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Há pessoas geneticamente predispostas a ganhar peso. Estas cinco dicas podem ajudar

Estas dicas podem ajudá-lo a (re)pensar a sua relação com a comida de uma forma mais efetiva, menos tóxica

Quando a American Medical Association [Associação Médica Americana] votou para reconhecer a obesidade como uma doença, em 2013, a maior associação profissional dos Estados Unidos da América abriu o caminho para que esta condição fosse finalmente levada a sério.

Na altura, e mesmo agora, houve muita controvérsia em torno da decisão. Contudo, lentamente, a ideia de que a obesidade é culpa daqueles que a têm (porque são preguiçosos e não têm força de vontade) começou a transformar-se na consciência de uma condição crónica, que coloca a saúde em risco e pode necessitar de tratamento médico a longo prazo. Ainda assim, muitas pessoas, incluindo aquelas que integram movimentos pela aceitação da gordura, não acreditam que os seus corpos devam ser vistos como uma patologia.

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Estas são as estatísticas atuais: cerca de 42% dos adultos americanos são obesos, segundo os últimos números do US Centers for Disease Control and Prevention [Centros de Controle e Prevenção de Doenças]; outros 31% têm excesso de peso. E as condições de saúde relacionadas com a obesidade – como pressão arterial alta, diabetes tipo 2, colesterol elevado, doenças cardíacos e enfartes, para nomear algumas – estão bem documentadas.

Mas o que é que, concretamente, torna a obesidade uma doença? E todas as pessoas que têm excesso de peso não são saudáveis?

“Uma das coisas mais importantes que aprendemos é que a obesidade é uma doença cerebral, na falta de um termo melhor”, explicou à CNN Giles Yeo, um reconhecido geneticista da University of Cambridge, pioneiro na investigação sobre obesidade.

“Agora é claro – claro como água, sem margem para dúvidas – que a obesidade é um problema a nível cerebral. É um problema pela forma como o nosso cérebro influencia a fome”, juntou. “A fome é um cenário cerebral, mesmo que o sentimento de fome venha do nosso estômago. E agora sabemos que a obesidade é apenas resultado de o nosso cérebro influenciar o que comemos e como comemos”.

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Embora o facto de carregarmos quilos a mais possa ter muitos inconvenientes, como artrite e apneia do sono, Yeo explica que, por si só, isso não vai matá-lo. É perigoso transportar muitos quilos extra porque, uma vez que as células da gordura se enchem – Yeo chama-as de “órgãos profissionais de armazenamento de gordura” -, a gordura espalha-se para outras partes do corpo, como órgãos internos e músculos, que não foram projetados para armazenar gordura. É aí que começam os problemas metabólicos, podendo levar a outras situações mais graves, como as doenças cardiovasculares.

No entanto, nem todas as pessoas a viverem com peso a mais estão necessariamente doentes, explicou Yeo.

“Se redefinirmos o termo obesidade – talvez esteja a fazer alguma ginástica gramatical aqui, mas penso que é uma nuance importante -, no momento em que começarmos a perceber que a obesidade não é apenas um peso corporal elevado, mas antes um estado onde esse peso começa a influenciar a nossa saúde, então trata-se de uma doença”, afirmou.

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A genética desempenha um papel importante na quantidade de gordura que as suas células adiposas conseguem armazenar, podendo também afetar a frequência e a intensidade com que o nosso cérebro envia sinais de fome.

O que pode fazer se a natureza não estiver a seu favor? Yeo tem cinco dicas, a que chama de “verdades”, para ajudá-lo a comer de forma saudável para perder peso. Constam do seu primeiro livro, “Gene Eating: The Science of Obesity and the Truth about Dieting” [Comer com os Genes: A Ciência da Obesidade e a Verdade sobre Fazer Dieta, em tradução livre].

Verdade 1: ‘Não é suposto ser fácil’ perder peso

Perder peso é algo que esbarra com os nossos mecanismos de autopreservação.

“Quem lhe disser que perder peso é fácil está a mentir-lhe. Confie em mim: está a mentir-lhe”, afirmou Yeo. “Não é fácil porque o seu cérebro faz com que não seja fácil. Por isso, quando perde peso, o seu cérebro odeia. E vai tentar que volte a ganhar peso”.

Yeo explicou que se aí em casa está a ter dificuldades em perder peso, “tem de compreender que não é por ser mau, é porque não é suposto ser fácil”.

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Verdade 2: Procure moderar-se na alimentação

Corte na quantidade de comida que coloca no prato – só um pouco.

“Coma menos um bocadinho de tudo”, aconselhou Yeo, acrescentando que este não é o tipo de conselho que vai torná-lo rico. “Também é moderação, também é verdade”.

O especialista deixa um aviso sobre outra prática comum: eliminar completamente grupos alimentares com má fama, como os hidratos de carbono ou as gorduras. “Se pode beber lacticínios diariamente, então estes produtos não são veneno para si”, disse. “Coma menos um bocadinho de tudo, se quiser… perder peso”.

Verdade 3: Alimentos de digestão lenta são seus amigos

Escolha alimentos que o deixem saciado.

“A comida que leva mais tempo a digerir faz-nos sentir mais cheios”, disse Yeo. “É verdade – e você sabe disso!”.

Um dos exemplos é a proteína. “Não coma muita quantidade, mas uma dieta rica em proteína fá-lo sentir-se mais saciado”, afirmou. “Comer alimentos ricos em fibra também costumam fazê-lo sentir-se mais saciado”.

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Verdade 4: Qualidade acima das calorias

Encare o alimento tendo em conta o seu valor, não apenas pelo aspeto.

“Não conte calorias de uma forma cega”, aconselhou Yeo. “Porquê? Porque as calorias dão-nos informação sobre a quantidade, não sobre a qualidade nutricional dos alimentos. A contagem de calorias não nos diz quanta proteína, quanta fibra, quanto sal, quantos micronutrientes estão no prato”.

Verdade 5: A comida não é um inimigo

Segundo Yeo, sempre que as pessoas falam sobre dietas, acabam a falar, sem necessidade, sobre a eliminação dos alimentos que são considerados maus, em vez de compreenderem como interagem na refeição.

“Não tenha medo da comida”, disse. “Penso que temos de corrigir o nosso ambiente alimentar. Penso que as pessoas precisam de comer menos. Mas se tiverem medo da comida, começam a pensam: ‘Oh, preciso de cortar isto, preciso de cortar aquilo’”.

“Penso que precisamos de comer um bocadinho menos. Mas também penso que precisamos de amar a nossa comida”.

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