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Não há mais 320 euros para cada português mas voltou a haver aquele cujo nome anda a ser sempre pronunciado

Parlamento aprovou esta quinta-feira na generalidade um dos documentos mais importantes da vida do país: o Orçamento do Estado para 2023. PS foi o único a votar a favor, PAN e Livre abstiveram-se. A Iniciativa Liberal queria 320 euros para cada português - e explicou-se. E o homem mais falado que menos aparece voltou a ser mencionado

A tarde começou com o PSD a voltar ao dossiê da TAP para argumentar que “abundam” os exemplos da “habilidade socialista” mas que nenhum se compara ao caso da companhia aérea. "Esta série socialista, que leva sete temporadas, conta-se em poucas palavras: era uma vez uma companhia aérea que só dava prejuízo, um ano atrás do outro. Tinha de ser vendida e privatizada para estancar a sangria de dinheiros públicos. Tinha de ser privatizada, mas quem teve de acabar com o buraco? O PSD, pois então. Mas em 2015 o PS não ganhou mas governou e aí começou o desvario. Temos um ministro que, a qualquer preço, quer provar que tem a capacidade para disputar a liderança do PS e o Governo - e a TAP foi o brinquedo escolhido", afirmou o social-democrata Paulo Rios de Oliveira.

Este tema foi também visado pela Iniciativa Liberal, com o seu presidente, João Cotrim Figueiredo, a dizer que a companhia aérea está “omissa” do documento orçamental. O líder liberal questionou se, independentemente do valor de venda da empresa, não pode ser devolvido a cada português 320 euros, lembrando o valor de 3,2 mil milhões de euros injetados na companhia aérea. Cotrim Figueiredo alertou ainda para o valor previsto de cativações, que supera os três mil milhões de euros, dizendo que isso significa que a discussão assenta em 85% do Orçamento do Estado, falando mesmo em valor recorde - isto perante um abano de cabeça do ministro das Finanças.

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Ainda à direita, o Chega, por intermédio de André Ventura, acusou o Governo de estar “barricado” num “mau Orçamento e na maioria absoluta que conseguiu no início do ano". O líder do partido de extrema-direita apelidou ainda o ministro das Finanças “cativador-geral”. O deputado do Chega concluiu a citar o refrão da canção “Eles já estão fartos”, de Jorge Palma, e com um pedido ao líder do executivo: “Senhor primeiro-ministro, deixe-nos viver”.

O novo animal feroz

Outrora parceiro do Governo, o Bloco de Esquerda criticou fortemente a proposta do Governo, acusando o executivo de cometer um “crime imperdoável” na questão das pensões, mostrando toda a “imponência do seu poder absoluto”. "Neste Orçamento, o próprio Governo anuncia que a conta dos 13 anos era uma aldrabice. O primeiro-ministro não gosta da palavra mas é o mínimo que se pode dizer", disse a deputada Mariana Mortágua.

A parlamentar apontou depois que há "senhores felizes" com a inflação e que "agradecem este Orçamento", dando como exemplo os lucros da Galp e da Jerónimo Martins. "O Governo, em registo de animal feroz, falou ontem de uma taxa sobre lucros extraordinários. Hoje, a taxa já parece mais uma taxinha que nem o ministro das Finanças se atreve a descrever. As grandes empresas agradecem a consideração."

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Pelo PCP, o secretário-geral Jerónimo de Sousa acusou o Governo de ter “contas certas” com os grupos económicos, defendendo que as opções do Orçamento do Estado para 2023 reservam aos portugueses “exploração e empobrecimento”. “Considerando as opções desta proposta de Orçamento do Estado, bem como o teor dos acordos subscritos pelo Governo com o grande patronato e algumas organizações sindicais nas últimas semanas, percebe-se hoje melhor o regozijo manifestado pelos grupos económicos com a maioria absoluta do PS no dia seguinte às eleições. São esses que têm as contas certas com o Governo para continuarem a apropriar-se de fatias crescentes da riqueza nacional”, defendeu Jerónimo de Sousa.

Do deputado único do Livre partiu um recado para a esquerda sobre os salários mínimos, numa intervenção feita à distância por estar com covid-19. Rui Tavares comparou os valores do salário mínimo de Portugal e Espanha e salientou que, “se o governo espanhol e português cumprirem com as suas promessas, vamos estar abaixo dos 70% do salário mínimo espanhol”. “Não é possível falar e levar a sério a convergência europeia sem levar a sério esta divergência ibérica. E esta, caros e caras colegas à esquerda, não é culpa da direita, aconteceu durante os anos da geringonça e durante os governos PS. Fomos nós que deixamos escapar este objetivo e temos de fazer muito mais para o reintroduzir."

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Aquele cujo nome

Na derradeira intervenção do debate na generalidade, Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, enumerou alguns dos feitos do Governo, como ter aumentado o salário mínimo dos 505 para 760 euros em 2023. "Tem sido crucial para retirar milhares de trabalhadores da situação inaceitável de pobreza. São mais 255 euros que os portugueses recebem por mês", disse, sublinhando que este facto “teria sido impossível se tivesse sido a direita a governar durante estes anos". “Ao contrário do que alguns profetizaram, não se traduziu em falências em massa nem no aumento do desemprego."

Depois voltou a ser mencionado aquele nome, aquele que Marcelo mencionou ainda há dias para dizer que o país espera muito do homem desse nome, esse nome que Montenegro teve de comentar depois de Marcelo o ter lembrado daquela maneira, o nome que até Costa usou quarta-feira em pleno Parlamento para dizer que é um nome de um homem pior que José Sócrates a tirar gente da pobreza, portanto é um nome de um homem de quem se fala bem, se fala mal, se fala assim-assim mas é o nome do momento porque Passos Coelho é homem mais falado que menos aparece. Esta quinta-feira foi Ana Mendes Godinho a fazê-lo quanto lembrou Pedro Passos Coelho enquanto primeiro-ministro e as respetivas declarações sobre a emigração jovem. “Em Portugal já não se incentiva os jovens a emigrar. Pelo contrário, estamos a abrir Portugal ao mundo, a criar as condições para captar e reter talento, e para que mais pessoas escolham Portugal para viver e trabalhar”, afirmou.

Numa intervenção prévia, também o líder da bancada parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, tinha lembrado o antigo governante social-democrata, acusando o antigo governo de fazer dos pensionistas o “bode expiatório”. Mencionando especificamente Pedro Passos Coelho, o deputado socialista disse que os cortes das pensões que o PSD acusa o Governo de fazer se verificaram em 2014 quando o então primeiro-ministro disse que não era possível voltar aos rendimentos de 2011.

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