Já fez LIKE no CNN Portugal?

Paulo Rangel conta gastar mais do dobro do orçamento de Rui Rio

Não há regulação nos gastos das campanhas internas

É um orçamento manifestamente mais baixo do que os das mais recentes campanhas internas do PSD. Rui Rio apresenta um gasto estimado em 31 mil euros, o que representa um corte de cerca de 9 mil euros no valor calculado para as despesas com as diretas.

Paulo Rangel vai gastar mais do dobro, segundo o orçamento apresentado esta segunda-feira, na formalização da candidatura, num total de 70 mil euros.

PUB

Para Paulo Rangel, há uma explicação para isso: questionado pela CNN Portugal, o candidato lembra que Rui Rio sublinhou ele próprio que iria ter a dupla qualidade de candidato e presidente, pelo que “na qualidade de presidente, esses gastos não são imputados à candidatura”. Já o atual líder do PSD reage, dizendo que anunciou que não faria campanha, pelo que não tem gastos com deslocações, dormidas ou aluguer de salas. 

Rui Rio tem vindo a diminuir significativamente os custos das suas campanhas: há dois anos, contra Luís Montenegro, o atual líder apresentou um orçamento de 40 mil euros, mas, nas primeiras diretas em que foi candidato contra Pedro Santana Lopes, era bastante menos controlado nos gastos: em 2017, o orçamento entregue foi de 90 mil euros.

Como vai ser gasto o dinheiro

O orçamento de campanha entregue por Paulo Rangel prevê que o total de 70 mil euros tenha origem em donativos e o eurodeputado promete “total transparência''.

PUB

A maior fatia dos gastos vai para a rubrica intitulada “custos operativos e operacionais”, 35 mil euros; seguem-se 20 mil euros para despesas de “propaganda, comunicação interna e digital” e 12 mil euros para “comícios e espectáculos. Há ainda 3 mil euros para a “concepção da campanha, agências de comunicação e estudos de mercado” e um custo estimado de 1.500 euros para estruturas, cartazes e telas.

Do lado de Rui Rio, Matilde Alves, a mandatária financeira, não apresenta os valores para cada uma das rubricas, mas indica que os 31 mil euros previstos serão distribuídos em "ações de campanha, cartazes, eventos e custos operativos”.

Os donativos, todos por transferência bancária, atingem um máximo de 2500 euros, mas a maioria é muito inferior.

“Na maioria dos casos, [os donativos] andam na ordem dos 100 a 150 euros, mas é aquilo que cada um quiser dar”.

Como o PSD remete as regras das campanhas internas para a Lei de Financiamento dos partidos, o máximo que um militante poderia doar seriam 10 mil euros.

PUB

Campanhas internas sem regras no financiamento

“É matéria sem regulação”, esclarecem deputados da comissão parlamentar de assuntos constitucionais, direitos, liberdades e garantias. 

Sem um enquadramento legal que os candidatos à presidência de partidos estejam obrigados a cumprir em matérias de gastos ou fontes de financiamento, não há forma de rastrear a origem dos donativos.

A tese vigente tem sido a de que esta deve ser matéria de autorregulação, o que permite uma “significativa opacidade” e a impossibilidade de saber quem são ou - no limite - que interesses têm as pessoas que suportam os custos financeiros de quem quer ser, por exemplo, presidente do PSD. 

Fontes ligadas à atual e a anteriores direcções do partido social-democrata falam numa falta de transparência pouco compreensível, mas ninguém tem certezas sobre a melhor forma de ultrapassar esse bloqueio. O facto de serem valores "razoavelmente baixos”, dizem, também parece tornar o assunto secundário.

PUB

O que os regulamentos do 39º congresso social-democrata ditam em matéria de finanças é que devem obedecer às regras constantes na lei de financiamento dos partidos. 

O artigo 8.º prevê ainda a entrega de orçamentos de campanha no ato de formalização das candidaturas e a apresentação de contas à Comissão Nacional de Auditoria Financeira até 30 dias depois da realização do congresso; no caso atual será até 18 de janeiro.

“A não entrega das contas de campanha, nos termos e nos prazos previstos, determina a elaboração de um relatório pela Comissão Nacional de Fiscalização Económica e Financeira, que será enviado à Comissão Nacional de Jurisdição para determinar a instauração de processo disciplinar a todos os eleitos nessa candidatura”, pode ler-se no regulamento interno. Mas não há mais consequências.

PUB