Depois do dia em que assinalaram três meses da guerra na Ucrânia, chegam-nos os números da ONU que confirmam quase 4.000 civis mortos desde o início do conflito, dos quais mais de 250 são crianças.
Em concreto, e de acordo com os dados do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, já morreram pelo menos 3.974 civis e 4.654 ficaram feridos, entre os quais 402 crianças. No total, em três meses de guerra, morreram pelo menos 259 crianças.
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Estes são os números de uma guerra que parece ainda estar longe de acabar, tendo em conta os relatos que surgem sobretudo das regiões do leste da Ucrânia. As tropas russas parecem estar focadas agora em Lugansk, região que “é agora como Mariupol”, como descreveu o governador Serhiy Haidai, nas primeiras horas desta quarta-feira.
Lugansk está a ser alvo de "bombardeamentos cada vez mais intensos", com as tropas russas a utilizarem “um número absurdo de caças e equipamento” para destruir a cidade e seus arredores, sobretudo Severodonetsk, uma cidade estratégica a noroeste de Lugansk, contou Haidai no Telegram.
Perante as ofensivas russas na região leste da Ucrânia, o Ministério da Defesa do país garantiu que as tropas ucranianas não vão baixar as armas e vão continuar a lutar para manter o controlo da principal estrada que dá acesso a Severodonetsk, a principal rota de abastecimento do Donbass.
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Lyman, cidade estratégica localizada na região de Donetsk, também é agora palco de uma “ofensiva intensa” das tropas russas, que têm como objetivo "assumir completamente o controlo" de Lyman, de acordo com o Ministério da Defesa da Ucrânia.
"O inimigo tem em curso operações ofensivas e está a tentar cercar as nossas unidades perto de Lysychansk e Severodonetsk para alcançar a fronteira administrativa da região de Lugansk", disse o porta-voz do ministério Oleksandr Motuzyanyk, citado pela CNN Internacional.
A "chantagem" da Rússia que está a dar que falarEsta quarta-feira ficou marcada também por uma sugestão do Ministério Negócios Estrangeiros da Rússia que está a ser muito criticada na Ucrânia. Em concreto, a Rússia manifestou-se disponível para abrir corredores humanitários para os navios que transportam bens alimentares conseguirem sair da Ucrânia. Mas só o faz sob uma condição: em troca, o Kremlin exige “o levantamento das sanções que foram impostas às exportações e transações financeiras russas", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Andrei Rudenko, citado por agências de notícias da Rússia.
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Os portos ucranianos do Mar Negro estão bloqueados desde o início da invasão russa, o que está a prejudicar as exportações da Ucrânia, sobretudo de cereais ucranianos, essenciais para o abastecimento de muitos países.
Em resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, acusou a Rússia de tentar "chantagear" a comunidade internacional com esta proposta.
"A Rússia está agora a chantagear o mundo ao exigir o levantamento das sanções em troca do desbloqueio da exportação de cereais ucranianos. Qualquer político ou oficial estrangeiro que possa estar a ponderar aceitar este jogo deve visitar primeiro as sepulturas das crianças ucranianas e falar com os seus pais", escreveu Kuleba numa publicação no Twitter.
Russia now blackmails the world by demanding to lift sanctions in exchange for them unblocking Ukraine’s food exports. Any foreign politician or official who may think of accepting this game should first visit the graves of killed Ukrainian children and talk to their parents.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) May 25, 2022
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O Reino Unido já reagiu a esta sugestão de Moscovo através do secretário de Estado para a Defesa, Ben Wallace, que, de acordo com a Reuters, rejeitou a ideia de suspender as sanções contra a Rússia em troca da possibilidade de exportação de cereais da Ucrânia.
Ucrânia acusa Rússia de "transformar a ocupação em anexação" com novo decretoEsta quarta-feira, o presidente Vladimir Putin assinou ainda um decreto que visa simplificar o processo de concessão da cidadania russa a residentes de Kherson e Zaporizhzhia, cidades ocupadas pelas tropas russas. Em resposta, a chefe do Comité Parlamentar da Integração da Ucrânia na União Europeia, Ivanna Klympush, afirmou que este decreto “transforma a ocupação em anexação” e acusou as forças russas de “primeiro destruírem e depois roubarem os territórios e a população” da Ucrânia.
#Russia simplifies procedure 4obtaining its citizenship on occupied #Ukrainian lands. It turns occupation into annexation, 1st destroying, then stealing our territories &people. #RU must Bdefeated, otherwise the 🌎 will return 2Dark Ages, where tyrants ruled the fate of millions. pic.twitter.com/MMLiEZFpwu
— Ivanna Klympush (@IKlympush) May 25, 2022
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O dia de hoje ficou também marcado pela ‘luz verde’ do governo britânico para a venda do Chelsea, clube inglês que ainda está nas mãos do russo Roman Abramovich, a um consórcio liderado pelo bilionário norte-americano Todd Boehly. O anúncio foi feito esta manhã pela ministra britânica do Desporto, Nadine Dorries, que justificou a decisão com o facto de Abramovich ter ligações ao presidente russo. “Dadas as sanções que aplicamos àqueles que têm ligações a Putin e à invasão sangrenta da Ucrânia, o futuro a longo prazo do clube só pode ser garantido com um novo proprietário”, escreveu a ministra na sua conta oficial no Twitter.
Entretanto, o Governo português - que também tem de autorizar o negócio, tendo em conta a nacionalidade portuguesa de Abramovich - já confirmou a receção da carta do ainda proprietário do Chelsea a pedir a venda do clube inglês.
“Estamos a analisar essa carta, faremos a devida concertação com a Comissão Europeia e em breve daremos a nossa resposta”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, em resposta à agência Lusa.
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