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"Não compreendemos os objetivos políticos" por trás da ação militar em Gaza, diz ministro português

João Gomes Cravinho esteve dois dias no Médio Oriente, tendo passado por Israel, Palestina, Jordânia e Egito

O chefe da diplomacia portuguesa considerou este sábado que não se compreendem quais são os objetivos políticos que justificam a intervenção militar de Israel na Faixa de Gaza, reiterando o apelo a um cessar-fogo permanente.

“Não vimos ainda uma ideia muito clara, um plano político claro que esteja por detrás da ação militar e é importante recordar que o instrumento militar é exatamente isso, é um instrumento para atingir um fim político. Não estamos neste momento a compreender os objetivos políticos que ainda possam justificar o instrumento militar”, afirmou à Lusa João Gomes Cravinho, no final de uma visita de dois dias, que realizou ao Médio Oriente, em conjunto com a homóloga eslovena, Tanja Fajon, passando por Israel, Palestina, Jordânia e Egito.

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O governante reiterou o apelo ao cessar-fogo na Faixa de Gaza, além da trégua de quatro dias acordada entre Israel e o grupo islamita Hamas.

Sobre os encontros que manteve nestas visitas, com os seus homólogos mas também de alto nível, afirmou que Portugal e Eslovénia transmitiram as suas posições “de modo igual a todos esses interlocutores”.

“Em relação à Palestina, Jordânia e o Egito, creio que há uma convergência muito forte, o que também é um ponto muito importante a reter”, salientou.

Durante estes dias, os ministros europeus condenaram “as atrocidades” cometidas pelo Hamas no ataque de 7 de outubro, enquanto deploraram e transmitiram solidariedade à Autoridade Palestiniana pelos milhares de mortos na Faixa de Gaza em consequência da resposta israelita.

Portugal e Eslovénia insistiram na necessidade de transformar o cessar-fogo em vigor desde sexta-feira numa trégua permanente, defendendo que a única solução para o conflito é político-diplomática tendo em vista a implementação dos dois Estados – Israel e Palestina.

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Outra ideia sublinhada pelos dois países junto dos seus interlocutores foi a de que a população de Gaza deve permanecer naquele território, rejeitando o seu deslocamento forçado.

Além disso, manifestaram preocupação com a crescente violência de colonos contra palestinianos na Cisjordânia, que se agravou desde o início dos combates entre Israel e Hamas, e que consideraram que prejudica as iniciativas para a paz na região.

  Israel e o Hamas cumprem hoje o segundo dia de tréguas nos combates, após um acordo que prevê a libertação de reféns pelo grupo islamita e de prisioneiros palestinianos por Telavive.

A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) – desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.

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Em retaliação, Israel declarou uma guerra para erradicar o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 50.º dia e ameaça alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza cerca de 15.000 mortos, na maioria civis, e mais de 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 200 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.

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