As conversações sobre segurança estratégica devem ser realizadas exclusivamente entre Washington e Moscovo, sem a participação de países terceiros, disse hoje o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo Sergey Riabkov.
"Propusemos conversações aos Estados Unidos numa base bilateral. Se trouxermos outros países para estas [conversações], vamos simplesmente afogá-las em debates e conversas", disse o diplomata à agência noticiosa russa TASS, comentando as declarações da Casa Branca sobre possíveis consultas com os seus aliados ocidentais.
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Riabkov lamentou que as relações entre a Rússia e os EUA se encontrem atualmente numa situação sem precedentes e perigosa.
"Espero que os americanos não subestimem que tudo mudou para pior. Mas por agora, infelizmente, não há sinais de que estejam dispostos a abandonar os seus padrões", disse.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo afirmou que as propostas apresentadas por Moscovo na véspera poderiam "estabilizar e melhorar" a situação.
"Mas sem elas a situação continuará a ser extremamente complexa e tensa. Ninguém deve subestimar a determinação de Moscovo em defender os seus interesses de segurança nacional. Ninguém deve tomar de ânimo leve a nossa perceção do perigo do que está a acontecer", advertiu.
Contudo, o diplomata disse que a Rússia está pronta a procurar compromissos, o que tem sido expresso "repetidamente nos últimos dias, tanto em contactos com representantes dos EUA como por outras vias".
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O diplomata sublinhou que a Rússia não compreende a posição dos EUA ou muitas das suas exigências.
"Há já vários meses que lhes pedimos que escrevam no papel o que querem dizer. E eles não o fazem. Não sei se não estão em condições de o fazer ou se não o querem fazer. Eles publicam as mesmas declarações, diretas e fortes. Se seguirmos o que eles dizem nestas declarações, não conseguiremos chegar a um acordo", disse.
O diplomata salientou que, quando a Rússia pede garantias de segurança, assume que a resposta permitirá um avanço cardinal para melhor.
Moscovo divulgou na sexta-feira os projetos do tratado e do acordo que propõe aos EUA e à NATO, respetivamente, para dar início a uma nova era de segurança que ponha fim à instabilidade provocada, segundo o Kremlin, pelo fim da Guerra Fria e da hegemonia solitária de Washington sobre o globo.
Nos projetos, Moscovo advertiu que a adesão da Ucrânia à NATO é uma linha vermelha não negociável, propôs a assinatura de um novo tratado que exclua o estacionamento de armas nucleares fora das fronteiras da Rússia e dos EUA, e o regresso aos seus silos de armas já implantados antes da entrada em vigor do documento vinculativo proposto.
Numa proposta sem precedentes, ambas as partes comprometer-se-iam também a destruir as infraestruturas de armas nucleares existentes no estrangeiro, além de cessarem os testes nucleares e de treinarem especialistas civis e militares de outros países, entre outras propostas.
Os EUA, que receberam as propostas na quarta-feira, responderam rapidamente que têm de consultar os seus aliados europeus antes de se pronunciarem.
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