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Oposição da Bielorrússia 'hackeia' televisão estatal para transmitir discurso da líder exilada

Ciberataque foi executado por um grupo de ex-agentes das forças de segurança exilados, no dia em que os bielorrussos são chamados às urnas para eleições municipais. É o primeiro sufrágio no país desde que mais de 35 mil opositores foram detidos no rescaldo das presidenciais de 2020

Em dia de eleições municipais na Bielorrússia, a oposição conseguiu ‘hackear’ 2 mil ecrãs públicos em todo o país para transmitir um discurso da líder da oposição exilada na Lituânia.

Durante cerca de duas horas, o discurso de Sviatlana Tsikhanouskaya, no qual pede um boicote às eleições deste domingo e o apoio total à Ucrânia contra a Rússia de Putin, foi transmitido na televisão estatal.

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O ciberataque foi levado a cabo por um grupo de ex-agentes das forças de segurança exilados, indica a britânica Sky News.

As eleições na Bielorrússia marcam a primeira ida às urnas no país desde as contestadas presidenciais de 2020, que levaram à detenção de mais de 35 mil críticos ao regime de Aleksander Lukashenko após acusações de fraude eleitoral.

Como indicam analistas e políticos que acompanham a situação na Bielorrússia, como a eurodeputada portuguesa Isabel Santos, o sufrágio deste domingo não tem quaisquer garantias de transparência e independência.

Também em entrevista à CNN, a campanha "Defensores dos Direitos Humanos por Eleições Livres" do grupo de direitos humanos Viasna indica que "a conclusão geral desta ida às urnas é que não cumpriu os padrões de eleições livres e democráticas, e foi acompanhada de numerosas violações da legislação eleitoral da República da Bielorrússia".

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"Todos os níveis do processo eleitoral não foram controlados pelas autoridades apenas administrativamente, mas organizados para a retenção do poder, para fingir apoio popular e consenso social", adianta a campanha de ativistas bielorrussos, que cita como "aspetos mais problemáticos" a formação de comissões eleitorais não-transparentes e a "continuação da prática de forçar os eleitores a votar antecipadamente", que este ano "atingiu o valor mais elevado de sempre, de 41,7%".

"As eleições foram conduzidas numa atmosfera de intimidação com a proibição de fotografias (um instrumento poderoso que ajudou a provar a fraude eleitoral em 2020), retórica sobre 'planos extremistas' e agentes da polícia em todas as estações de voto", adianta a campanha da Viasna, criada para compensar a ausência de observadores eleitorais no terreno por "razões de segurança".

A votação para eleger 110 deputados para a câmara baixa do parlamento e cerca de 12 mil representantes em conselhos municipais, indicam os analistas, tem como único propósito cimentar o autoritarismo de Lukashenko, que está no poder desde 1994 e que tem em Vladimir Putin, o presidente da Rússia, o seu único aliado.

Esta manhã, no arranque da votação, Lukashenko fez saber que, após 30 anos na presidência, vai recandidatar-se ao cargo de chefe de Estado da Bielorrússia nas eleições presidenciais do próximo ano.

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