Um "cristianismo impostor" está a ameaçar a democracia americana
Apoiantes de Donald Trump à porta do Capitólio em Washington. 6 de janeiro de 2021. Foto: Win McNamee/Getty Images

Um "cristianismo impostor" está a ameaçar a democracia americana

Análise de
John Blake

Três homens, de olhos fechados e cabeças inclinadas, rezam diante de uma cruz de madeira toscamente talhada. Outro homem envolve os braços em torno de uma enorme Bíblia, encostada ao peito como um escudo. Por toda a multidão, as pessoas agitam cartazes a dizer "Jesus Salva" e erguem os punhos para o céu.

À primeira vista, estas fotografias parecem cenas de um encontro da igreja ao ar livre. Mas este evento não foi um renascimento, foi aquilo a que alguns chamam revolta cristã. Estas são fotografias de pessoas que invadiram o Capitólio dos Estados Unidos, a 6 de janeiro de 2021, numa tentativa de anular os resultados das eleições presidenciais de 2020.

Esta foi a primeira vez em que muitos americanos perceberam que os Estados Unidos enfrentavam um crescente movimento nacionalista cristão branco. Este movimento usa a linguagem cristã para camuflar o sexismo e a hostilidade contra os negros e imigrantes não-brancos, para tentarem criar uma América cristã branca.

Um relatório de uma equipa de clérigos, académicos e defensores - patrocinado por dois grupos que defendem a separação da Igreja e do Estado - concluiu que esta ideologia foi usada para "reforçar, justificar e intensificar" o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos.

Manifestantes rezam à porta do Capitólio, em Washington, a 6 de janeiro de 2021. Foto: Win McNamee/Getty Images

Até agora, grande parte do foco da comissão de inquérito ao dia 6 de janeiro têm sido os grupos extremistas de direita. Mas há muitos outros americanos que adotaram os ensinamentos dos nacionalistas cristãos brancos que invadiram o Capitólio - muitas vezes sem o saber, segundo dizem os estudiosos, historiadores, sociólogos e clérigos.

As crenças nacionalistas cristãs brancas infiltraram-se no mainstream religioso tão profundamente que praticamente qualquer pastor cristão conservador que tente desafiar a sua ideologia põe em risco a sua carreira”, diz Kristin Kobes Du Mez, autora do bestseller do New York Times, "Jesus and John Wayne: How White Evangelicals Corrupted a Faith and Fractured a Nation" (numa tradução livre, "Jesus e John Wayne: Como os Evangélicos Brancos Corromperam uma Fé e Fraturaram uma Nação").

"Estas ideias são tão difundidas que qualquer pastor ou líder cristão que tente mudar o rumo e dizer: 'Vamos olhar novamente para Jesus e para as Escrituras', será relegado", diz ela.

As ideias também são traiçoeiras porque muitas parecem ser expressões de piedade cristã ou referências inofensivas à história dos Estados Unidos. Mas os nacionalistas cristãos brancos interpretam estas ideias de formas potencialmente violentas e heréticas. O seu movimento não é apenas antidemocrático, como também contradiz a vida e os ensinamentos de Jesus, dizem alguns clérigos, estudiosos e historiadores.

Samuel Perry, professor de estudos religiosos na Universidade de Oklahoma, uma autoridade na ideologia, chama-lhe "cristianismo impostor".

Aqui estão três crenças-chave frequentemente ligadas ao nacionalismo cristão branco.

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A crença de que os Estados Unidos foram fundados como uma nação cristã

Uma das imagens vistas na invasão de 6 de janeiro foi uma réplica da bandeira americana com a legenda: "Jesus é o Meu Salvador, Trump é o Meu Presidente".

Apagar a linha que separa a devoção da política é uma característica fundamental do nacionalismo cristão branco. Muitos querem reduzir ou apagar a separação da Igreja e do Estado, dizem aqueles que estudam o movimento.

Uma das crenças mais populares entre os nacionalistas cristãos brancos é que os Estados Unidos foram fundados como uma nação cristã, que os pais fundadores eram todos cristãos ortodoxos, evangélicos e que Deus escolheu os Estados Unidos para terem um papel especial na História.

Este quadro regista o momento em que a Constituição dos Estados Unidos é assinada pelos legisladores, em 1787. Foto: MPI/Getty Images

Estas crenças estão a crescer entre os cristãos, de acordo com um inquérito realizado no ano passado pela Barna Group, uma empresa que realiza inquéritos sobre fé e cultura para comunidades de fé e organizações sem fins lucrativos. O grupo descobriu que um "número crescente de cristãos americanos acredita fortemente" que os Estados Unidos são uma nação cristã, que não oprimiu minorias, e foi escolhida por Deus para liderar o mundo.

