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A IL arranjou "um excelente subtítulo para o programa de Governo", António Costa e Catarina Martins leram coisas diferentes sobre a inflação

Da esquerda à direita existe uma preocupação comum: a subida da inflação. O tempo que a subida vai durar é que já não é consensual

A tensão no debate desta quinta-feira era tão ou mais expectável que o programa que o Governo apresentou. O Bloco de Esquerda (BE) bateu na EDP, o PCP apelou à subida das pensões e dos salários e a Iniciativa Liberal utilizou um tom irónico. António Costa disse sempre o mesmo: "O que se diz na campanha eleitoral tem de ser aquilo a que estamos disponíveis a cumprir". 

Catarina Martins começou por dizer que "para proteger o Estado social tem de se proteger mesmo o Estado social" e que este programa de Governo falha nos problemas da saúde e da Educação. A bloquista também lançou criticas ao novo pacote de medidas anunciado por Costa, destacando que "os produtos básicos subiram três vezes mais do que o salário" e que estas medidas não são suficientes para colmatar esses custos. 

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"Este Governo acaba de abandonar todas as pessoas que vivem do seu salário em Portugal porque recusa um facto fundamental: este ciclo de inflação não é uma conjuntura de poucos meses que vai passar já". Afirmação que António Costa ripostou assim que lhe foi dado o direito de resposta. "Todas as instituições internacionais e nacionais preveem que este fenómeno seja transitório".

Catarina Martins, do Bloco de Esquerda (Lusa)

Mas quando lhe foi dada voz, Joana Mortágua insistiu nesta questão e considerou um "risco" o facto de o primeiro-ministro "achar que a inflação é transitória". "O Governo parece estar a apostar todas as suas fichas numa inflação transitória. Mas a inflação já existia antes da guerra. Mas mesmo transitória, esta inflação está a deixar marcas no salário de todos os trabalhadores". E continua: "Os salários vão perder. Vão ter aquilo que será equivalente a um corte na proporção da inflação. O que o Governo está a dizer é que como a inflação é transitória, o Governo aceita um corte nos salários e o empobrecimento geral de quem trabalha e do país. E mesmo que ela seja transitória ela terá efeitos colaterais. A inflação vai engolir os salários".

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Catarina Martins atacou ainda algumas das maiores empresas do país, entre as quais a EDP: "Enquanto as pessoas se esforçam para pagar a conta da luz, a EDP distribui 700 milhões aos accionistas, a GALP 500 milhões, o Pingo Doce e o Continente 1000 milhões. Enquanto há quem ganhe milhões, há quem tenha de contar todos os meses tostões". 

Já o PCP pediu uma "política de combate das desigualdades" e da corrupção mas que garanta também o futuro das próximas gerações. Numa breve referência ao que se passa na Ucrânia, Jerónimo de Sousa acusou os grupos económicos de fazerem "da guerra uma forma de acumular lucros" e apelou a um "aumento extraordinário" das pensões e dos salários devido à subida da inflação. 

O subtítulo da IL para o programa de Governo 

Passando da esquerda para a direita, ainda que não se considerem como tal, o líder da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, fez uma sugestão a Costa: "Arranjei um excelente subtítulo para o seu programa de Governo: 'Agora é que vai ser'". Isto porque, segundo o deputado, o primeiro-ministro anda a prometer reformas há sete anos. "Pasme-se, na primeira página do programa de Governo diz: 'Portugal precisa de um novo modelo económico'. Ao sétimo ano da sua governação", ironizou. 

O deputado do IL apelou, por isso, a uma reforma na saúde - porque as listas de espera continuam a aumentar e as urgência estão sempre entupidas -, na educação - pelo atraso nas aprendizagens -, na habitação e na justiça. No entanto, as expectativas são baixas: "Um governo do PS que tem medo da mudança vem falar de inovação?". 

Cotrim Figueiredo criticou ainda o Executivo por não mexer no IRC e deixar que as empresas mantenham "um sistema fiscal completamente opressivo".

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