Gastaram 120 mil pulas (ou 8.000€) e fizeram 20 horas de viagem; gastaram mais de 11 mil euros por "diversão". Vieram de todo o mundo para ver Taylor Swift em Lisboa
Família Xavier (DR)

Gastaram 120 mil pulas (ou 8.000€) e fizeram 20 horas de viagem; gastaram mais de 11 mil euros por "diversão". Vieram de todo o mundo para ver Taylor Swift em Lisboa

REPORTAGEM
Ana Rita Cunha
Daniela Costa Teixeira

Daniela e Ana Sofia voaram do Panamá, Josh trouxe a família do Botsuana e o pai de Eduardo conduziu seis horas desde Cadiz. O mundo encontrou-se em Lisboa para ver Taylor Swift esta sexta-feira no Estádio da Luz e não faltaram coloridas pulseiras da amizade, volumosas saias de tules, chamativos vestidos de lantejoulas e ainda as famosas botas de cowboy.

Foram precisas seis horas na estrada e um ano de espera e de planeamento para Eduardo assistir ao concerto de Taylor Swift. Mas o espanhol de 17 anos diz que não se importa, porque "é daquelas oportunidades que acontecem uma vez na vida".

“Tentámos comprar bilhetes para Madrid, mas não conseguimos. Então, tentámos [bilhetes] para Lisboa e à segunda tentativa conseguimos”, conta. Veio com o pai e com a mãe, que, embora não sejam fãs, acompanharam o filho na concretização deste sonho, já que esta é uma estreia num concerto da estrela norte-americana.

“Viemos numa viagem de família e vamos passar cá uns dias”. E ainda que tenham feito as reservas do hotel “mesmo em frente ao estádio [da Luz]” em julho do ano passado, a aventura ficou por cerca de “uns dois mil euros”: “500 euros no hotel e 500 nos bilhetes, mais a viagem e a comida”.

Eduardo viajou seis horas de carro desde Cádiz para estar no Estádio da Luz (DR)

Eduardo assegura que não se arrepende. “Ela é uma estrela mundial. E é como uma amiga. É completamente diferente dos artistas de hoje em dia. E isto, para mim, é daquelas oportunidades que acontecem uma vez na vida. Ela escreve as músicas para ela e para nós e isso cria uma ligação muito especial entre a experiência [de vida dela] e quem a ouve”, explica, entusiasmado.

Mas as seis horas que Eduardo e os pais passaram na estrada em direção ao sonho do jovem não se comparam com as 20 que Josh Xavier, a mulher e os três filhos fizeram desde o Botsuana até à capital portuguesa. E, apesar de só terem bilhete para o concerto de sábado, a família foi ao local do concerto e esperou longos minutos a ser banhada pelo sol quente das 10 da manhã desta sexta-feira para conseguir o merchandising no posto de venda exterior.

Levar os filhos ao tão desejado concerto funcionou apenas como uma segunda motivação para Josh gastar 120 mil pulas (a moeda do Botsuana), o equivalente a oito mil euros. O pai queria mesmo era vir a Portugal matar as saudades da família que cá vive, já que não se assume como fã. “Eles é que são”, diz, apontando para os filhos e chamando-os.

O pai não é fã, mas ninguém da família Xavier quis faltar

03
Vistam-se a rigor

Já a carregar o saco com as recordações do evento, que vão desde t-shirts, camisolas mais quentes com capuz ou garrafas de plástico (tudo com a cara de Taylor Swift bem visível), os três não conseguem conter um grande sorriso. Joshua, o mais novo, de apenas sete anos, gosta da artista "pela variedade das suas músicas".

Chloe, de 18 anos, vai mais além. “[A Taylor Swift] ajuda-me em muitos aspetos, até na minha doença crónica, ela ajuda-me a suportar isto tudo”, revela, mantendo o sorriso e a animação. “A música dela é reconfortante e adoro-a enquanto pessoa, quer dizer, eu não a conheço, mas sinto que tenho uma amizade com ela. Sinto que é minha amiga”.

Uma amiga é o que a cantora é também para Michaela, de 17. “É isso mesmo. Ela ajuda as pessoas a ultrapassar algumas situações e a música dela é tão variada que a conseguimos relacionar com muitas situações diferentes da nossa vida. Adoro-a”, sublinha, concordando com a irmã.

Mas se neste caso os filhos não converteram o pai num Swiftie (o nome dado aos fãs de Taylor Swift), a norte-americana Alison tem uma história bem diferente para contar. Tal como as filhas, assume-se já uma Swiftie: "absolutamente", afirma.

Tem 46 anos e voou do estado da Virginia para Lisboa durante nove horas com as duas filhas: Kennedy, de 15 anos, e Healsy, com 17. Esta não é, contudo, a primeira vez que as três assistem à Eras Tour - essa foi em Nashville, no país natal.

"O concerto foi a razão pela qual viemos", conta Alison, mas, segundo garante, Lisboa já era um destino há muito desejado. "Lisboa estava na nossa lista de viagens há muito tempo e quando conseguimos bilhetes para o concerto de cá ficamos muito entusiasmadas".