Mas a noção de que os EUA foram fundados como uma nação cristã é má história e má teologia, diz Philip Gorski, sociólogo da Universidade de Yale e coautor de "A Bandeira e a Cruz: Nacionalismo Cristão Branco e a Ameaça à Democracia Americana".

"É uma meia-verdade, uma versão mitológica da história americana", diz Gorski.

Alguns dos fundadores viram a fundação da nação através de uma lente bíblica, diz Gorski (cada Constituição estadual contém uma referência a Deus ou ao divino).

Mas muitos não o fizeram. E praticamente nenhum deles poderia ser classificado como cristão evangélico. Havia ateus, unitaristas, deístas, protestantes liberais, entre outras denominações.

Um apoiante de Trump segura uma Bíblia, enquanto se reúne com outros fora do Capitólio dos EUA, a 6 de janeiro de 2021. Foto: John Minchillo/AP

A Constituição também não diz nada sobre Deus, a Bíblia ou os Dez Mandamentos, diz Gorski. E dizer que os Estados Unidos foram fundados como uma nação cristã ignora o facto de que grande parte da sua riqueza inicial se deveu ao trabalho escravo e às terras roubadas aos nativos americanos, diz ele.

Para provar que os Estados Unidos foram fundados como uma nação secular, basta ler o Tratado de Tripoli de 1797, um acordo que os EUA negociaram com um país onde atualmente se situa a Líbia, para pôr fim à prática de piratas que atacam navios americanos. Foi ratificado por unanimidade por um Senado ainda contendo cerca de metade dos signatários da Constituição e declarou: "O Governo dos Estados Unidos da América não foi, em nenhum sentido, fundado na religião cristã."

Isto significa que qualquer cristão branco que saúda a bandeira e diz que ama o seu país é um nacionalista cristão? Não, de forma alguma, dizem os historiadores. Um cristão branco que diz amar a América e os seus valores e instituições não é a mesma coisa que um nacionalista cristão branco, dizem os estudiosos.

Gorski também sublinha que muitos americanos negros devotos exibiram uma forma de patriotismo que não degenera no nacionalismo cristão.

Gorski aponta exemplos do abolicionista do século XIX, Frederick Douglass, e do Reverendo Martin Luther King Jr. Ambos eram cristãos devotos que expressavam admiração pela América e pelos seus documentos fundadores. Mas o seu patriotismo também significava que "desafiaram a nação a cumprir os seus mais elevados princípios, a tornar-se um local de liberdade, igualdade, justiça e inclusão", diz ele.

O patriotismo dos nacionalistas cristãos brancos, por outro lado, é uma forma de tribalismo racial, diz Gorski.

"É uma forma de nacionalismo do tipo: 'Esta é a minha tribo'. Nós [brancos] estivemos aqui primeiro. Este é o nosso país, e não gostamos de pessoas que estão a tentar mudá-lo ou de pessoas que são diferentes", diz Gorski.

04
Uma crença num "Cristo Guerreiro"

Vídeos da invasão de 6 de janeiro mostram um cenário caótico, cheio de gás lacrimogéneo no Capitólio, que mais parecia uma batalha medieval. Os invasores bateram nos polícias, usaram hastes de bandeiras como lanças e esmagaram a cara dos agentes da autoridade contra as portas, enquanto uma multidão entoava: "Lutem por Trump!" O ataque resultou na morte de cinco pessoas e em quase 140 agentes da autoridade feridos.

A incongruência das pessoas que carregam cartazes a dizer "Jesus Salva", enquanto se juntam a uma multidão que bate em polícias, leva a uma pergunta óbvia: como podem os nacionalistas cristãos brancos que dizem seguir Jesus, o "Príncipe da Paz" que renunciou à violência nos Evangelhos, apoiar uma insurreição violenta?

Isto porque seguem um Jesus diferente daquele que é retratado nos Evangelhos, diz Du Mez, que também é professora de História e Estudos de Género na Calvin University - uma faculdade cristã - no Michigan. Eles seguem o Jesus retratado no Livro do Apocalipse, o guerreiro com olhos como "chamas de fogo" e "um manto mergulhado em sangue" que liderou os exércitos do céu sobre cavalos brancos, numa batalha final triunfante contra as forças do anticristo.

Os nacionalistas cristãos brancos transformaram Jesus num salvador guerreiro, que está disposto a matar inimigos para que a América volte a ser uma nação cristã à força, se necessário, diz Du Mez, entre outros.

Embora a linguagem bélica como colocar "toda a armadura de Deus" tenha sido há muito comum em sermões e hinos cristãos, tem sido amplamente interpretada como metafórica. Mas muitos nacionalistas cristãos brancos levam esta linguagem à letra.

Isso ficou claro no dia 6 de janeiro. Alguns manifestantes usavam bonés a dizer "Deus, Armas, Trump" e cantavam que o sangue de Jesus lavava o Congresso. Um deles escreveu "Em Deus Confiamos", numa forca erguida no Capitólio.

