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A economia global à beira de um precipício

FMI diz que a economia global enfrenta o “seu maior teste” desde a Segunda Guerra Mundial. Em Davos, debate-se o futuro.

Crise após crise, a economia global está a ser levada à beira de um precipício.

No dia em que o primeiro Fórum Económico Mundial realizado presencialmente desde 2020 é aberto em Davos, na Suíça, esta segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional diz que a economia enfrenta “talvez o seu maior teste desde a Segunda Guerra Mundial”.

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"Enfrentamos uma potencial confluência de calamidades", disse a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, em comunicado.

Georgieva alertou que a invasão da Ucrânia pela Rússia "agravou" os efeitos da pandemia da covid-19, pesando na recuperação económica e atiçando a inflação, à medida que o custo dos alimentos e do combustível aumenta.

A subida das taxas de juros está a aumentar a pressão sobre países, empresas e famílias com grandes dívidas. A turbulência do mercado e as restrições contínuas nas cadeias de logísticas também representam um risco.

E depois há as alterações climáticas.

O líder da Agência Internacional de Energia pediu aos países que façam as escolhas de investimento certas em resposta à escassez de combustíveis fósseis, desencadeada pelo ataque da Rússia à Ucrânia.

"Algumas pessoas podem usar a invasão russa da Ucrânia como desculpa para... uma nova onda de investimentos em combustíveis fósseis", afirmou o chefe da AIE, Fatih Birol, numa discussão em Davos. “Isso fechará para sempre a porta para alcançar as nossas metas climáticas”.

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A escala do desafio económico foi ressaltada por um novo relatório da OCDE esta segunda-feira, que mostra que o PIB combinado dos países do G7 encolheu 0,1% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o período de três meses anterior.

"Não podemos resolver os problemas se nos concentrarmos apenas num dos problemas", disse o ministro da Economia alemão, Robert Habeck. “Se nenhum destes problemas for resolvido, temo, veremos uma recessão global – com enormes implicações, não apenas para o clima, para a proteção do clima, mas para a estabilidade global”.

Para limitar o stress económico, o FMI está a pedir aos representantes oficiais de governos e líderes empresariais reunidos em Davos que debatam a redução das barreiras comerciais.

Mas, à medida que os países enfrentam o crescente desânimo com as crises domésticas do custo de vida, alguns estão a ir na direção oposta, implementando restrições ao comércio de alimentos e produtos agrícolas que podem exacerbar a escassez e aumentar os preços em todo o mundo.

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No início deste mês, a decisão da Índia de proibir a exportação de trigo elevou o preço do cereal, mesmo sendo um exportador relativamente pequeno. A Indonésia proibiu a maioria das exportações de óleo de palma em abril para proteger o abastecimento doméstico, mas suspenderá a proibição esta semana.

Falando durante uma visita a Tóquio, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse esta segunda-feira que uma recessão não é inevitável e reiterou que a Casa Branca está a consider remover algumas tarifas da era Trump sobre produtos chineses, que a secretária do Tesouro, Janet Yellen, disse que fazem mais mal do que bem aos consumidores e a empresas americanas.

Jason Furman, que anteriormente atuou como principal conselheiro económico do presidente Barack Obama, disse à CNN que os Estados Unidos "estão na forma menos má de qualquer economia do mundo". Os consumidores estão preocupados com a inflação, mas ainda têm um grande saco de poupança e os gastos continuam fortes.

Mas Furman acha que o risco de recessão aumenta em 2023, à medida que a Reserva Federal dos EUA /Fed) aumente as taxas de juros para conter a inflação. "Estou mais preocupado com os riscos de recessão no futuro, daqui a um ano ou mais ", disse ele à margem do fórum de Davos. "Acho que a Fed deveria estar a tentar uma aterragem suave. Não sei se terão sucesso."

Enquanto isso, a China pode ver a sua economia encolher neste trimestre por causa do impacto dos bloqueios confinamentos da covid-19 em Xangai, Pequim e dezenas de outras cidades, e das consequências de uma crise imobiliária. O banco central do país apresentou na sexta-feira o maior corte de taxas de juro já registado, após o colapso das vendas de habitações.

Zhu Ning, professor do Instituto Avançado de Finanças de Xangai, disse acreditar que as autoridades ainda têm amplas opções para enfrentar a série de desafios enfrentados pela segunda maior economia do mundo. "A China ainda tem muito espaço se quiser - reduzir as taxas de juro, dar estímulo monetário à economia", disse.

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