Alison veios dos Estados Unidos com as filhas

A mãe e as duas filhas juntaram o útil ao agradável e aterraram no aeroporto da Portela na manhã de quarta-feira. Aproveitaram para conhecer a capital e visitaram Sintra. Sem adiantar valores concretos, Alison diz ter gastado “milhares de dólares” nesta jornada.

Portugal era também um "destino desejado" para a norte-americana Rebecca, mas, ao contrário da família de Alison, é em Lisboa que vão ver Taylor Swift pela primeira vez - e num dia especial. “Faço 40 anos hoje, é a minha primeira vez em Lisboa e o meu primeiro concerto de Taylor Swift. Sou uma grande fã", conta.

Veio do Ohio com o marido e um amigo e voaram durante mais de nove horas para aqui estar. O marido de Rebecca também se assume como "grande fã" da estrela norte-americana, já o amigo veio “pela diversão”. Diversão esta que custou ao casal pelo menos 12 mil dólares, mais de 11 mil euros.

Rebecca veio do Ohio com o marido e um amigo

05
Madonna? Rolling Stones? Ainda maior?

Se o jovem espanhol Eduardo falava de um ícone “completamente diferente dos artistas de hoje”, Rebecca descreve Taylor Swift - a personalidade do ano de 2023 - como uma espécie de rockstar. “Ela tem sido comparada com a Madonna e com o Beatles nos últimos tempos. Não sei se ela fará parte dos livros de história, mas quando se move, o que está ao seu redor é algo especial”, garante Eduardo, de 17 anos.

Também Rebecca, que completa 40 anos, compara a artista com outros que marcaram gerações anteriores - incluindo a da própria. "Ela é incrível. Sinto que ela é como os Rolling Stones eram na minha geração. Aliás, pessoas da minha geração e até mais velhas querem vê-la. Os pais dele [do marido] falam do concerto dela em Los Angeles como se fosse o do Elton John ou dos Rolling Stones", descreve.

Podem ter vindo dos quatro cantos do mundo para lotar o Estádio da Luz e ser de gerações diferentes, mas há algo que une todos estes testemunhos: a admiração pela cantora Taylor Swift (e não só). Se nas longas filas o que mais se encontra são lantejoulas, tules e chapéus de cowboy, entre litros de água e fatos de alumínio para proteger do frio quem pernoitou no espaço,  Rebecca e o marido, a família Xavier e o jovem Eduardo bem como Alison e as filhas sobressaem: não vieram vestidos a rigor. São Swifties não de vestuário, mas de espírito.

Com uniformes a rigor vieram sim as estudantes do Panamá, Daniela e a Ana Sofia. Na fila organizada onde domina o ambiente de entusiasmo mas sobretudo de tranquilidade, onde as duas aproveitaram para gravar vídeos para as redes sociais, as jovens contam que viajaram com a mãe de Daniela "apenas pela Taylor Swift" e é na Luz que vão assistir ao primeiro concerto da cantora.

"Vamos fazer uma pequena viagem por Portugal, mas estamos aqui pela Taylor", dizem. Depois das mais de 12 horas de avião que separam o Panamá de Lisboa, Daniela e Ana Sofia chegaram na quarta-feira e já visitaram o Porto.

Daniela e Ana Sofia vieram do Panamá e demoraram 12 horas a chegar a Portugal

A primeira, de 20 anos, diz que adora “mesmo” a artista, porque se identifica com o que escreve. “Parece que está a falar para mim e as músicas encaixam em tantos aspetos e experiências da minha vida. Sinto que ela me entende. E ela tem uma música para tudo. Independentemente do que está a acontecer na tua vida, se é a pior separação de sempre ou se estás a ficar apaixonada, ela tem uma música para isso, para estas situações específicas, como se soubesse de tudo", relata, dando especial ênfase às letras das canções.

A amiga Ana Sofia, de 22, admite partilhar desta amizade platónica mas quase palpável com a artista: “Ela escreve para nós”. Tal como Daniela e Ana Sofia, Taylor [Swift] é vista como uma “amiga” pelas cerca de 60 mil pessoas que são esperadas em cada concerto. A cantora é até considerada por muitos como uma heroína, apesar de se assumir como uma anti-heroína, como diz a própria música “Anti-Hero”.

Esta é uma das mais de 40 músicas que fazem parte da lista das canções que a cantora - a única artista a vencer quatro vezes o Grammy de Álbum do Ano – vai cantar na noite desta sexta-feira. Os milhares de fãs esperam três horas de concerto e muita emoção guiadas por um total de 10 viagens no tempo pela obra discográfica de Taylor Swift, desde a era mais atrevida com o álbum “Red” à mais introspetiva com os discos “Folklore” e “Evermore”.

  • Fãs de Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/Miguel A. Lopes)
    Fãs de Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/Miguel A. Lopes)
  • Fãs de Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/Miguel A. Lopes)
    Fãs de Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/Miguel A. Lopes)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs de Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/Miguel A. Lopes)
    Fãs de Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/Miguel A. Lopes)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
  • Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
    Fãs da Taylor Swift à porta do Estádio da Luz (Lusa/ Tiago Petinga)
Scroll top