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As máscaras ainda são uma boa ideia quando se vai ao médico, avisa estudo

Uma das principais razões pelas quais os investigadores defendem que as pessoas devem usar máscaras nos locais de prestação de cuidados de saúde é o facto de as pessoas que trabalham nesses locais, por uma série de razões, serem "conhecidas por irem trabalhar doentes"

No terceiro ano da pandemia de covid-19, os cartazes que pedem a todos para usar máscara desapareceram em grande parte de locais como mercearias e escolas. Mas permanecem em muitos consultórios médicos e um estudo publicado esta semana diz que ainda são uma boa ideia.

Mesmo após o fim da declaração de emergência de saúde pública em todo o mundo, e com muitos a abandonarem os cuidados contra a pandemia, as máscaras continuam a oferecer alguma proteção, reduzindo o risco de contrair covid-19 num ambiente comunitário, como numa interação entre médico e paciente, de acordo com o estudo, que analisou estudos recentes sobre a qualidade protetora das máscaras.

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O estudo, publicado na revista Annals of Internal Medicine, também descobriu que não há diferenças significativas na proteção entre máscaras cirúrgicas e as N95 num ambiente de cuidados de saúde. Os respiradores N95 podem ser ligeiramente mais benéficos, mas isso não ficou totalmente claro na pesquisa.

Os investigadores analisaram três ensaios aleatórios e 21 estudos observacionais de todo o mundo para reavaliar o que dizem sobre a eficácia das máscaras N95, cirúrgicas e de tecido na redução da transmissão da covid-19.

Algumas das pesquisas usadas tinham limitações. As evidências sobre máscaras cirúrgicas versus máscaras de tecido, por exemplo, ou o uso mais ou menos consistente de máscaras foram considerados "insuficientes".

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Num editorial publicado juntamente com o novo estudo, os médicos Tara Palmore, da George Washington University School of Medicine, e David Henderson, do National Institutes of Health, nos Estados Unidos, referem que a utilização de máscaras se tornou um tema politizado durante a pandemia. Uma vez que não estão disponíveis provas de qualidade sobre a sua proteção, afirmam, as máscaras para pacientes e profissionais de saúde devem ser consideradas uma boa medida de segurança.

Estudos laboratoriais mostram que as máscaras cirúrgicas e os respiradores são bons para limitar a propagação de aerossóis e gotículas de pessoas com gripe, coronavírus e outros vírus respiratórios. Embora não sejam 100% eficazes, reduzem substancialmente a quantidade de vírus que é expelida quando alguém fala ou tosse.

Pode haver transmissão de um vírus do paciente para o profissional ou do profissional para o paciente quando ambos estão a usar máscara, mas é raro.

Palmore e Henderson explicam que uma das principais razões pelas quais consideram que as pessoas devem usar máscaras nos locais de prestação de cuidados de saúde é o facto de as pessoas que trabalham nesses locais, por uma série de razões, serem "conhecidas por irem trabalhar doentes".

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Investigações anteriores mostraram que metade a dois terços dos funcionários de estabelecimentos de saúde já trabalharam enquanto tinham algum tipo de sintoma respiratório. As pessoas que estão pré-sintomáticas também podem transmitir o vírus, ou pode ser difícil saber se alguém está doente se tiver sido vacinado e tiver sintomas mais ligeiros, pelo que pedir apenas às pessoas que estão doentes para colocarem uma máscara pode não impedir a propagação.

"Expor desnecessariamente os pacientes a infeções que podem ser evitadas através do uso de máscara parece ser diretamente contrário aos princípios da segurança dos pacientes", dizem. "Por todas estas razões, defendemos que se mantenha a máscara durante as interações com os pacientes."

Syra Madad, epidemiologista de doenças infecciosas do Harvard Belfer Center for Science and International Affairs, concorda que é importante que os sistemas de saúde façam tudo o que puderem para prevenir a transmissão da covid-19, incluindo o uso de máscara durante as interações com os pacientes - "especialmente entre os nossos pacientes mais vulneráveis, e às vezes é difícil saber quem é mais vulnerável e imunocomprometido", sublinhou Madad, que não esteve envolvida na nova pesquisa.

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Segundo a médica, as pessoas não têm necessariamente de usá-las nos elevadores ou nos corredores, mas durante os encontros clínicos é bom evitar riscos.

Agora que as pessoas se acostumaram às máscaras, com a chegada da época da gripe e do vírus sincicial respiratório (VSR) no outono, mais profissionais de saúde devem considerar usá-las, defende.

"Todos nós percebemos a importância e a utilidade de uma máscara", afirma Madad. "Uma cultura de segurança mostra que está a ser respeitoso para com os seus pacientes."

A epidemiologista acrescenta que, se um paciente preferir que o prestador de cuidados de saúde não use máscara, por exemplo, se tiver dificuldade em ouvir ou compreender o que o outro diz, também não deve ser um problema. Mas defende que o padrão deve ser o uso de máscara nas interações clínicas.

"Por muito que queiramos minimizar a situação, e já não se trata de uma emergência, é certamente uma ameaça."

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