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Gasolineiras recusam explicar porque subiram preços acima do previsto

Preços da gasolina e gasóleo subiram mais do que oito e 14 cêntimos previstos. Três maiores gasolineiras optam por não explicar porquê

Por que razão os combustíveis subiram (ainda) mais hoje em Portugal do que estava previsto? A decisão foi das gasolineiras. Que preferiram esta segunda feira de manhã não explicar porquê.  

Há vários dias que se sabia que esta semana os preços dos combustíveis disparariam. Oito cêntimos a gasolina 95 e 14 cêntimos o gasóleo simples, eram essas as contas. Mas o dia amanheceu com aumentos ainda maiores: na casa dos 11 cêntimos a gasolina simples e 15,5 cêntimos o gasóleo (dependendo das gasolineiras).

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A explicação é, por um lado, simples: não há fixação administrativa de preços, cada gasolineira aplica os preços que quiser. As indicações de aumentos de oito e 14 cêntimos resultavam da aplicação direta da fórmula que estava a ser utilizada até aqui entre cotação internacional do petróleo e o preço final da gasolina. Foi esta fórmula que as gasolineiras alteraram, aumentando as suas margens de comercialização.

Porquê? Esta é a explicação complicada. Porque não foi dada.

Aumento do preço dos combustíveis (Lusa/Tiago Petinga)

A CNN Portugal contactou logo no início da manhã as três maiores redes de gasolineiras em Portugal, Galp, Repsol e BP. Apesar dos contactos insistentes e do envio de perguntas por telefone e por email, as perguntas ficaram sem resposta. 

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Porque é que os preços estão ainda mais altos do que se esperava? Quais foram os aumentos finais e que preços estão a ser praticados? Por que razão as gasolinas continuaram mais caras que os gasóleos?

A Galp não quis comentar. A BP não respondeu. A Repsol respondeu sem responder: "As variações de preços dos combustíveis no início da semana refletem a média das cotações internacionais de cada combustível na semana anterior". 

Há duas possíveis razões para esta decisão: as gasolineiras antecipam novas subidas do petróleo nas próximas semanas e estão a precaver-se; aumentando os preços, a quantidade de combustíveis vendidos reduz-se, pelo que é preciso aumentar a margem por litro para gerar o mesmo volume de lucros. Será alguma destas razões válida? Não há respostas. 

Associações falam em "subida violenta" e acreditam em novos aumentos

Contactada pela CNN Portugal, a Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO) afirma que os aumentos desta manhã "andam dentro daquilo que eram as previsões" e traduzem aquilo que foi "a subida violenta das cotações do gasóleo e da gasolina nos mercados internacionais".

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"É natural que nos postos de combustível se traduza esse valor", explica o Secretário-Geral António Comprido.

É "prematuro" fazer, para já, previsões sobre novos possíveis aumentos, porque "apesar do crude estar a negociar em alta" os valores vão variar muito ao longo do resto da semana, afirma ainda António Comprido. "A instabilidade e agravamento na Ucrânia é uma situação que agita muito os mercados e não favorece a estabilidade dos preços". 

Já a Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC) acredita que "tendo em conta a atual conjuntura, o preço dos combustíveis possa subir na próxima semana". Defende que este aumento é prejudicial porque "as margens são fixas em cêntimos, e não percentuais, o que implica menor lucro pois o aumento implica menor quantidade de litros vendida".

A ANAREC relembra ainda que diferença de preços entre Portugal e Espanha vai ficar mais acentuada, o que fragiliza e deixa "ainda mais desprotegidos" os "postos de fronteira". 

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Durante o fim de semana assistiu-se a uma corrida aos postos de abastecimento para encher depósitos antes da subida dos preços. Muitas gasolineiras esgotaram, aliás, o gasóleo ou a gasolina nesses dias. 

Corrida aos combustíveis (Lusa/José Coelho)
As medidas do Governo para mitigar a escalada dos preços

O Governo anunciou na sexta-feira à noite um conjunto de medidas destinadas a mitigar o aumento do preço dos combustíveis, entre as quais a subida do desconto no Autovoucher de cinco para 20 euros e a manutenção, até 30 de junho, da redução do ISP na gasolina e no gasóleo e do congelamento da taxa de carbono.

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O ministro de Estado e das Finanças, João Leão, e do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, anunciaram em conferência de imprensa medidas destinadas a conter o impacto das subidas que, em conjunto, totalizam mais de 165 milhões de euros.

Medidas essas que incluem ainda o prolongamento por mais três meses do apoio dado a táxis e autocarros (pagando agora 30 cêntimos por litro de combustível, em vez de 10), a atribuição de 150 milhões de euros da receita do Fundo Ambiental ao sistema elétrico nacional para baixar a tarifa de acesso às redes e o aumento do apoio individual para a aquisição de veículos elétricos de três para quatro mil euros, enquanto o montante anual subirá, este ano, para 10 milhões de euros.

Os ministros das Finanças e do Ambiente, João Leão e João Pedro Matos Fernandes (Lusa/Manuel de Almeida)

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A ANAREC considera as medidas "insuficientes" e critica o facto de continuarem a ser de caráter temporário, uma vez que "não permitem uma solução definitiva do verdadeiro problema do preço dos combustíveis que é a carga fiscal pesadíssima que incide sobre gasolina e gasóleo". 

As medidas ora anunciadas (...) em quase nada irão aliviar ou solucionar os problemas do setor. Já no caso dos transportes públicos verifica-se um aumento do apoio por parte do Governo aos táxis e autocarros e não inclui os transportadores e distribuidores de produtos essenciais como é o caso dos distribuidores de garrafas de gás", esclarecem em comunicado. 

A Associação de Revendedores de Combustíveis diz ainda que as medidas implementadas "não solucionam a dinâmica do mercado dos combustíveis, nem previnem eventuais aumentos. Defendem, por isso, uma diminuição significativa dos impostos ao nível do ISP para que, deste modo, o aumento "se esbatesse no preço no ato do abastecimento".

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Preço do petróleo Brent sobe 12,25% e aproxima-se de máximo histórico

O preço do petróleo bruto Brent para entrega em maio subiu esta segunda-feira 12,25% no mercado de futuros de Londres, alcançando o valor mais alto desde 21 de julho de 2008. A cotação do barril de Brent, que serve de referência na Europa, atingiu os 130,21 dólares (119,7 euros) por barril.

A invasão russa da Ucrânia desencadeou um aumento acentuado do preço do petróleo bruto, que, após o aumento desta segunda-feira, se aproxima do seu máximo histórico, acima dos 146 dólares, atingido no início de julho de 2008. A Rússia é o segundo maior produtor e exportador mundial de petróleo, atrás da Arábia Saudita.

Estamos a 7 de março e esta é a décima semana consecutiva de aumento do custo dos combustíveis. Desde que o ano arrancou que a gasolina e o gasóleo têm estado constantemente a encarecer. 

Como os preços dos combustíveis não são iguais em todas as marcas, nem em todos postos de abastecimento, saiba aqui onde pode encontrar combustíveis mais baratos.

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