Já fez LIKE no CNN Portugal?

Sem maioria no Congresso, Milei terá dificuldade em aprovar assuntos económicos, avalia especialista

Especialista destaca que novo presidente argentino, que toma posse este domingo, pode precisar moderar o discurso e negociar com macristas

Javier Milei toma posse como presidente da Argentina neste domingo. Autodenominado libertário, o economista venceu as eleições com propostas polémicas — algumas consideradas radicais –, como o fechamento do Banco Central e a dolarização da economia do país.

O partido do novo chefe de Estado conseguiu ampliar a base no Congresso nestas eleições, mas, ainda assim, está atrás dos movimentos de Sergio Massa e Patricia Bullrich.

PUB

Mesmo com o apoio de Bullrich durante a segunda volta, Milei provavelmente terá que negociar com os macristas para passar suas polémicas pautas económicas no Parlamento, conforme explica Leandro Consentino, especialista em Relações Internacionais e professor de Ciências Políticas do Insper [instituição de ensino superior e investigação em São Paul, no Brasil].

Consentino ponderou que, diferentemente da eleição de Jair Bolsonaro no Brasil, por exemplo, o argentino não subirá ao poder com uma base partidária consolidada no Congresso.

“Milei terá dificuldade, sim, e vai precisar negociar com essa centro-direita representada pelo macrismo para conseguir aprovar suas pautas. Percebe-se que ele vai ter que, de alguma forma, moderar o seu discurso para alcançar determinadas resoluções e transformar as pautas em legislação de fato”, coloca o especialista.

Quando Milei foi eleito, Mauricio Macri afirmou que o novo presidente precisará do “apoio, confiança e paciência de todos”. Além disso, o apoio de Macri foi fundamental para a vitória do libertário.

PUB

Isso pode indicar, ao menos, que Javier Milei pode ter uma abertura inicial com os apoiantes do ex-presidente.

Leandro Consentino ressalta que os grandes entraves serão as medidas económicas mais radicais, como o fechamento do Banco Central e a dolarização da economia.

O especialista avalia que a “dinamitação” do Banco Central, como Milei anunciou durante a campanha, é “praticamente impossível de acontecer”, pois a instituição é “reconhecida como algo importante para conservar a política monetária por quaisquer países minimamente dentro do jogo político, do jogo democrático e até países que não são necessariamente democráticos”.

Por outro lado, a pauta de privatizações pode ter mais facilidade de passar no novo Congresso argentino. Milei indicou anteriormente que quer privatizar a petroleira estatal, companhia aérea e rede de TV.

Consentino adverte, porém, que haverá resistência de movimentos sociais e sindicatos quanto a essa última pauta, que colocarão “toda a carga política nas ruas contra essas medidas”.

PUB