A vice-presidente do governo espanhol, Yolanda Díaz, anunciou a intenção de aumentar o salário mínimo de 965 para 1000 euros já este ano, com retroativos a janeiro. Como acontece em Portugal, este salário é pago 14 vezes por ano em Espanha. Em Portugal, o salário mínimo é agora de €705 euros mensais.
Os patrões espanhóis não demoraram a reagir numa “resolução fulminante”, como lhe chama o diário “El Mundo”: “É o fim das tréguas entre os patrões e o governo na reforma laboral”, escreve o jornal espanhol. A confederação dos patrões (CEOE) reuniu-se esta terça-feira para, num comité extraordinário, decidir que não voltarão a reunir-se com o governo. Esta decisão fecha a porta a Díaz com os patrões, escancarando-a para acordos com os sindicatos, assim impedindo um acordo social tripartido, que vinha sendo preparado no âmbito de uma reforma da legislação laboral com a qual o governo espanhol se comprometeu com a Comissão Europeia, em troca de novas tranches de fundos europeus.
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Os patrões espanhóis argumentam que os salários estão a subir acima do crescimento da economia e que este aumento de custos retarda a recuperação das empresas. Segundo dados citados pelo “El Mundo”, o aumento do salário mínimo para 1000 euros abrange 1,8 milhões de trabalhadores espanhóis.
Espanha acima de PortugalTambém em Portugal o salário mínimo tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos: 40% nos últimos seis anos, para os atuais 705 euros. O último aumento (de 40 euros, ou 6% face ao ano anterior), realizado em janeiro, abrangeu, segundo o governo, um total de 880 mil trabalhadores. Comparando com 2014, quando o salário mínimo era de €485 mensais, o aumento acumulado é de 45%, o que dá uma média de 4,8% ao ano.
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Durante a campanha eleitoral, numa entrevista à Renascença no final de janeiro, António Costa admitiu que o salário mínimo nacional pode ultrapassar a fasquia dos 900 euros até 2026. “Pode ser possível ir mais além“, disse.
Comparando com este novo valor a praticar, que ainda tem de ser legislado, Espanha passa a ter um salário mínimo ainda 42% superior ao português. Dados do Eurostat colocam Portugal a meio da tabela na Europa, como se pode ver na tabela seguinte (que adapta os salários mínimos ao pagamento 14 vezes por ano, dado que em alguns países só se paga 12 salários).
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