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Esta pode ter sido a pior semana para a Ucrânia desde a queda de Mariupol

A defesa ucraniana de Lysychansk - a última cidade que ainda detêm na região do Lugansk - tornou-se muito mais frágil.

Há semanas que as forças russas tentam destruir as posições defensivas ucranianas ao sul e a leste da cidade, num esforço para cercar e isolar as tropas ucranianas responsáveis por defendê-la.

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Um militar ucraniano observa o resultado de um ataque a um armazém perto de Lysychansk a 17 de junho de 2022

Nos últimos dias, os russos avançaram para várias aldeias ao sul de Lysychansk, mas não sem sofrerem baixas do fogo da artilharia ucraniana. Na verdade, os militares ucranianos alegam que alguns grupos táticos do batalhão russo estão a ser consolidados ou retirados para reporem as suas capacidades de combate.

O Instituto para o Estudo da Guerra, na sua mais recente análise diária do campo de batalha, diz que o avanço russo a sul significa que eles “podem ameaçar Lysychansk nos próximos dias, ao mesmo tempo evitando uma difícil travessia do rio Siverskyi Donets”.

As povoações que as autoridades ucranianas confirmaram como perdidas, na quarta-feira, situam-se todas na margem ocidental do rio Siverskyi Donets, a 10 quilómetros da periferia sul da cidade.

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“Os russos estão a aproximar-se de Lysychansk, entrincheirando-se em cidades próximas. A cidade está a ser bombardeada por aviões”, segundo Serhiy Hayday, chefe da administração militar regional de Lugansk.

Soldados ucranianos deslocam-se em veículos blindados numa estrada na região do Donbass, no leste da Ucrânia, a 21 de junho de 2022

Hayday reconheceu que a situação estava “difícil” na zona a sul de Lysychansk. “O inimigo entrou em Toshkivka, o que lhe permitiu intensificar os ataques contra outras povoações.”

Ele disse que as forças russas estavam entrincheiradas em várias aldeias imediatamente a sul de Lysychansk, incluindo Ustynivka, Pidlisne e Myrna Dolyna, e que estavam a avançar em Bila Hora. “Não é fácil para os nossos soldados manter a defesa”, admitiu.

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Ao longo da sua campanha, a Rússia usou a tática de bombardeamento intenso antes de tentar tomar o território. Os comentários de Hayday sugerem que as defesas ucranianas à volta de Lysychansk começaram a sucumbir ao muito maior poder de fogo russo, após semanas de bombardeamentos.

As forças ucranianas continuam a lutar nos arredores da cidade vizinha de Severodonetsk e em comunidades adjacentes - e beneficiam do terreno mais elevado em Lysychansk.

Mas as linhas de abastecimento, já comprometidas, estão a tornar-se mais frágeis, e a magnitude do poder de fogo russo está a destruir as posições defensivas.

As derrotas sofridas nos últimos dias, após semanas de resistência determinada, marcam provavelmente a semana mais difícil para os militares ucranianos desde a rendição dos últimos defensores em Mariupol.

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Um blindado ucraniano está em posição durante os intensos combates na linha de frente em Severodonetsk, a 8 de junho
Militares russos patrulham junto à siderurgia Azovstal, em Mariupol, a 13 de junho de 2022

Os ataques perto de Lysychansk estão a ser realizados em conjunto com os renovados esforços russos para cortar a estrada que segue para oeste, para Bakhmut, uma linha de comunicação crítica para os ucranianos. Em alguns lugares, as forças russas estão a poucos quilómetros da estrada.

A defesa ucraniana de Severodonetsk e de Lysychansk consumiu o poder de fogo de muitas unidades russas e atenuou os esforços russos de avançarem na região vizinha do Donetsk. No entanto, os russos ainda podem chamar as reservas mantidas nas regiões próximas do sudoeste da Rússia - enquanto algumas das melhores unidades da Ucrânia estão verdadeiramente esgotadas devido a meses de ataques de mísseis, rockets, artilharia e bombardeamentos aéreos.

Mas se os ucranianos decidirem resistir à volta de Lysychansk, provavelmente serão necessários esforços russos substanciais, talvez ao longo de semanas, para tomar a cidade. Nessa altura, a cidade pode já estar como as cidades parcialmente arrasadas de Severodonetsk, a vizinha Popasna e até Mariupol.

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