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Afinal, o que é a quimioterapia preventiva que Kate Middleton está a fazer?

O tratamento que a princesa de Gales está a fazer é comum e usado em vários tipos de cancro, incluindo cólon e recto e alguns cancros ginecológicos

No vídeo emotivo em que anunciou que está a lutar contra um cancro, Kate Middleton revelou que já se encontra a fazer quimioterapia como parte do tratamento para a doença. Mas, afinal, em que consiste esta terapêutica?

Antes de mais, em Portugal, o termo mais correto é quimioterapia adjuvante, tal como explica o site do Serviço Nacional de Saúde. Este tipo de tratamento é, na verdade, um dois em um: como explica a médica oncologista Ana João Pissarra, do Hospital Lusíadas Lisboa. Além de ter um “intuito curativo”, a quimioterapia preventiva tem “o objetivo de erradicar possíveis células da doença que tenham ficado, denominadas de micrometástases, diminuindo assim a probabilidade de recidiva da doença”. 

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Com a cirurgia é retirada toda a doença visível ao cirurgião, no entanto, podem ficar células que são impossíveis de identificar e que mais tarde podem vir a desenvolver novos focos de doença”, esclarece a médica. 

No fundo, a quimioterapia preventiva é, sobretudo, usada no pós-cirurgia, tal como acontece com a Princesa de Gales. Depois de o tumor ser retirado, é administrada esta terapêutica, que pode também ser usada depois de tratamentos eficazes com radioterapia. O objetivo é mesmo chegar às células tumorais mais pequenas.

Quem beneficia deste tratamento?

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Os critérios para a quimioterapia adjuvante “variam de acordo com os vários tipos de tumor”, diz Ana João Pissarra. A médica adianta que, “genericamente”, deve propor-se esta estratégia de tratamento “sempre que o tumor apresenta características de maior agressividade” ou fatores de risco, “sejam eles o tamanho, a presença de gânglios locais invadidos por células tumorais ou outras características intrínsecas às células tumorais”.

“Esta avaliação é feita depois da cirurgia”, continua, e tem por base o que se retirou do tumor durante esse mesmo procedimento. Depois, adianta a especialista em Oncologia, “é realizada uma classificação, que varia de acordo com o tipo de tumor, e que lhe confere maior ou menor risco, ou seja, um estadio mais ou menos avançado, que determina a necessidade e benefício de realizar quimioterapia adjuvante ou não”. E, para a médica, “mais do que o tipo de cancro, o que determina a recomendação ou não de quimioterapia adjuvante (preventiva) é o estadio e as características do tumor”. 

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A oncologista Ana João Pissarra revela ainda que “já existem vários estudos em curso para mudar esta abordagem e utilizar outro tipo de critérios para determinar quem necessita de quimioterapia adjuvante” sem que seja necessário recorrer a cirurgia. As “análises ao sangue, que pesquisam a presença de ADN tumoral circulante ou células tumorais circulantes” são uma das alternativas em cima da mesa, uma vez que, esclarece a especialista, “permite identificar quais os doentes que, apesar de terem sido submetidos a uma estratégia curativa (por exemplo: cirurgia), têm em circulação ADN tumoral ou células tumorais circulantes e que têm grande risco de vir a sofrer uma recidiva da doença”.

“Nestes doentes há um claro benefício do tratamento adjuvante/preventivo. Estas técnicas ainda não são standard of care na prática clínica, estando em alguns tumores ainda em fase experimental”, adianta. 

A Fundação Champalimaud tem uma página no seu site na qual explica o que são as terapias adjuvantes do cancro e quais os tipos de cancro que mais podem beneficiar desta abordagem, como é “caso do cancro do cólon e recto, cancro do pulmão, cancro do pâncreas, cancro da mama, cancro da próstata e alguns cancros ginecológicos”, devendo, claro, cada caso ser avaliado individualmente. A instituição revela também que, no entanto, “certos cancros não respondem às terapias adjuvantes, tais como o carcinoma de células renais e certas formas de cancro do cérebro”. 

Esta quimioterapia pós-cirurgia - tal como a que é feita antes das cirurgias (neoadjuvante) e a paliativa, todas elas administradas ou por via oral ou por via endovenosa - tem efeitos colaterais, podendo causar cansaço, náuseas, vómitos e diarreia.

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