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O que é preciso saber sobre a nova variante da covid-19. E o que é preciso fazer

Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a nova variante da covid-19 como "de interesse", devido ao rápido contágio. Em comunicado, a OMS alerta que a variante JN.1 do vírus Sars-Cov-2 pode aumentar o peso das infeções respiratórias em vários países do hemisfério norte, numa altura em que estamos a entrar inverno

Gustavo Tato Borges, especialista em Saúde Pública, afirma que o alerta da OMS é "processo normal que já aconteceu várias vezes durante a pandemia", ou seja, cada vez que aparece uma nova variante surge um novo alerta. "Sempre que há uma variante que é mais adaptada e, portanto, que se transmite melhor entre os seres humanos, acaba por ser uma variável de interesse, uma variante a vigiar de uma forma mais apertada para perceber se ela se vai tornar um problema sério ou não."

O especialista descansa a população, lembrando que "a nossa realidade agora é muito diferente da de há uns anos, em que não tínhamos qualquer qualquer vacina". "Desde que as vacinas sejam eficazes", as novas variantes que surgem "não têm, em princípio, um peso considerável para ocupar vagas em cuidados hospitalares ou em cuidados intensivos. Portanto, não devem trazer problemas", diz Gustavo Tato Borges.

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"Agora, a OMS, o que nos está a alertar, mais uma vez, é que a covid não desapareceu e que aqueles ensinamentos que aprendemos durante a pandemia são para manter. O cuidado com a higiene das mãos, usar a máscara quando estamos doentes, o facto de evitarmos contactos próximos para não transmitirmos a doença a outras pessoas quando temos sintomas. Todos esses cuidados são para manter e, obviamente, quem tem possibilidades ou quem está indicado para ser vacinado deve reforçar a sua imunidade com mais uma dose de vacina durante este inverno, para poder minimizar a ocorrência de doença grave."

A covid-19 não desapareceu e, de acordo com o boletim da Direção-Geral da Saúde, no dia 17 de dezembro foram registados nove óbitos relacionados com a doença - o valor mais alto desde 16 de outubro. No entanto, Gustavo Tato Borges assinala que atualmente existe uma "dificuldade" em vigiar "de forma tão apertada" a evolução da doença em Portugal porque "já não há tantos testes" e há mesmos "casos em que não há testes a serem feitos para a covid-19".

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"Nós só reconhecemos a ponta do iceberg, que são os utentes que vão ao hospital e que acabam por ter necessidade de ficar internados em qualquer uma das valências (cuidados normais ou intensivos). E nós só conhecemos a pontinha de todos os casos. Felizmente, aquilo que tem sido divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde, pela Direção-Geral da Saúde, é que não temos um peso considerável do número de pessoas que estão infetadas com covid-19 e que têm necessidade de ficarem internadas ou em cuidados intensivos. E o peso global desta doença é totalmente desconhecido, o peso da parte grave da doença. É bastante reduzido. Esta fase é fruto das vacinas. Aliás, para ter uma comparação, há mais crianças internadas com o vírus social respiratório (VSR) do que adultos internados com covid-19."

Ainda assim, o especialista sublinha que os grupos de risco devem continuar a vacinar-se para "estarem mais protegidos", quer para a gripe, quer para a covid-19, concordando assim com a recomendação da OMS de que as vacinas atuais são eficazes perante a nova variante, uma vez que esta tem semelhanças com a Ómicron. 

"A verdade é que nós tivemos aqui uma diferença na maneira como a vacina foi idealizada. A vacina da covid-19 tem uma forma de ser construída diferente da da vacina da gripe, que é uma vacina mais tradicional. Ambas são seguras, ambas são eficazes. Aliás, a vacina da covid é muitíssimo mais eficaz para a doença grave e morte do que a da gripe para a gripe. E, por isso, nós precisamos de continuar a mostrar às pessoas a mais-valia de se protegerem. Eu diria que o interessante seria que, dentro dos casos que estão neste momento a sofrerem algo, de serem algo de cuidados diferenciados, nomeadamente nos hospitais ou cuidados intensivos, de podermos ter aqui a noção de quantos estão internados e têm ou não têm a vacina, para continuarmos a mostrar que quem está vacinado vai estar sempre mais protegido. Mas é uma dificuldade constante, até porque existem muitas teorias da conspiração, muitas ideias erradas, muitas concepções erradas sobre esta vacina", diz Gustavo Tato Borges.

Os casos com a nova variante têm sido detetados sobretudo na China, mas a OMS garante que o risco para a saúde pública global é reduzido. 

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