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A história da cave dos horrores que manteve em cativeiro 360 pessoas sequestradas pelos russos

Cerca de dez pessoas acabaram por morrer. Houve quem acordasse ao lado de uma pessoa que perdia a vida durante a noite. O cheiro, cada vez mais insuportável, obrigou a guardar os corpos na sala da caldeira

Foram mais de 28 dias de terror. Svetlana Baranova e Lilia Bludshaya sobreviveram na cave de uma escola na região de Yahidne, a 20 quilómetros de Chernihiv, com mais 358 pessoas, entre as quais 74 crianças, que ficaram reféns do exército russo. Sem água, sem comida, sem luz e sem ventilação. 

“Forçaram-nos a entrar naquela sala sem ventilação, sem casas de banho e sem luz. Os russos abriam-nos a porta às sete da manhã para nos deixar ir à casa de banho, mas não todos os dias”, afirmam.

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Às vezes ficavam vários dias sem ir à casa de banho e eram obrigados a utilizar baldes. O cheiro, descrevem, era tão mau que algumas pessoas acabaram por morrer por falta de oxigénio.

“Tínhamos baldes, mas não eram suficientes. Havia um fedor terrível. O cheiro era tão mau que alguns morreram por falta de oxigénio”, conta Svetlana. 

Cerca de dez pessoas acabaram por morrer. Houve quem acordasse ao lado de uma pessoa que perdia a vida durante a noite. O cheiro, cada vez mais insuportável, obrigou a guardar os corpos na sala da caldeira. 

Os sons não eram mais acolhedores. Havia quem gritasse em agonia e quem batesse com o corpo contra a parede. Svetlana e Lilia garantem que houve quem tenha chegado a enlouquecer. “O mais novo tinha 21 dias. Não comemos, nem bebemos, os pequenos gritavam. As mães pediram aos soldados russos água a ferver para cozinhar, mas nada”, recordam.

Porém, sem explicação, no dia 30 de março, as vozes russas deixaram de se fazer ouvir. Sem saberem se a guerra tinha acabado, fizeram uma bandeira com um trapo branco e saíram da cave em direção à cidade vizinha de Krasne. 

A história destas pessoas ganhou notoriedade na quinta-feira depois de recordada pelo jornalista da BBC, Steve Rosenberg, ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov. “Isto é que é lutar contra os nazis?”, questionou o jornalista britânico. A resposta de Lavrov chocou o mundo. “A Rússia não é imaculada. A Rússia é o que é e não temos vergonha de mostrar quem somos.”

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