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"Não estive em casa sem fazer nada nos últimos nove anos". Sebastião Bugalho tem um objetivo: ter mais um ponto que a sua idade

Cabeça de lista da Aliança Democrática garante estar preparado para as eleições europeias, mesmo apesar da juventude

Não é “ex-nada” ou “ex-demissionário de nada”. Esse é, garante Sebastião Bugalho, o seu grande trunfo, face aos outros cabeças de lista às eleições europeias, onde se conta uma antiga ministra (Marta Temido) ou um antigo embaixador (António Tanger Correia).

O cabeça de lista da Aliança Democrática (AD) admite, em entrevista à CNN Portugal, que é naturalmente inexperiente – “a minha inexperiência é óbvia, tenho 28 anos, ainda estou a ganhá-la -, mas que conta com um projeto de “frescura” e com uma candidatura capaz de garantir a confiança dos portugueses.

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Questionado sobre como é que o seu percurso credibiliza a sua candidatura, Sebastião Bugalho lembra os anos de comentador, analista e colunista, muitas das vezes a falar, analisar ou escrever sobre questões europeias. Mas não só.

“Não estive em casa sem fazer nada nos últimos nove anos. Fui estudante de Ciência Política e Relações Internacionais. Tive, aliás, cadeiras dedicadas ao projeto europeu”, realça, frisando que foi trabalhador-estudante.

Confrontado com uma entrevista em que disse que “o principal inimigo da Europa era a União Europeia”, tinha Sebastião Bugalho 20 anos, o candidato da AD lembra que “a Europa estava a perder um dos seus parceiros mais importantes”, o Reino Unido.

Foi, relembra, exatamente o mesmo ano em que a crise dos refugiados começava a agudizar-se, ao mesmo tempo que o presidente do Eurogrupo dizia que os países do sul só estavam interessados em mulheres e bebida. O candidato da AD referia-se ao neerlandês Jeroen Dijsselbloem, sendo que essas declarações foram proferidas em 2017.

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“Era um pouco difícil não ser crítico da Europa neste contexto. Eu sou mais europeísta e a União Europeia também é”, sublinha, defendendo que acredita no projeto europeu, mas não sem continuar crítico sobre várias áreas, nomeadamente a imigração ou o alargamento a outros Estados-membros, incluindo a Ucrânia.

“Em 2016 a Europa era mais lenta, mais fechada, mais injusta e cometia erros inusitadamente. O maior erro da Europa, especialmente em 2016, foi tomar os populistas e os eurocéticos como as causas dos seus problemas e não ter a humildade de reconhecer que foram alguns erros da Europa que ajudaram a fomentar esses populismos e esses euroceticismos”, reforça.

Pela AD, mas independente

Sebastião Bugalho continua a afirmar-se como independente. Nem sequer é filiado em nenhum partido, garante, explicando que continua a pensar da mesma forma, mesmo assumindo-se como cabeça de lista da AD.

O candidato reforça que se PSD e CDS quisessem uma figura partidária teriam ido buscá-la, e não a si.

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Isto a propósito de declarações anteriores, mas com Sebastião Bugalho “convicto de que estou a fazer a coisa certa”, mesmo que, sempre a sublinhar, não seja militante de nenhum partido.

“Quem os portugueses conhecem é um jovem independente, que respeita a democracia, mas não deixa de ser crítico”, continua, vendo na escolha do PSD mais do que marketing. “Sinto a confiança da AD e, sobretudo, sinto a confiança das pessoas. Sinto esse apoio”, reitera, lembrando que Lídia Pereira, eurodeputada do PSD que volta a ser candidata, era mais nova quando foi eleita, apesar de não ter encabeçado a lista social-democrata.

Risco político nos 29%

“O risco faz parte da política.” É com esta premissa que Sebastião Bugalho admite que corre um risco nesta candidatura, não colocando, ainda assim, um cenário de derrota. “Estou a trabalhar para ganhar, porque sei que tenho a melhor equipa”, garante.

Mas há uma meta mínima? Manter os sete deputados de PSD e CDS seria “humilde, mas honesto”. Sebastião Bugalho traça antes outra meta, uma média: “ter mais um ponto que a minha idade”. Quer, portanto, chegar aos 29%.

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Sobre a cabeça de lista do PS, a antiga ministra da Saúde Marta Temido, Sebastião Bugalho revela que lhe telefonou a desejar boa sorte para a campanha. Ainda assim confirma que foi, enquanto comentador, crítico do mandato da socialista no governo de António Costa.

“Os resultados não corresponderam ao investimento”, lamenta, dizendo que isso não é opinião, mas sim factos, apresentando vários dados relacionados com a saúde.

Costa não é o melhor candidato

Sebastião Bugalho considerou ainda que António Costa não seria o melhor candidato para a presidência do Conselho Europeu. “Não, não acho”, afirmou.

“E não tem a ver com o facto de ser de outra família política. Tem a ver com a circunstância que atravessa”, justificou, lembrando que “o próprio ex-primeiro-ministro assumiu que não assumiria cargos públicos enquanto a sua situação judicial não estivesse esclarecida”

“Parece-me que há outras personalidades da nossa família política que poderiam cumprir essas funções em melhores condições”, juntou, apontando o nome de Mario Draghi.

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