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Quanto vai pagar na fatura deste mês da Vodafone? Os conselhos da Deco sobre os serviços afetados no cibertaque

Operadora poderá compensar os clientes em nome da boa relação comercial, mas por agora é necessário aguardar apuramento de responsabilidades do ciberataque, alerta jurista da Deco Proteste à CNN Portugal

Chamadas cortadas, SMS por enviar, televisão que não funciona, dados móveis lentos. Estas são algumas das muitas queixas que, desde que se fizeram sentir os efeitos do ciberataque à Vodafone, têm sido escritas nas redes sociais pelos clientes da operadora, que esperam que a próxima fatura não seja debitada devido às falhas nos serviços.

Mas, em caso de ciberataque, é legítimo esperar que a Vodafone seja obrigada a compensar os utilizadores? Poderá fazê-lo, por cortesia comercial e em nome do bom relacionamento com os clientes, indica Rita Pinho Rodrigues, jurista da Deco Proteste. Porém, até ao momento, e porque não foram apuradas as responsabilidades do ataque, é prematuro tirar conclusões. "Ainda estamos longe de se perceber o que aconteceu", frisa a jurista.

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Rita Pinho Rodrigues aconselha os clientes da Vodafone a partilharem com a operadora os constrangimentos que estão a sentir, até porque só mediante a prova dos danos poderá ser solicitado eventual reembolso. "Temos de ser cautelosos", explica, uma vez que ainda decorre a investigação e a própria Vodafone continua a tentar estabilizar todos os serviços que oferece. 

"Neste momento, a mensagem é partilhar as dificuldades e depois apurar responsabilidades", refere a jurista. A própria Vodafone apelou a que os clientes o façam através da aplicação, uma vez que essa informação poderá servir de auxílio à investigação e ao mapeamento que a operadora e as autoridades estão a fazer do ciberataque que se iniciou na noite de segunda-feira.

Mas dificilmente as falhas nos serviços provocadas pelo ciberataque terão enquadramento na reclamação por avaria, ao abrigo do artigo 39.º da Lei das Comunicações Eletrónicas, admite a jurista. Ainda que a legislação estabeleça que é direito do consumidor aceder aos serviços contratados de forma contínua, sem interrupções ou suspensões indevidas, não existe referência à possibilidade de ser um ciberataque a provocar a indisponibilidade dos serviços.

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Para Rita Pinho Rodrigues, a haver lugar a compensação por parte da Vodafone, poderá passar por uma redução do valor na fatura, alargamento de serviços ou oferta de serviços adicionais. Mas, por agora, não é certo que isso aconteça, a não ser que a própria Vodafone assim o decida. A CNN Portugal contactou a operadora sobre esta questão, mas não obteve resposta até à hora de publicação desta notícia. 

Apontando que a Vodafone está a fazer "um esforço geral em comunicar e passar informação" aos clientes sobre o ciberataque, a jurista acrescenta ainda que este tipo de ataque deverá servir de alerta e ser enquadrado na Lei das Comunicações Eletrónicas que está a ser revista.

"É necessário fazer o enquadramento deste tipo de situações que vão continuar a surgir", diz Rita Pinho Rodrigues.

Até ao momento, as autoridades adiantam apenas que todas as hipoteses estão em aberto a propósito da autoria e motivação do ataque à Vodafone, admitindo-se um ataque a título individual ou uma ação de grupo concertada. A empresa não recebeu qualquer pedido de resgate e a Polícia Judiciária já pediu auxílio internacional para conduzir a investigação.

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