É a quadratura do círculo que Rui Rio terá de resolver, se insistir na inclinação das últimas semanas de fazer uma coligação à direita, contra a vontade de grande parte da sua comissão política e do seu núcleo mais próximo.
Os líderes do PSD e CDS têm falado nos últimos dias e, segundo fontes partidárias contactadas pela CNN Portugal, Rio tem deixado sempre a decisão em aberto, mesmo em privado. Este não voltou sequer a ser tema de debate dentro do restrito comité do PSD, que tem estado ocupado com a elaboração das listas de candidatos a deputados.
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A questão ficará fechada na reunião da comissão política nacional, que antecede o conselho nacional desta terça-feira à noite. Uma coligação pré-eleitoral com o CDS (e, eventualmente, com o PPM, segundo afirmou Rui Rio, nisso excluindo Chega e Iniciativa Liberal), estará em debate no núcleo alargado da direção política, juntamente com as listas à Assembleia da República, que vão depois ser submetidas à votação dos conselheiros nacionais.
As duas questões não são dissociáveis: integrar deputados de outro partido complica um processo já de si difícil, de exclusão de uns e inclusão de outros, onde as vontades de todos se tornam mutuamente exclusivas. Se o CDS exigir numa negociação, por exemplo, manter os cinco deputados que tinha até à dissolução do Paramento formalizada esta semana, são cinco lugares elegíveis a menos para Rui Rio dentro do PSD. “Não compensa o ganho”, diz uma fonte próxima do líder social-democrata, antecipando que os dois partidos juntos poderiam conseguir mais mandatos porque não “desperdiçam” votos em círculos eleitorais mais pequenos. É o efeito do método de Hondt, modelo matemático utilizado em Portugal para converter votos em mandatos, e que pode beneficiar uma coligação pré-eleitoral PSD-CDS (que somariam votos antes da distribuição de mandatos) face a um possível acordo posterior às eleições (numa altura em que os mandatos já estaria distribuídos).
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“Uma coisa é a predisposição do líder, outra é a disposição das coisas no momento da decisão”. A frase é de uma fonte que acredita que Rui Rio, embora predisposto desde o início a essa coligação, pode “deixar-se convencer” do contrário, pesando os argumentos que tem ouvido.
Se Rui Rio tem na ideia que um CDS forte pode servir de tampão ao crescimento do Chega, também é inegável que aparecer ao lado do presidente centrista pode dar trunfos ao PS e a António Costa para a campanha eleitoral pela frente. “Andar com Francisco Rodrigues dos Santos a reboque pelo país ninguém quer, o PSD não ganha nada com isso”, diz um dirigente social-democrata. E pode até descredibilizar, segundo outra fonte, porque, por um lado, tira o PSD do lugar onde Rui Rio tem insistido que o quer colocar: ao centro.
O próprio presidente do PSD voltou a afirmar este fim de semana, no congresso dos Autarcas Sociais-Democratas, que é “ao centro” que as eleições legislativas se decidem. E acrescentou: “Se nós formos disputar agora o eleitorado do CDS, do Chega e da IL [Iniciativa Liberal], ali estão meia dúzia de votos. Não sei como é que se ganham eleições com aquela meia dúzia de votos, ainda por cima correndo o risco de perder alguma coisa ao centro".
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Ainda há outro argumento a pesar: reeditar uma coligação eleitoral com o CDS poderia servir para António Costa trazer para a campanha o passado do PSD passista, a coligação “Portugal à Frente” e os anos da troika, e esta é uma comparação de que Rui Rio quer distância.
O calendário do PSDAntes: reunião da comissão política nacional:
- decisão “à porta fechada” de proposta de candidatos e eventuais coligações às legislativas
- preparação do conselho nacional marcado para a noite
Hoje à noite: III Conselho Nacional de 2021, em Évora, às 21 horas:
- aprovação do candidato a primeiro-ministro;
- aprovação da proposta da Comissão Política Nacional sobre a lista de candidatos às legislativas de 30 de janeiro
- aprovação de eventual proposta sobre coligação eleitoral
17 a 19 de dezembro: 39º Congresso Nacional, em Lisboa:
- discussão e votação de estratégia global e das propostas temáticas do partido.
- eleição dos órgãos nacionais
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