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Livre e PAN querem ouvir ministro da Saúde no parlamento sobre acesso ao aborto

Solicitações dos partidos surgem depois de uma investigação do Diário de Notícias, que dá conta de que "os hospitais públicos violam lei do aborto”

Os deputados únicos do Livre e PAN querem ouvir com urgência o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, no parlamento, entre outras entidades, sobre alegados constrangimentos no acesso à interrupção voluntária da gravidez em hospitais públicos.

Num requerimento dirigido ao presidente da comissão parlamentar de Saúde, o social-democrata António Maló de Abreu, o Livre pede a audição, além do ministro, do diretor do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, da Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, e da Chefe de Divisão da Saúde Sexual, Reprodutiva, Infantil e Juvenil da Direção-Geral da Saúde, Dina Oliveira.

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No texto, o partido representado na Assembleia da República pelo deputado Rui Tavares lembra que a partir de 2007 a interrupção da gravidez a pedido da mulher passou a ser legal até às 10 semanas de gestação e desde então “os números conhecidos de interrupções voluntárias da gravidez têm vindo a diminuir e os procedimentos são realizados de forma segura e sem colocar em risco a vida das mulheres”.

“Apesar do que está previsto na lei, o acesso ao SNS para a realização de uma interrupção voluntária da gravidez não é simples nem garantido, como tem vindo a ser reiteradamente denunciado e como foi exposto na reportagem do Diário de Notícias de dia 11 de fevereiro”, escrevem.

O Livre defende que “o acesso à IVG é uma questão de saúde pública e um direito humano que o país tem de garantir” e salienta que já em julho de 2022 “o Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Contra as Mulheres (CEDAW) tinha notado com preocupação a aplicação desigual da Lei n.º 3/2016, de 29 de fevereiro, tendo recomendado que o Estado Português deve assegurar a efetiva implementação da lei em todas as regiões do país e para todas as mulheres”.

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Também a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, entregou esta segunda-feira um requerimento para ouvir Manuel Pizarro e ainda o Inspetor-Geral das Atividades em Saúde, António Carlos Caeiro Carapeto, a presidente do Conselho de Administração da Entidade Reguladora da Saúde, Sofia Nogueira da Silva, e a responsável pelo Comité de Aborto Seguro da Federação Internacional de Ginecologia, Teresa Bombas.

A deputada do PAN defende que as informações noticiadas pelo DN “e os obstáculos que nelas se relatam, a confirmarem-se, constituem um inadmissível retrocesso dos direitos consagrados na Lei nº 16/2007, de 17 de abril, e como tal, para além de um cabal esclarecimento, exigem medidas corretivas que salvaguardem os direitos reprodutivos reconhecidos às mulheres pela legislação em vigor”.

O PAN pretende que “a Assembleia da República leve a cabo um amplo conjunto de audições para que sejam dados os esclarecimentos sobre os obstáculos à IVG anteriormente descritos (e a existência de outras situações para além das relatadas) e para que se afiram as medidas corretivas necessárias para garantir que os direitos reprodutivos das mulheres consagrados” na lei “são plenamente e escrupulosamente respeitados e que situações como as relatadas não se repetem”.

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Este fim de semana o Diário de Notícias (DN) noticiou que “os hospitais públicos violam lei do aborto”, na sequência de uma investigação em que relata vários casos em que a lei não foi cumprida.

O PS já anunciou que quer ouvir no parlamento com urgência a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, e o BE também pediu a audição do ministro da Saúde, Manuel Pizarro.

Em 2007, um referendo nacional veio permitir que as mulheres em Portugal passassem a poder interromper uma gravidez até às 10 semanas, num estabelecimento de saúde reconhecido e com capacidade para tal. Antes disso, o aborto era penalizado e criminalizado.

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