O número de mortos causados pelos terramotos na Turquia e na Síria ultrapassou os 33.100, de acordo com os mais recentes relatórios oficiais dos dois países, enquanto prosseguem as operações para resgatar sobreviventes entre os escombros.
O terramoto de magnitude 7,8 na escala de Richter matou pelo menos 33.179 pessoas - 29.605 na Turquia e 3.574 na Síria -, de acordo com os mais recentes números oficiais das autoridades turcas e sírias avançados pela agência France-Presse.
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Os números atualizados hoje referem também que 92.600 pessoas ficaram feridas neste desastre natural.
Cinco dias depois dos fortes terramotos que assolaram os dois países, ainda continuam a ser encontrados sobreviventes, incluindo um bebé de 7 meses, apesar das dificuldades de segurança que as equipas de salvamento enfrentam.
O subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, alertou que, no entanto, o número de mortos vai “duplicar ou mais”.
“Acho difícil estimar [um balanço] precisamente porque temos que começar a escavar por baixo dos escombros, mas tenho a certeza que vai duplicar, ou mais”, disse Griffiths à televisão britânica Sky News.
"Ainda não começámos realmente a contar o número de mortos", acrescentou o também Coordenador de Socorro de Emergência da ONU, que visitou no sábado a cidade de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, perto do epicentro dos sismos.
Casos de sarna e febre começam a surgir entre os sobreviventesPUB
Um médico turco que presta apoio em Kahramanmaraş afirmou à agência Lusa que começam a surgir casos de sarna, diarreia e febre face à falta de condições de higiene e saúde daqueles que sobreviveram ao sismo.
“Há falta de higiene e de condições básicas de saúde. Não há fraldas, pensos higiénicos, papel higiénico, não há casas de banho”, notou o médico Abdullah AlBayrak, da organização não governamental Dünya Doktorları (Médicos do Mundo), que presta apoio médico em Kahramanmaraş.
Segundo o médico, começam a surgir casos de diarreia, sarna e febre entre os sobreviventes do sismo face à falta de condições de higiene e de saúde.
Apesar de considerar que ainda não se está perante uma situação epidémica, notou que é fácil “o contágio” no atual contexto, em que as pessoas se agrupam, junto dos destroços, e dormem em pequenas tendas.
Mais de 110 mandados de detenção por negligência na construçãoA Justiça turca criou uma unidade especial para investigar possíveis negligências na construção dos edifícios que desabaram com os sismos de segunda-feira e já emitiu mais de 110 mandados de detenção, anunciou o vice-presidente da Turquia.
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Segundo a imprensa local, a polícia turca deteve no sábado pelo menos 14 pessoas nas províncias de Gaziantep e Sanliurfa e entre elas figuram construtores e engenheiros civis.
Pelo menos 6.000 edifícios desabaram na Turquia e o número de mortos já ultrapassa os 28.000, levantando questões sobre se a tragédia poderia ter sido menor se fossem aplicados critérios de construção mais rígidos.
Muitos cidadãos também se perguntam se o governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, poderia ter feito mais para salvar vidas.
Com as eleições presidenciais em maio, a gestão do desastre e as explicações para a grande quantidade de edifícios que ruíram podem determinar o destino do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, nas urnas.
O vice-presidente turco, Fuat Oktay, lembrou que o Ministério da Justiça defende que é “crucial” reunir provas e impor medidas cautelares aos suspeitos para evitar que fujam do país.
Na sexta-feira, a polícia deteve um construtor turco de um condomínio residencial de luxo na província de Hatay que desabou com mais de uma centena de pessoas dentro. A detenção ocorreu quando o construtor se preparava para embarcar em Istambul para fugir para Montenegro.
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O "Renaissance Residence", construído em 2013, era um dos edifícios mais exclusivos de Antioquia, capital de Hatay, anunciando os apartamentos como "uma imagem do paraíso", garantindo que a construção seguiu os mais rígidos critérios de qualidade e segurança.
Noutra investigação, o Ministério Público ordenou a prisão de 33 pessoas em Diyarbakir (sudeste do país, capital da província homónima na região da Anatólia) por negligência na remoção de pilares para ganhar espaço nas residências, o que afetou a resistência estrutural.
Estas detenções são os primeiros passos do Estado para apurar responsabilidades numa altura em que sobem de tom as críticas à má qualidade das habitações, algo que muitos atribuem à corrupção e aos escassos processos de fiscalização.
Embora a Turquia tenha regulamentos sobre resistência sísmica na construção, as medidas raramente são aplicadas, mesmo em edifícios mais recentes, que deveriam ter resistido melhor a terremotos.
Além disso, sob o governo de Erdogan, foram aplicadas várias amnistias a edifícios que não cumpriram os regulamentos, incluindo resistência sísmica, tendo a situação sido regularizada com o pagamento de uma multa.
A Síria e a Turquia foram atingidas, na madrugada de segunda-feira, por um terramoto de magnitude 7,8 na escala de Richter, a que se seguiram várias réplicas, uma das quais de magnitude 7,5.
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