O ex-presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, reconheceu que as eleições norte-americanas, com a possível eleição de Donald Trump, serão o elemento mais determinante no curso da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. E admitiu uma mudança de postura dos líderes europeus em relação a cedências de territórios por parte da Ucrânia como parte do caminho para a paz.
Em entrevista à CNN Portugal, Durão Barroso explicou que, neste conflito às portas da Europa, “para já, não vai acontecer nada enquanto não houver eleição nos Estados Unidos”. O presidente russo Vladimir Putin, disse, está “à espera de Trump”, “alguém que é mais próximo dele”.
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“Se tivesse de apostar, talvez Trump tenha mais hipótese. Tem uma dinâmica de vitória que não vejo esse entusiasmo do outro lado”, afirmou Durão Barroso.
“Nem a Rússia conseguiu o seu objetivo de controlar a Ucrânia, fazer da Ucrânia uma espécie de Bielorrússia, um pais-satélite cuja política externa e a defesa controlaria completamente. Nem a Ucrânia conseguiu recuperar ou parece poder recuperar todo o seu território”, descreveu.
Na entrevista com Nuno Santos, Durão Barros admitiu ainda que os políticos europeus começam a falar, “em termos mais discretos”, sobre os “possíveis cenários” para um compromisso de paz entre a Rússia e a Ucrânia, com cedências de territórios por parte deste último país.
“Os políticos europeus têm evitado falar nas concessões que a Ucrânia pode fazer. Porque dizem, e bem, que não temos autoridade para dizer a um país ocupado que possa fazer alguns compromissos quando o seu país está a ser ocupado”, começou por contextualizar.
Ainda assim, o ex-presidente da Comissão Europeia na acredita que seja possível uma paz plena: “parece praticamente impossível uma paz. E estou convencido de que uma paz, no sentido de uma verdadeira reconciliação, não vai haver no futuro previsível”, mantendo-se “este problema de desconfiança entre a Rússia e a Europa”.
Questionado sobre a mudança na liderança da NATO, com a escolha de Mark Rutte para secretário-geral, iria trazer alterações ao conflito, Durão Barroso admitiu que não, uma vez que, “no essencial, a orientação já está definida”.
“O que pode mudar isso, sim, será Trump. Poderá introduzir algumas nuances que poderão introduzir alguns embaraços em Kiev”, resumiu.
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