"Eles querem o Cristo Guerreiro, que empunha uma espada sangrenta e derrota os seus inimigos", diz Du Mez. "Querem lutar com aquele Jesus. O Jesus que traz paz, mas só depois de matar os seus inimigos."

E dizem que Jesus sanciona o uso da violência justa, se um governo se opõe a Deus, diz a autora.

"Eles defendem que se alguém que está no poder trabalha contra os objetivos de uma América Cristã, então não devem submeter-se a essa autoridade e devem deslocar essa autoridade", diz Du Mez. "Como há tanta coisa em jogo, os fins justificam os meios."

Apoiantes do então Presidente Donald Trump reúnem-se no Ellipse, um parque próximo da Casa Branca, para ouvi-lo falar, a 6 de janeiro de 2021. Foto: Roberto Schmidt/AFP via Getty Images

Essa abordagem de “os fins justificam os meios” é uma peça-chave do nacionalismo cristão branco, diz Du Mez. É por isso que tantas pessoas apoiaram o ex-Presidente Trump a 6 de janeiro. A autora diz que ele encarna uma "masculinidade branca militante" que aprova as cruéis demonstrações de poder e apela aos nacionalistas cristãos.

Mas, com poucas exceções, os nacionalistas cristãos brancos não aceitam esta "masculinidade militante" quando exibida por homens negros, do Médio Oriente e latinos, escreve Du Mez em "Jesus and John Wayne". A agressão por parte de pessoas de outra cor "é vista como uma ameaça à estabilidade do lar e da nação", escreve ela.

O senador republicano do Wisconsin, Ron Johnson, fez eco deste duplo padrão moral no ano passado, quando disse num programa de rádio que nunca se sentiu ameaçado pela multidão branca que invadiu o Capitólio a 6 de janeiro.

"Mas se o Presidente Trump tivesse vencido as eleições e houvesse dezenas de milhares de manifestantes do movimento Black Lives Matter e Antifa, talvez eu ficasse um pouco preocupado", disse Johnson.

Johnson esclareceu mais tarde, dizendo que "não havia nada de racial nos meus comentários... nada mesmo".

Esta aceitação de um Cristo Guerreiro moldou as atitudes de alguns evangélicos brancos em questões que vão da violência política às leis sobre segurança com armas.

Um inquérito realizado no ano passado pelo Instituto de Investigação de Religião Pública revelou que, de todos os inquiridos, os evangélicos brancos eram o grupo religioso mais provável de concordar com a afirmação: "Os verdadeiros patriotas americanos podem ter de recorrer à violência para salvar o país."

Há também alguns nacionalistas cristãos brancos que acreditam que a Segunda Emenda foi ditada por Deus.

Defensores do direito ao porte de armas com armas semiautomáticas, posam para uma fotografia no Capitólio, a 31 de janeiro de 2020, em Frankfort, no Kentucky. Foto: Bryan Woolston/Getty Images

Samuel Perry, coautor de "Taking America Back for God: Christian Nationalism in the United States", (Conquistando a América de Novo para Deus: o Nacionalismo Cristão nos Estados Unidos) escreveu num ensaio recente que entre os americanos inquiridos que acreditam que "o governo federal deve declarar os Estados Unidos como uma nação cristã", mais de dois terços rejeitaram a ideia de que o governo federal deveria promulgar leis de armas mais rigorosas."

"Quanto mais se alinha com o nacionalismo cristão, menos probabilidades há de apoiar o controlo de armas", escreveu Perry. "As armas são praticamente um elemento de adoração na igreja do nacionalismo cristão branco."

05
A crença de que existe um "verdadeiro americano"

Nas eleições presidenciais de 2008, a candidata à vice-presidência, Sarah Palin, introduziu um novo termo no discurso político. Falou da "América real" e das "áreas pró-América desta grande nação". Desde então, muitos candidatos políticos conservadores têm usado o termo "verdadeiros americanos" para traçar contrastes entre os seus apoiantes e a oposição.

Tal linguagem tem sido cooptada por uma visão do mundo partilhada com muitos nacionalistas cristãos brancos: a nação está dividida entre "verdadeiros americanos" e outros cidadãos que não merecem os mesmos direitos, dizem os especialistas no nacionalismo cristão branco.

A candidata republicana à vice-presidência, a governadora do Alasca, Sarah Palin, discursa na Convenção Nacional Republicana de 2008 em St. Paul, no Minnesota. Foto: Douglas Graham/Roll Call/Getty Images

Gorski, autor de “The Flag and the Cross” (A Bandeira e a Cruz), diz ter encontrado na sua pesquisa uma forte correlação entre o nacionalismo cristão branco e o apoio ao gerrymandering - um processo eleitoral onde os políticos manipulam os limites distritais para favorecer um partido ou, segundo alguns críticos, uma raça sobre outra. Encontrou apoio semelhante entre os nacionalistas cristãos brancos para o Colégio Eleitoral, que dá poder político desproporcionado a muitas zonas rurais, em grande parte com populações brancas.

