso, "logisticamente e operacionalmente também é melhor que a feira aconteça nesta altura do ano", explica. Porque a seguir ao regresso às aulas, os editores e livreiros começam a preparar a operação Natal. "É importante que a feira não seja uma complicação, mas uma festa."
Pedro Sobral rejeita ainda que a edição deste ano seja de alguma forma prejudicada pela preparação da Jornada Mundial da Juventude: "Foi tudo falado com bastante antecedência com a Câmara Municipal de Lisboa. Desde muito cedo começámos a trabalhar para que a feira acontecesse sem condicionamentos. No ano passado, fizemos uma remodelação; este ano teremos alguns melhoramentos e, no próximo ano, iremos fazer uma expansão da feira. Mas a feira é igual aos anos anteriores - não deixámos ninguém de fora. Está tudo planeado", garante.
O que não estava planeado era que o primeiro fim de semana da feira coincidisse com a decisão do campeão de futebol. Perante a possibilidade de haver festejos benfiquistas no Marquês de Pombal, a PSP informou a APEL da necessidade de, no sábado, encerrar mais cedo a Feira do Livro. Assim, todas as atividades terminam às 17.00 para assegurar que até às 18:00 o recinto fica totalmente liberto de pessoas (funcionários e visitantes), e, "dessa forma, garantir a segurança, a ordem pública e a integridade dos equipamentos públicos e privados em todo o perímetro de segurança afeto às eventuais comemorações que venham a acontecer, incluindo o Parque Eduardo VII", explicou a APEL em comunicado.
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Livreiros que já passaram pela experiência de ter as portas abertas em dia de festejos de futebol recordam a péssima experiência, com o recinto invadido por adeptos a tentar comprar comida e bebida e a provocar confusão. Apesar disso, a APEL lamenta que o encerramento antecipado tenha levado "ao cancelamento ou nova calendarização de 155 eventos que se iriam realizar a partir das 17:00 horas, dos 265 que já estavam programados para o dia 27 de maio". Além "deste significativo impacto na programação cultural, os editores e livreiros participantes na 93.ª Feira do Livro de Lisboa esperam uma quebra importante de faturação, naquele que seria o primeiro sábado da Feira", sublinha a APEL.
A chuva é um clássico na Feira do Livro e este ano não deverá ser exceção. Segundo o IPMA - Instituto Português do Mar e da Atmosfera, poderá cair alguma na região de Lisboa durante o fim de semana e eventualmente ao longo da próxima semana.
Horários2.ª a 5.ª feira: das 12:30 às 22:00
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6.ª feira e vésperas de feriado: das 12:30 às 23:00
sábados: das 11:00 às 23:00 (exceto dia 27, que encerra às 17:00)
domingos e feriados: das 11:00 às 22:00
Como chegarA Gira é o transporte oficial da Feira do Livro Estações: 307, 308, 365, 366
Metro Estações Marquês de Pombal (Linhas Azul e Amarela) e Parque (Linha Azul)
Carris: 702, 712, 727, 744, 746, 748, 783
Carro: pode utilizar os parques de estacionamento Empark (Marquês de Pombal) e Alto do Parque.
Como sempre, a agenda da Feira do Livro é recheada de apresentações, conversas, sessões de autógrafo e outros eventos. A programação completa está no site oficial da feira. Fazemos aqui uma seleção muito breve:
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26 de maio
27 de maio
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28 de maio
30 de maio
31 de maio
1 de junho
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2 de junho
3 de junho
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5 de junho
6 de junho
8 de junho
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10 de junho
11 de junho
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