A ideia podia ter sido boa, mas acabou por correr mal. Kevin Berling fazia anos e a empresa decidiu organizar uma festa surpresa durante a hora de almoço, apesar dos avisos do empregado que isto lhe podia gerar stress e ansiedade. E foi o que aconteceu.
De acordo com a BBC, que cita o processo entregue no tribunal do Kentucky, nos EUA, em agosto de 2019, enquanto almoçava na Gravity Diagnostics, Kevin Berling foi surpreendido pelos colegas, apesar de ter pedido que não o fizessem e ter explicado o porquê: poderia ter um ataque de pânico e reviver memórias desconfortáveis de infância.
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Perante a surpresa, o aniversariante, que sofre de ansiedade, começou a ter um ataque de pânico, abandonou a festa e acabou de almoçar, sozinho, no carro. Quando regressou ao trabalho no dia seguinte, Berling foi "confrontado e criticado" pela sua atitude, acusado de "roubar a alegria dos colegas" e de ser "uma menina", o que acabou por gerar um segundo ataque de pânico. Acabou por ser dispensado do trabalho por dois dias.
A 11 de agosto, a Gravity Diagnostics acabou por despedir Berling, alegando preocupações sobre segurança no trabalho.
Queixa rende 417 mil eurosPerante o despedimento, Kevin Berling apresentou uma queixa contra a companhia, alegando que foi discriminado por causa de uma deficiência e que foi dispensado injustamente, por ter pedido que respeitassem os seus desejos.
A companhia garante que não cometeu qualquer irregularidade mas, após dois dias de julgamento, no final de março, o tribunal considerou que a empresa era culpada e tinha de indemnizar o trabalhador em 417 mil euros (278 mil euros por stress emocional e 139 mil euros por perdas salariais).
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Em declarações ao jornal local Link NKY, a chefe de operações da empresa, Julie Bazil, afirmou que a Gravity Diagnostics mantém a sua decisão de despedir Berling, por ter violado a "política de violência no local de trabalho".
"Os meus empregados foram as vítimas neste caso, não o queixoso", afirmou.
Já o advogado do queixoso, Tony Bucher, afirmou à BBC que "não há qualquer prova" de que Berling tenha sido uma ameaça para os colegas e que "assumir que as pessoas com problemas mentais são perigosas sem qualquer tipo de prova de comportamento violento é discriminatório".
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