O Dia da Vitória, que hoje se assinala na Rússia, comemora a vitória europeia dos Aliados sobre o regime da Alemanha nazi, no final da Segunda Guerra Mundial. A assinatura da rendição aconteceu em Berlim, ao final do dia 8 de maio de 1945 - mas que era já 9 de maio em Moscovo. Por isso, embora vários países celebrem o Dia da Vitória a 8, nos países sob influência da antiga União Soviética o Dia da Vitória começou a ser comemorado a 9 de maio, sendo também considerado feriado.
Este é um dia em que são homenageados todos aqueles que combateram e lembrados todos os que morreram durante a Segunda Guerra Mundial.
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A Alemanha tinha sido cercada pelos soviéticos a partir do leste e pelos americanos e britânicos pelo oeste. Em abril de 1945, o Exército Vermelho começou a ofensiva final contra Berlim. O cerco à cidade intensificou-se a partir de 21 de abril, com bombardeamentos e o avanço das tropas. No final do mês, os combates aconteciam nas ruas da capital. No dia 2 de maio, os soviéticos tomaram o Reichtag, edifício simbólico por acolher o parlamento. Nesse mesmo dia chegou o primeiro pedido de cessar-fogo por parte do exército alemão.
A rendição alemã foi assinada duas vezes. Um documento inicial foi assinado em Reims em 7 de maio de 1945 por Alfred Jodl (chefe de gabinete do OKW - Oberkommando der Wehrmacht) pela Alemanha, Walter Bedell Smith, em nome do Comandante Supremo das Forças Aliadas, e Ivan Susloparov, em nome do Alto Comando Soviético, na presença do major-general francês François Sevez como testemunha oficial.
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Como o Alto Comando Soviético não havia concordado com o texto da rendição e como Susloparov, um oficial de patente relativamente baixa, não estava autorizado a assinar o documento, a URSS solicitou que um segundo pacto de rendição fosse assinado em Berlim. Joseph Stalin declarou que a União Soviética considerava a rendição de Reims um documento preliminar. Dwight D. Eisenhower concordou.
Uma segunda cerimónia de rendição aconteceu, então, em Berlim no final de 8 de maio, quando era já 9 de maio em Moscovo. O marechal de campo Wilhelm Keitel, chefe do OKW, assinou a rendição alemã, que também foi assinada pelo marechal Georgy Zhukov, em nome do Alto Comando Supremo do Exército Vermelho, e pelo marechal do ar Arthur Tedder, em nome das Forças Aliadas, na presença do General Carl Spaatz e do General Jean de Lattre de Tassigny, como testemunhas.
O texto definia que as tropas alemãs cessassem as operações ativas às 23:01 de 8 de maio de 1945. No entanto, devido à diferença nos fusos horários da Europa Central e de Moscovo, o fim da guerra passou a ser comemorado em 9 de maio na Rússia e na maioria dos países pró-soviéticos.
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Durante o período da União Soviética, o 9 de maio era comemorado em toda a URSS e nos países do Bloco Oriental. Embora o feriado tenha sido introduzido em muitas repúblicas soviéticas entre 1946 e 1950, só se tornou um dia de folga na república da Ucrânia em 1963 e na Rússia em 1965.
Durante a Guerra Fria, a guerra era um tema de grande importância na educação, no cinema, na literatura, e o ritual da celebração do Dia da Vitória tornou-se mais um momento de exaltação do poder soviético, incluindo toda a iconografia militar soviética.
Na Rússia, após o fim da URSS e durante a década de 1990, o feriado de 9 de maio não foi comemorado com grandes manifestações populares devido à instabilidade política. Apesar disso, em 1995, quando o mundo comemorava o 50º aniversário do fim da guerra, muitos líderes mundiais estiveram em Moscovo para participar nas celebrações.
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Após a ascensão de Vladimir Putin ao poder, o governo russo voltou a promover as comemorações históricas e os feriados e festas nacionais tornaram-se uma fonte de auto-estima nacional. O Dia da Vitória na Rússia passou a integrar cada vez mais elementos populares. Os 60.º e 70.º aniversários do Dia da Vitória na Rússia (2005 e 2015) foram os maiores festejos populares desde o colapso da União Soviética.
Em 2015, cerca de 30 chefes de Estado, incluindo da China e da Índia, participaram na celebração, mas muitos dos líderes ocidentais boicotaram as cerimónias por causa da intervenção militar russa na Ucrânia.
Em 2020 o desfile que deveria assinalar em Moscovo o 75.º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazi foi cancelado devido à pandemia de covid-19.
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