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Antigo braço direito de Isabel dos Santos acusa autoridades angolanas de boicotar transferência do processo para Portugal

Mário Leite da Silva quer ser julgado em Portugal

Mário Leite da Silva, antigo braço direito de Isabel dos Santos, acusa as autoridades angolanas de boicotar a receção do requerimento para que o processo em que é arguido seja transferido para Portugal

No comunicado a que a CNN Portugal teve acesso, Mário Leite da Silva acusa mesmo as "autoridades angolanas de discriminação e rudes ilegalidades".

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"A PGR em Luanda informou que o processo já não está lá, mas sim no Tribunal Supremo. No entanto, na Câmara Criminal do Tribunal Supremo, competente para a instrução contraditória, dizem que não há qualquer processo com esse número", declarou o gestor, alegando que "este argumento é inaceitável uma vez que o seu advogado, em Lisboa, confirmou que este é efetivamente o número do processo, não fazendo qualquer sentido este tipo de discriminação".

O antigo número dois da empresária angolana Isabel dos Santos terá tentado, a 27 de fevereiro, a entrega no Consulado-Geral em Lisboa, do requerimento, mas o mesmo foi "recusado com o argumento de que “o requerente reside no Porto”. Com esta informação, Leite da Silva tentou não uma, mas por duas vezes, fazê-lo no Consulado de Angola no Porto".

"A primeira tentativa ocorreu logo dia 28 de Fevereiro, tendo os serviços consulares no Porto recusado também a receção do documento alegando estarem “demasiadas pessoas para serem atendidas pelos serviços do Consulado”. A segunda tentativa, igualmente frustrada, aconteceu no dia seguinte, 29 de fevereiro, sendo que, desta vez, o motivo alegado para a recusa foi a “falta do reconhecimento de assinaturas”. Antecipando este tipo de situações, logo no dia 26 de fevereiro, Mário Leite da Silva enviou o referido requerimento para a Procuradoria-Geral da República Angolana por correio expresso e no dia 27 de fevereiro, por correio registado com aviso de receção, para os consulados de Angola em Lisboa e no Porto. O gestor confirma que os seus advogados já têm em sua posse o comprovativo da entrega do requerimento no Consulado de Angola na cidade do Porto", lê-se no comunicado.

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Leite da Silva diz que se tratam de "dificuldades inauditas. Está em causa garantir a um cidadão o exercício de um direito legal, a receção de um requerimento que é o seu meio de defesa penal. Espero que as autoridades judiciárias angolanas, e entre todas elas, o senhor Procurador-Geral da República faça respeitar a lei, sem o que Angola se expõe à imagem de um país que não se pauta pelas regras de um Estado de Direito". 

"Espero que a justiça portuguesa que, depois de arrestar as minhas contas bancárias por ordem de Angola, no âmbito deste mesmo processo, me encaminhou sistematicamente para Angola em relação a tudo quanto tentei requerer, perceba o beco sem saída em que se encontra um cidadão português, há vários anos à mercê da mais rude ilegalidade". 

No final de fevereiro, o antigo braço direito de Isabel dos Santos, pediu ao Supremo Tribunal de Angola para ser julgado em Portugal, invocando o caso de Manuel Vicente para pedir separação e transferência do processo em que é arguido para Portugal. Neste requerimento, com data de 26 de fevereiro, o gestor argumenta que para além de se verificarem, no caso, todos os requisitos legais para a delegação do processo, o pedido é ainda legitimado pelo princípio da reciprocidade, acionado em 2018, no caso em que é arguido Manuel Vicente, ex-vice-presidente de Angola.

O requerimento refere ainda que já no caso de Manuel Vicente houve outras pessoas implicadas, o que não só não impediu a transferência do processo para Angola, como permitiu o julgamento de arguidos portugueses em Portugal. 

Em causa está um processo-crime em que Isabel dos Santos é acusada de vários crimes durante o projeto de reestruturação da Sonangol, entre 2016 e 2017.

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