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"Uma traição a Portugal": Chega apresenta voto de condenação às palavras de Marcelo sobre reparações pelo colonialismo

O partido de André Ventura considera a proposta do Presidente da República "impraticável" e "insultuosa para Portugal e o povo português, por não considerar uma série de realidades históricas, económicas e sociais"

O Chega vai apresentar um voto de condenação do Presidente da República pelas suas declarações sobre as reparações pelo colonialismo.

Em comunicado divulgado à imprensa, o Chega classifica as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa como "uma traição a Portugal, ao povo português e à própria história de Portugal".

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"E representam uma traição porque a proposta de indemnizações e reparações financeiras às antigas colónias não considera adequadamente e de forma imparcial a complexidade das relações históricas, os esforços de desenvolvimento já realizados por Portugal, os milhões de portugueses altamente lesados pelo processo de descolonização e as consequências potencialmente prejudiciais de tal ação", pode ler-se na nota.

O partido de André Ventura considera a proposta do Presidente da República "impraticável" e "insultuosa para Portugal e o povo português, por não considerar uma série de realidades históricas, económicas e sociais".

A "tentativa de aplicar retroativamente os padrões éticos contemporâneos a períodos históricos anteriores" e a "desvalorização" do investimento feito por Portugal nas antigas colónias, "muitas vezes em detrimento da própria metrópole", são apontados pelo Chega como erros cometidos por Marcelo Rebelo de Sousa.

O partido lembra também a questão dos retornados, "mais de 600 mil, que se viram obrigados a abandonar as antigas colónias, muitas vezes trazendo apenas a roupa do corpo e deixando uma vida inteira para trás".

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"Estes portugueses, que contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento das colónias, regressaram a uma pátria que pouco tinha para lhes oferecer, e muitos ainda lutam com as consequências dessa deslocação forçada. Pretender Indemnizar e reparar as antigas colónias sem considerar as perdas destes cidadãos é um ato de injustiça atroz!", diz o Chega no comunicado, que crítica de igual modo a forma como Marcelo trata os ex-combatentes.

"Ignora o sacrifício pessoal destes homens e suas famílias e perpetua uma injustiça ao não valorizar igualmente todas as partes protagonistas da história colonial de Portugal", afirma.

O que disse Marcelo Rebelo de Sousa?

Durante um jantar com correspondentes da imprensa estrangeira em Portugal, no dia 23 de abril, o Presidente da República reconheceu responsabilidades de Portugal por crimes cometidos durante a era colonial, sugerindo o pagamento de reparações pelos erros do passado.

"Temos de pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isto", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, citado pela agência Reuters.

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No evento, o chefe de Estado disse que Portugal "assume toda a responsabilidade" pelos erros do passado e lembra que esses crimes, incluindo os massacres coloniais, tiveram custo.

Entretanto, o Governo português desmentiu a existência de quaisquer planos para um processo de reparação histórica pelo colonialismo.

"A propósito da questão da reparação a esses Estados e aos seus povos pelo passado colonial do Estado português, importa sublinhar que o Governo actual se pauta pela mesma linha dos Governos anteriores", disse o executivo em comunicado. "Não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas com esse propósito".

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