Quase uma em cada cinco mulheres portuguesas, entre os 15 e os 49 anos, já sofreu de violência física ou sexual por parte de um parceiro íntimo pelo menos uma vez na vida. Os dados pertencem ao maior estudo sobre violência de género realizado até hoje, publicado pela revista Lancet, com base em números da Organização Mundial de Saúde.
Na Europa, cerca de 23% das mulheres desta faixa etária já terão sido agredidas, ameaçadas ou violadas. Portugal fica ligeiramente abaixo dessa média, com 18%. Se olharmos para outros países europeus, os valores são algo semelhantes: Espanha 16%, Itália 16% e Suíça 12%, enquanto que, em França e no Reino Unido, essa média sobe para os 22% e 24%, respetivamente.
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Com base em 366 estudos, realizados em 161 países, concluiu-se que, entre 2000 e 2018, uma em cada quatro mulheres (27%) já havia sido agredida física ou sexualmente, ou ambas, por parte de um homem desde os 15 anos.
27% (23-31%) |
13% (10-16%) |
26% (22–30%) |
10% (8–12%) |
24% (21–28%) |
16% (14-19%) |
26% (23-30%) |
16% (13-19%) |
27% (23-32%) |
15% (12–18%) |
28% (24–33%) |
13% (11–17%) |
28% (24–33%) |
12% (10-15%) |
27% (23-32%) |
10% (8–13%) |
26% (22–31%) |
8% (6–11%) |
25% (21–30%) |
7% (5-9%) |
24% (20–30%) |
6% (5-8%) |
23% (19–31%) |
5% (4-7%) |
23% (18–30%) |
4% (3-7%) |
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Olhando para esta tabela, percebe-se que este tipo de agressões começam a ter prevalência na vida de mulheres muito cedo. A nível global, quase uma em cada quatro jovens entre os 15 e os 19 anos já passou por uma situação de abuso: cerca de 24%.
Em termos de variações regionais, a percentagem mais alta de violência sexual ou física contra mulheres pertence à Oceania, com 49%, África Subsariana, 44%, e América Latina, com 38%. No sentido oposto, está a Europa Central, com 16%, Ásia Central, com 18%, e a Europa Ocidental, com 20%.
Este tipo de agressões são uma violação grave dos direitos humanos, um problema de saúde pública e, sobretudo, um crime público do qual a sociedade tem a obrigação de estar atenta. Normalmente, acontecem no contexto de um casamento, coabitação, ou em qualquer outro tipo de relação e deixam marcas, a curto e longo prazo, na saúde física e mental das vítimas.
Em Portugal, morreram 23 pessoas por violência doméstica em 2021, 16 mulheres, duas crianças e cinco homens. Números que representam uma quebra face a 2020, com menos nove vítimas mortais registadas.
Em 2021, as forças policiais receberam 26.511 ocorrências, menos 1.108 do que no ano anterior, o que representa um decréscimo de 4%. No final do ano passado, a Polícia de Segurança Pública (PSP) revelou que reportou mais de 215 mil casos de violência doméstica desde que este crime passou a ser público, há 20 anos.
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