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Primeiras estimativas dão vitória da extrema-direita na primeira volta em França

Estimativas à boca das urnas apontam para uma vitória do Rassemblement National com cerca de 34% dos votos. Bloco centristas de Macron fica atrás da coligação de esquerda. Partido de Mélenchon já anunciou que vai retirar todas as candidaturas em que tenha ficado em terceiro contra a extrema direita

O partido de extrema-direita francês União Nacional (UN), liderou a primeira volta das eleições legislativas com cerca de 34% dos votos, segundo as sondagens IFOP, Ipsos, OpinionWay e Elabe.

A coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) ficou em segundo lugar, com cerca de 29%, à frente do bloco centrista do presidente francês Emmanuel Macron, que ficou em terceiro lugar, com 20,5-23%.

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De acordo com uma estimativa da Elabe para a BFM TV, o UN e os seus aliados podem vir a conquistar entre 260 a 310 assentos no parlamento na segunda volta de votação a 7 de julho. Já a Ipsos projeta um intervalo de 230-280 lugares para o UN. São necessários 289 lugares para obter a maioria absoluta na Assembleia Nacional, a câmara baixa do parlamento francês.

A taxa de participação nestas eleições foi estimada em 65,5%, significativamente superior à taxa de participação de 47,5% registada em 2022. Numa primeira reação aos resultados, o chefe de Estado francês sublinhou, em declarações à AFP, que a elevada participação neste escrutínio demonstrou uma vontade dos franceses de “esclarecer a situação política”. E pediu também uma "grande aliança claramente democrata e republicana" para a segunda volta.

Mais tarde, o primeiro-ministro de França, Gabriel Attal, viria alongar-se mais nas reações oficiais aos resultados. A partir da sua residência oficial, em Matignon, sublinhou que "a lição a retirar desta noite" eleitoral é que "a extrema-direita está às portas do poder". Pedindo que "nenhum voto" vá para o partido de Le Pen, salientou que irá trabalhar numa solução para que o UN não chegue à maioria absoluta.

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Também numa primeira reação à vitória do seu partido, Marine Le Pen, afirmou que os franceses escolheram "claramente o seu vencedor" e  sublinhou estar confiante de que Jordan Bardella será eleito primeiro-ministro após a segunda volta das eleições antecipadas, que levará novamente os franceses às urnas no dia 7 de julho. "Os franceses praticamente fizeram desaparecer o bloco de Macron", reiterou. Ainda assim, pediu que a afluência não caia para a semana: "Nada está ganho, a segunda ronda é decisiva".

Por sua vez, Jean-Luc Mélenchon líder do França Insubmissa - um dos partidos que fez nascer a Nova Frente Popular - garantiu que os resultados parecem mostrar uma "derrota pesada e indiscutível" inflingida a Macron. "Esta votação massiva atrapalhou a armadilha que foi preparada para o país", sublinhou, ao mesmo tempo que pediu uma maioria absoluta à coligação de esquerda.

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Também à esquerda, o líder do Place Publique, Raphaël Glucksmann, lançou um apelo a que os partidos que fiquem em terceiro lugar se retirem da corrida. Em comunicado, referiu que "a história está a observar-nos e a julgar-nos" e pediu um "voto claro" contra os candidatos do UN. Já Marine Tondelier, secretária nacional dos ecologistas, Europe Écologie Les Verts, disse querer uma  "construção de uma nova frente republicana" na segunda volta das eleições legislativas, desafiando diretamente Emmanuel Macron: "Seria incompreensível se algumas pessoas continuassem a não distinguir entre a esquerda e a extrema-direita". "Se não se qualificarem para a segunda volta, votem num candidato que defenda os valores republicanos".

A confirmarem-se estas projeções, a próxima semana levará a um período de intensas negociações políticas  com os partidos de centro e de esquerda a decidirem se querem ou não abandonar os seus lugares para impedir o UN de obter uma maioria. Do lado da Nova Frente Popular, já surgiu um repto: o partido de Mélenchon vai retirar todas as candidaturas em que tenha ficado em terceiro contra a extrema direita. "A nossa linha de orientação é simples e clara: nem mais um voto para o UN".

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A "linha de orientação" no passado

A estratégia que Mélenchon destacou no início desta noite de domingo segue a mesma linha de orientação de eleições passadas em que o UN conseguiu alcançar um forte desempenho. Nessas alturas, os partidos de esquerda tendem a unir-se aos centristas e desenhar um cordão sanitário à volta do partido de extrema-direita. Esse princípio foi memoravelmente colocado em prática em 2002 quando o pai de Marine, Jean-Marie Le Pen derrotou Lionel Jospin nas eleições presidenciais. 

Mas, na segunda volta, o sentido foi invertido, com os socialistas a marcharem atrás de Jacques Chirac, permitindo-lhe uma esmagadora vitória à segunda volta. Até ao fim desta noite, não se tornou claro se Macron estará disponível para assumir o mesmo princípio e apelar a que os seus apoiantes votem na Nova Frente Popular nos círculos eleitorais onde o bloco centrista ficou em terceiro lugar. 

Esse apelo, aliás, parece ser uma linha vermelha de alguns dos partidos que constituem a aliança de esquerda e que, durante a noite, reprimiram a prestação do partido de Macron. Marine Tondelier, dos ecologistas, foi a mais direta: fez um apelo pessoal a Macron para que se demitisse em certos lugares para evitar a vitória do UN.

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