Desde o começo da invasão russa da Ucrânia, muitas foram as marcas que comunicaram a saída ou a suspensão das atividades económicas na Rússia. No entanto, há quem se mantenha no território russo e a operar a 100%.
É o caso da McDonald's e da Coca-Cola. As duas gigantes norte-americanas têm sido amplamente criticadas por não terem condenado os ataques e por continuarem a operar na Rússia depois de companhias como Apple, IKEA, Nike e Galp terem abandonado o país.
PUB
Segundo a BBC, até ao momento, nenhuma das empresas comentou a decisão. A McDonald's tem 847 restaurantes em território russo.
Nas redes sociais, como o Twitter, os temas #BoycottMcDonalds e #BoycottCocaCola eram os mais populares nos utilizadores quer durante o fim de semana, quer durante a segunda-feira, à qual se juntam os pedidos de boicote outras marcas como a Pepsi, a Hyundai, o Burger King, a Starbucks e também o KFC, que tem mais de mil restaurantes na Rússia.
.@McDonalds and @pizzahut say they will continue to do business in Russia. Their immoral choice, and they should face boycotts at home! Drive past, and #BoycottMcDonalds#boycottpizzahut
— Amy Siskind 🏳️🌈 (@Amy_Siskind) March 8, 2022
PUB
We do need a list of companies we can boycott. I heard @CocaCola@PepsiCo@BurgerKing anyone want to add to this list or offer corrections? #BoycottMcDonalds#BoycottDisney#BoycottShell#BoycottRussia#boycottdominos#BoycottHyundai#BoycottCocaCola
— Mondo di Meloni 🌈🌍 (@mondo_meloni) March 8, 2022
PUB
Esta terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano fez um apelo "às empresas globais ética e socialmente responsáveis" para que "interrompam ou suspendam as operações com ou na Rússia".
"A Ucrânia pede às empresas globais ética e socialmente responsáveis que interrompam ou suspendam as operações com ou na Rússia, recusando-se assim a financiar a violência, homicídio e crimes contra a humanidade", escreveu Dmytro Kulema na mensagem que acompanha o comunicado.
Ukraine requests the ethically and socially responsible global businesses to stop or suspend operations with or in Russia, therefore refusing to finance its violence, murders, and crimes against humanity. Please read and share my full appeal to global business community below. pic.twitter.com/mazfXa7XU8
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) March 8, 2022
PUB
O presidente da Starbucks, Kevin Johnson, também emitiu um comunicado. "Condenamos os ataques não provocados, injustos e horríveis à Ucrânia. Os nossos corações estão com todos os afetados", escreveu o presidente da cadeia de cafés.
Johnson diz ainda que, apesar da companhia não ter lojas na Ucrânia, na Rússia existem 130 lojas que "são de propriedade integral e operados por um parceiro licenciado" e que a Starbucks doou 500 mil dólares à Cruz Vermelha e à Fundação World Central Kitchen para ajudar a Ucrânia.
Em declarações à BBC, Kleio Akrivou, professora de ética empresarial na Henley Business School, no Reino Unido, considerou que a decisão de abandonar a Rússia pode ser difícil para companhias de alimentação, uma vez que este tipo de "sanções" podem colocar a população em situação de privação de bens.
"Quando se trata de sanções que privam a população russa dos seus bens básicos e dignidade, as empresas podem precisar de abordar a situação com mais ponderação, apelando à razão prática", afirmou a docente, acrescentando que é tempo das cadeias de fast food analisarem como é que as pessoas são afetadas por estas decisões, assim como os riscos que isso tem para a reputação das marcas.
Por sua vez, Ian Peters, diretor do Instituto de Ética Empresarial de Londres, considerou que não é altura para "ficar de fora", uma vez que as companhias estão a ser julgadas globalmente pelas ações que tomam e que "o julgamento ético" é tão importante quanto as sanções governamentais.
"Provavelmente, estas empresas vão ser julgadas pelo mundo por aquilo que fazem nestas circunstâncias, e o julgamento ético vai ser tão importante como o cumprimento das regulamentações e sanções governamentais. Aconselhamos estas empresas a olharem sempre para o panorama geral e procurarem fazer a coisa certa, colocando os interesses mais gerais acima dos lucros a curto prazo", afirmou.
PUB