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Primeiro Costa disse que é um homem "de consensos e diálogos". Logo a seguir disse que não perdoa quem lhe "cortou as pernas"

Sem nunca citar diretamente o PCP e o BE, Costa diz que é "absolutamente imperdoável" o que fizeram

O secretário-geral do PS criticou esta quarta-feira quem tenta fazer da maioria absoluta “um papão”, contrapondo que o seu partido evitou a confrontação no “Verão Quente” de 1975 e uniu os portugueses contra a pandemia da covid-19.

António Costa definiu o PS como “o partido da concórdia nacional” no discurso que proferiu no encerramento de um comício na Escola Profissional de Faro, após uma intervenção da cabeça de lista socialista por este círculo eleitoral, a dirigente e ex-secretária de Estado da Saúde Jamila Madeira.

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Numa intervenção com críticas indiretas ao Bloco de Esquerda e ao PCP, e com ataques diretos ao PSD sobre políticas fiscal e de saúde, o líder socialista voltou a defender que só com maioria absoluta o país pode ter estabilidade nos próximos quatro anos. “Que não haja papões, toda a gente me conhece. Toda a gente sabe que sou uma pessoa de consensos, de compromisso e de diálogo”, começou por dizer, invocando aqui a sua experiência como presidente da Câmara de Lisboa, em que parte desse tempo – seis anos – teve maioria absoluta.

“Não foi pelo facto de ter maioria absoluta que deixei de dialogar com todos”, reforçou, antes de avançar com o argumento sobre o papel do PS na História da democracia portuguesa. “Somos o partido do equilíbrio, do bom senso, da responsabilidade, do diálogo, somos o partido da concórdia nacional. Somos o partido que no PREC [Processo Revolucionário em Curso] evitou a confrontação e fomos o partido que na pandemia [da covid-19] soube unir todo o país para enfrentar essa pandemia”, declarou, recebendo palmas dos apoiantes socialistas.

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Costa sem perdão para quem quis “cortar as pernas” ao seu Governo

O secretário-geral do PS considerou que foi “absolutamente imperdoável” o chumbo do Orçamento logo na fase de generalidade, dizendo que de início quiseram “cortar as pernas” ao seu Governo, sem dar qualquer hipótese de negociação. Sem nunca se referir diretamente ao PCP ou ao Bloco de Esquerda, o secretário-geral do PS considerou “absolutamente imperdoável a forma como, num momento em que se exigia unidade, em que todos deviam arregaçar as mangas para se recuperar aquilo que se perdera durante a crise pandémica”, se chumbou o Orçamento do Estado para 2022, derrubando o Governo.

“Aquilo que fizeram foi derrubar o Governo, chumbando o Orçamento do Estado para 2022. Não venham com desculpas de que queriam afinal negociar, porque estivemos vários meses a negociar”, declarou António Costa, em resposta a posições que têm sido assumidas pelo Bloco de Esquerda e PCP. Pelo contrário, segundo o secretário-geral do PS, PCP, BE e PEV, “quando chumbaram o Orçamento chumbaram-no logo na generalidade”. “Não deram sequer oportunidade de prolongar as negociações e tentar melhorá-lo na especialidade, reservando o voto para a votação final”. Não, quiseram logo cortar-nos as pernas ao início e chumbaram o Orçamento logo na generalidade”, reforçou.

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Costa volta a distanciar PS do PSD

Na sua intervenção, o secretário-geral do PS procurou traçar sobretudo duas linhas de demarcação face ao PSD: nas matérias de política fiscal e na saúde. Na questão fiscal, António Costa disse que Rui Rio apenas admite descer o IRS das pessoas em 2025 ou 2026, enquanto com o PS, num novo Governo, “o IRS baixa já este ano para a classe média, para os jovens e para as famílias com filhos”. “E baixa já porque vamos aprovar o Orçamento do Estado para 2022”, frisou.

Ainda no domínio fiscal, o líder socialista referiu que o PSD pretende reduzir o IRC para todas as empresas, independentemente das suas práticas de gestão, enquanto o PS será mais seletivo. De acordo com António Costa, com os socialistas no Governo o IRC baixa para as empresas que investirem, que apostarem na inovação, na modernização, que tenham contratos coletivos de trabalho e que tenham boas políticas salariais.

Depois, o secretário-geral do PS voltou a acusar o presidente do PSD de querer pôr “a classe média a pagar a saúde”, dizendo que a prova disso é o projeto de revisão constitucional que esteve em preparação por parte dos sociais-democratas, no qual se previa o fim do princípio “de um Serviço Nacional de Saúde tendencialmente gratuito”.

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