Data homenageia vítimas da II Guerra Mundial. No discurso, o presidente ucraniano afirma que o fascismo regressou e garante que o país irá “superar o inverno que começou a 24 de fevereiro”
No dia 8 de maio celebra-se na Ucrânia o Dia da Memória e Reconciliação, assinalado para prestar homenagem a todas as vítimas da II Guerra Mundial. A propósito da comemoração, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky divulgou um vídeo, a preto e branco, onde aparece no meio das ruínas de Borodyanka, cidade nos subúrbios de Kiev que foi ocupada pelos russos durante a atual guerra.
Here is the second half of the video. Zelensky says that “never again” — the promise after the Second World War to not allow fascism to return — is now just “again,” and evil has returned. He says some people have forgotten the promise. Ukraine is the frontline in the fight now. pic.twitter.com/SzSzIWzbDN
— Christopher Miller (@ChristopherJM) May 8, 2022
Vestindo uma camisola onde se pode ler as palavras “sou ucraniano” em inglês, ao contrário do habitual casaco e camisola verde-tropa, Zelensky começou por homenagear quem defendeu o mundo do Nazismo.
“Pode a primavera ser a preto e branco? Poderá fevereiro ser eterno? Serão as palavras douradas desvalorizadas? Infelizmente, a Ucrânia conhece as respostas a todas estas perguntas. Infelizmente, as respostas são 'sim'. Todos os anos, a 8 de maio, juntamente com todo o mundo civilizado, honramos todos os que defenderam o mundo do Nazismo durante a II Guerra Mundial. Milhões de vidas perdidas, destinos mutilados, almas torturadas e milhões de razões para dizer ao mal: nunca mais!”, começou por dizer o chefe de Estado ucraniano.
Fazendo um paralelismo com a atualidade, Zelensky afirmou que o fascismo voltou 77 anos depois, no dia 24 de fevereiro deste ano.
“Este ano, dizemos ‘nunca mais’ de forma diferente. Ouvimos "nunca mais" de forma diferente. Parece doloroso, cruel. Sem uma exclamação, mas com um ponto de interrogação. Vocês dizem: ‘nunca mais’? Digam isso à Ucrânia. A 24 de fevereiro, as palavras "nunca mais" foi apagadas, bombardeadas. Por centenas de mísseis às 4 da manhã, que despertaram toda a Ucrânia. Ouvimos terríveis explosões. Ouvimos: outra vez!”
Sublinhando que algumas das vítimas da atual guerra combateram ou sobreviveram aos horrores do Nazismo, o presidente ucraniano dá o exemplo de Mariupol, onde alega que a Rússia já fez mais de 20 mil mortos em dois meses de ocupação. “Os Nazis, em dois anos, fizeram 10 mil mortos”, comparou o líder da Ucrânia.
“Décadas após a II Guerra Mundial, a escuridão regressou à Ucrânia. E voltou a ficar a preto e branco. Outra vez! O mal regressou. Outra vez! Com um uniforme diferente, com slogans diferentes, mas com o mesmo objetivo. Uma reconstrução sangrenta do Nazismo foi organizada na Ucrânia. Uma repetição fanática deste regime. As suas ideias, ações, palavras e símbolos. Uma reprodução maníaca e detalhada das suas atrocidades”.
Mencionando todos os países europeus afetados pela guerra, que “não se esqueceram” dos horrores da II Guerra Mundial, Volodymyr Zelensky afirma que a Ucrânia irá “superar o inverno que começou a 24 de fevereiro”.
“Vamos superar o inverno que começou a 24 de fevereiro, continua a 8 de maio, mas terminará definitivamente, e que será derretido pelo sol ucraniano! E iremos ao encontro do nosso amanhecer juntamente com todo o país. E as famílias e os entes queridos, amigos e familiares estarão novamente juntos! Outra vez! E sobre as cidades e aldeias temporariamente ocupadas, a nossa bandeira hasteará novamente. Outra vez! E estaremos juntos. E haverá paz! Outra vez! E não haverá mais sonhos a preto e branco, apenas um sonho azul e amarelo. Outra vez! Os nossos antepassados lutaram por isto”, concluiu Zelensky.
Ao contrário do mundo ocidental, que celebra a rendição alemã no dia 8 de maio, a Rússia e a maioria dos restantes países da União Soviética assinala esse evento no dia seguinte. O país liderado por Vladimir Putin está a preparar uma grande parada militar em Moscovo, e o presidente russo deve assinalar a data com um discurso patriótico, em que deverá estabelecer paralelismos entre a II Guerra Mundial e a situação atual vivida na Ucrânia.