Quando os nacionalistas cristãos brancos afirmam que uma eleição foi roubada, estão a refletir a crença de que alguns votos não contam, diz ele.

"É a ideia de que somos o povo, e o nosso voto deve contar, e os outros não pertencem a esse povo e... não merecem ter uma voz", diz Gorski. "Não importa o que as urnas dizem, porque sabemos que todos os verdadeiros americanos votaram em Donald Trump."

06
Porque é que o nacionalismo cristão branco é uma ameaça à democracia

Aqueles que querem que os Estados Unidos se tornem uma nação cristã enfrentam um enorme obstáculo: a maioria dos americanos não subscreve a sua visão da América.

O mainstreaming do nacionalismo cristão branco surge quando um número crescente de americanos rejeita a religião organizada. Pela primeira vez nos Estados Unidos, no ano passado, a adesão a comunidades de culto caiu abaixo dos 50%. A crença em Deus está em mínimos históricos, de acordo com uma sondagem recente da Gallup.

Um paroquiano reza enquanto se celebra a missa da meia-noite na Catedral de St. Patrick, a 24 de dezembro de 2021, em Nova Iorque. Foto: Alexi Rosenfeld/Getty Images

Acrescente-se a isso a crescente diversidade racial e religiosa do país. O número de pessoas que se identificam apenas como brancas diminuiu pela primeira vez desde os primeiros censos em 1790, e a maioria dos americanos com menos de 18 anos são agora pessoas não-brancas.

À superfície, o nacionalismo cristão branco não deveria estar em ascensão na América. Então os nacionalistas cristãos brancos procuram a salvação em duas fontes.

Uma delas é a encorajada maioria conservadora no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, onde as recentes decisões que anulam Roe v. Wade e protegem as orações nas escolas lhes oferecem esperança.

Os críticos, por outro lado, dizem que o Supremo Tribunal está a desgastar a separação entre Igreja e Estado.

Nem todos os cristãos que apoiam a reversão da decisão do caso Roe v. Wade pelo Supremo Tribunal e a decisão sobre as orações nas escolas são nacionalistas brancos. Por exemplo, muitos católicos romanos de todas as raças apoiam a justiça racial, mas também apoiaram a anulação de Roe v. Wade.

Mas os nacionalistas cristãos brancos inspiram-se nessas decisões porque um dos seus objetivos centrais é apagar a separação entre a Igreja e o Estado nos Estados Unidos.

Um estudo recente concluiu que cinco juízes do Supremo Tribunal são os "mais pró-religião desde pelo menos a Segunda Guerra Mundial", e que os seis juízes conservadores são "todos cristãos, na sua maioria católicos", e "religiosamente devotos".

O sol põe-se em frente ao Supremo Tribunal, a 28 de junho de 2022, em Washington. Uma decisão do Suprema Tribunal, no mês passado, anulou a histórica decisão Roe v. Wade e eliminou o direito federal ao aborto. Foto: Nathan Howard/Getty Images

Enquanto alguns americanos temem os perigos do governo de um só partido, outros como Pamela Paul, uma colunista, alertam para o perigo de o Supremo Tribunal instituir o governo de uma só religião.

"Com a sua marca de dogma religioso a perder força, estão a impor isso ao próprio país", escreveu num recente editorial do “New York Times”.

Gorski, o historiador, diz que o nacionalismo cristão branco representa uma grave ameaça à democracia porque define "nós, o povo" de uma forma que exclui muitos americanos.

"Os Estados Unidos não podem ser uma democracia verdadeiramente multiracial - um povo de pessoas e uma nação de nações - e uma nação cristã branca ao mesmo tempo", escreveu Gorski em "The Flag and the Cross" (A Bandeira e a Cruz). "É por isso que o nacionalismo cristão branco se tornou uma séria ameaça à democracia americana, talvez a ameaça mais grave que enfrenta agora."

A outra fonte de esperança para os nacionalistas cristãos brancos é um antigo inquilino da Casa Branca. A sua devoção a ele é ilustrada por uma das imagens mais marcantes da invasão de 6 de janeiro: um cartaz que retrata um Jesus de aparência nórdica com um boné vermelho a dizer "Make America Great Again".

Se Trump regressar à presidência, alguns nacionalistas cristãos brancos poderão interpretar a sua ressurreição política como intervenção divina. O apoio dos evangélicos brancos a Trump aumentou entre 2016 e 2020.

E aquilo que os homens que transportavam cruzes de madeira, no meio da multidão que estava no Capitólio, não conseguiram alcançar no dia 6 de janeiro, poderão ainda conseguir em 2024.

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