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Comida, arte e amor próprio. Para este jantar, o dress code é: não usar roupa

Esta experiência recebe quem queira comer, beber e partilhar histórias, nu. Charlie Ann Max conta que todos os jantares que organizou, esgotaram

Privado, cultural, íntimo. Chama-se Füde Dinner Experience e é organizado pela artista e modelo Charlie Ann Max. Por 80 euros e depois da artista analisar certos critérios das participantes, cada mulher sentada à mesa desfruta de um jantar vegan, com toda a sua roupa deixada num sofá. 

Nem toda a roupa - há quem se sinta confortável em manter as meias.

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O nome é uma brincadeira com o termo comida, em inglês “food”, mas com uma pronúncia que remete para a herança judaica-alemã de Charlie; o objetivo é ajudar cada pessoa a conectar-se com a versão “mais pura” de si mesma. Esta semana, os jantares de Charlie Ann Max voltaram a chamar a atenção do público, após uma reportagem do New York Times, apesar de a conta de Instagram já ter sido criada em 2020, durante a pandemia. Nessa altura, Charlie partilhava fotos de receitas onde apareciam partes do seu corpo nu. Por cada vez que as receitas eram partilhadas a modelo fazia uma doação para as organizações No Kid Hungary e Appetite for Change .

Devido à nudez nas imagens, o Instagram apagou várias vezes a conta. Por essa razão, decidiu trazer o conceito para a vida real e criar "The Füde Experience". Mas antes de continuar, é preciso recuar um pouco mais, a 2014, para um maior contexto. Por essa altura, a artista não tinha a confiança dos dias de hoje e a relação com a sua imagem era tensa. Um dia, juntamente com amigas, decidiu andar nua pela casa e só conviver. A naturalidade desse momento levou a que Charlie compreendesse a importância da nudez na sua vida. "Eventualmente, isso levou-me a encontrar beleza em cada parte de mim, em todos os ângulos. Quanto mais aprendemos a amar todos os nossos aspectos, mais impacto, saudável, temos nas nossas vidas e nas vidas ao nosso redor", conta ao site Aeron. O primeiro evento de nudez que organizou foi um evento de pintura, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O conceito não foi completamente respeitado. Ao colocar a nudez como opcional, muita gente manteve as suas roupas e, dessa forma, outras pessoas que pretendiam despir-se não se sentiram confortáveis por serem uma minoria.

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Embora as coisas tenham mudado, a Füde ainda não é lucrativa. Charlie espera que se torne num trabalho a tempo inteiro, mas, para já,  vai ganhando dinheiro como modelo e na criação de conteúdo.

Para o último jantar, a temática escolhida foi “abraça o teu ritmo interior: para que cada pessoa se conecte com o seu ciclo menstrual”. Assim que largaram as roupas, conversaram entre si até serem chamadas para alguns exercícios de respiração e movimento antes do jantar. Sentaram-se e começaram a partilhar histórias sobre a relação que têm com o corpo, sobre menstruação, sobre a vontade de se desinibir.

E desinibem. Guiadas pela fundadora da empresa de saúde menstrual Looni, Chelsea Leyland, que colaborou com Charlie, cada mulher pronunciou uma palavra que resumisse a sua visão sobre a menstruação. Contaram-se histórias embaraçosas, desastres com calças brancas, falaram sobre sexo enquanto menstruadas e lutas contra problemas como a endometriose.

De acordo com o New York Times, os eventos não são exclusivos para mulheres, mas os possíveis convidados do sexo masculino precisam de ter o aval de participantes anteriores. Sem que isso aconteça, Charlie Ann Max tenta assegurar o maior conforto e privacidade das pessoas que recebe no seu espaço. E é isso que tenta ao máximo construir: “um espaço libertador que celebra o nosso eu mais puro, através de culinária à base de plantas, arte, nudez e amor próprio”, como é descrito no site da experiência.

Foto de capa:@thefudeexperience

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