Há um fosso crescente entre o norte global e o sul global no que diz respeito à liberdade de deslocação, diz o primeiro relatório de 2022 da Henley & Partners, uma sociedade de consultoria sobre cidadania global e residência, sediada em Londres.
O Henley Passport Index da sociedade, baseado em dados exclusivos fornecidos pela Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA), tem monitorizado regularmente os passaportes globais mais amigos dos viajantes desde 2006. O relatório diz que o aumento das interdições de viagem introduzido no decorrer da pandemia de covid resultou no maior fosso global de mobilidade dos 16 anos de história do índice.
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O índice não leva em conta as restrições temporárias. Por isso, pondo de lado o acesso atual a viagens, os detentores de passaportes do topo do índice, Japão e Singapura, podem, em teoria, viajar sem visto para 192 destinos.
São 166 destinos a mais que os cidadãos do Afeganistão, que estão no fundo do índice com 199 passaportes, e que podem aceder a apenas 26 países sem necessidade de solicitar um visto prévio.
Europa dominaMais abaixo no Top 10, as posições mantêm-se praticamente inalteradas à entrada no primeiro trimestre de 2022. A Coreia do Sul está empatada com a Alemanha no segundo lugar (com 190 pontos) e Finlândia, Itália, Luxemburgo e Espanha estão juntos no terceiro lugar (com 189 pontos).
Os países da UE dominam o topo da lista como é hábito, com França, Países Baixos e Suécia a subir um lugar para se juntarem à Áustria e à Dinamarca em quarto lugar (com 188 pontos). Irlanda e Portugal estão em quinto lugar (com 187 pontos).
Os Estados Unidos e o Reino Unido, que juntos tiveram o lugar cimeiro em 2014, recuperaram algum terreno. Subiram um lugar para N.º 6, juntamente com quatro outras nações com história de isolamento ou neutralidade: Suíça, Noruega, Bélgica e Nova Zelândia.
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No N.º 7 temos Austrália, Canadá, República Checa, Grécia e Malta. Os países da Europa de Leste constituem o restante Top 10. A Hungria e a Polónia ascenderam ao oitavo lugar, a Lituânia e a Eslováquia subiram para N.º 9, e Estónia, Letónia e Eslovénia estão na décima posição.
Migração interna positivaO mais recente relatório faz notar que o surgimento da variante Ómicron em finais do ano passado aponta o foco a uma divisão crescente na mobilidade internacional entre os países mais ricos e os mais pobres. O relatório aponta para as restrições mais rígidas apresentadas sobretudo contra as nações africanas que o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, descreveu como algo semelhante a um “apartheid de viagens”.
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Pondo de parte a pandemia, os níveis globais de liberdade de deslocação aumentaram imensamente nas duas últimas décadas. O Henley Passport Index concluiu em 2006 que um indivíduo podia, em média, visitar 57 países sem ter de obter um visto prévio. Hoje, esse número é de 107, quase o dobro.
No entanto, são maioritariamente os países da Europa, América do Norte e as nações asiáticas mais ricas que desfrutam desta liberdade para viajar. Os detentores de passaportes de países como Angola, Camarões e Laos só podem entrar em cerca de 50 países.
Christian H. Kaelin, presidente da Henley & Partners e criador do conceito do índice de passaportes, diz que abrir os canais migratórios será crucial para a recuperação pós-pandemia. “Os passaportes e vistos são alguns dos instrumentos com mais impacto na desigualdade social a nível mundial, pois determinam as oportunidades para a mobilidade global”, diz ele. “As fronteiras entre as quais nascemos e os documentos que temos direito a ter não são algo menos arbitrário do que a cor da nossa pele. As nações mais abastadas têm de incentivar a migração interna positiva num esforço para ajudar a redistribuir e reequilibrar os recursos humanos e materiais a nível mundial.”
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Vários países no mundo têm acesso à isenção de visto ou ao visto à chegada a menos de 40 países. Estão incluídos:
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A lista da Henley & Partners é um de vários índices criados por sociedades financeiras para classificar os passaportes globais de acordo com o acesso que permitem aos seus cidadãos.
O Henley Passport Index classifica 199 passaportes segundo o número de destinos que os seus detentores podem aceder sem um visto prévio. É atualizado em tempo real ao longo do ano, quando entram em vigor mudanças nas políticas de vistos.
O Passport Index da Arton Capital leva em consideração os passaportes de 193 países membros das Nações Unidas e de seis territórios: ROC Taiwan, Macau (SAR China), Hong Kong (SAR China), Kosovo, Território Palestino e o Vaticano. Os territórios anexados a outros países estão excluídos.
O índice de 2022 tem os Emirados Árabes Unidos no lugar cimeiro, com uma pontuação de 160 quanto à isenção de visto/visto à chegada.
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