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"Guerra e sanções são um grande negócio". PCP acusa Governo de não confrontar especulação que gera custo de vida "galopante"

Referindo o valor de 8% da inflação homóloga de maio, o líder comunista afirmou que a especulação iniciada no período da pandemia se ampliou “a pretexto da guerra e, principalmente, das sanções”

O secretário-geral do PCP acusou este sábado, em Benavente (distrito de Santarém), o Governo socialista de não querer enfrentar o galopante aumento do custo de vida ao recusar confrontar as “claras atividades especulativas” dos grupos económicos.

Jerónimo de Sousa encerrou, em Benavente, a XI Assembleia da Direção Regional de Santarém do Partido Comunista Português (PCP), realçando o retrato feito de um distrito envelhecido e empobrecido, apesar de “anos e anos de bonitas palavras sobre a coesão do território nacional, mas na verdade de abandono efetivo de vastas zonas do país à sua sorte”.

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Referindo o valor de 8% da inflação homóloga de maio, o líder comunista afirmou que a especulação iniciada no período da pandemia se ampliou “a pretexto da guerra e, principalmente, das sanções”, sem que o Governo ouse confrontar quem a promove.

“Guerra e sanções (…) são um grande negócio para o complexo militar industrial norte-americano, para as grandes transnacionais dos combustíveis e da energia e para os grandes grupos do setor alimentar”, frisou.

Para Jerónimo de Sousa, “enquanto o grande capital nacional e transnacional ganha milhares de milhões, o Governo do PS, fazendo coro com os senhores do dinheiro e da especulação, veio afirmar que ‘aumentar salários alimenta a inflação’ (…), orientação que tem levado à prática e que agora disfarça com apelos inconsequentes sobre salários para a plateia mediática”.

No discurso de cerca de meia hora que encerrou os trabalhos da organização distrital de Santarém do partido, o secretário-geral do PCP pediu ao Governo que regule os preços dos combustíveis, fixando preços máximos, e que garanta a “reposição da taxa do IVA nos 6% na eletricidade e no gás”.

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Jerónimo de Sousa defendeu, ainda, a criação de um “Cabaz Alimentar Essencial, que defina um preço de referência para cada um dos produtos, com base nos custos reais e numa margem não especulativa”.

Por outro lado, afirmou ser “tempo de passar das palavras aos atos em matéria de salários e pensões, a mais importante e decisiva medida para impedir a corrosão do poder de compra e o empobrecimento acelerado de milhões de portugueses”.

“O Governo pode e deve promover uma atualização extraordinária para todas as pensões no montante mínimo de 20 euros por pensionista”, disse, pedindo, igualmente, a revogação da caducidade da contratação coletiva, “para facilitar a negociação dos aumentos dos salários em todos os setores e não o que se propõe fazer que é passar por cima deste problema com as suas recentes propostas de revisão da legislação laboral”.

Apontando o potencial agrícola do distrito de Santarém, Jerónimo de Sousa afirmou que “a gravíssima dependência” do país no caso dos cereais “é já um caso de segurança nacional”.

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“Como compreender que o Governo anuncie planos atrás de planos e a área de cereal semeado continue a diminuir e só se garanta a produção de 5% do trigo ou 30% do milho que precisamos?”, questionou.

Salientando que esta situação nada tem a ver com a guerra na Ucrânia, a qual “só veio destapar” o problema, nem com a qualidade dos solos, o líder comunista frisou que, em 1986, ano da entrada de Portugal na CEE, se semeavam “880 mil hectares de cereais e agora só se semeiam pouco mais de 240 mil”.

“O problema não é a produtividade. São os tipos de apoio que são ou não são dados a estas ou a outras culturas, os apoios que são dados sem a obrigação de produzir, a taxa de lucro que cada cultura garante ao agronegócio e, particularmente, as opções dos sucessivos governos de se colocarem ao serviço desses lucros”, acrescentou.

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