Um estudo realizado pela revista Nature revela que dois terços dos investigadores que surgem nos média ou nas redes sociais a falar sobre a covid-19 enfrentam “experiências negativas”. De acordo com um inquérito feito por esta publicação científica a 321 especialistas, 15% relatou mesmo ter recebido ameaças de morte.
Ao mesmo tempo, 22% queixou-se de ter sido vítima de ameaças de violência física ou sexual, com alguns investigadores a afirmar que a sua morada foi até revelada online.
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Cerca de 60% dos 321 cientistas inquiridos contam que foram alvos de ataques à sua credibilidade após terem tido presença na comunicação social, e 43% dizem ter sofrido de ansiedade emocional e psicológica.
Ainda que campanhas de difamação nas redes sociais ou ameaças por e-mail e telefonema não sejam um fenómeno novo, o trabalho divulgado pela revista Nature explica que este tipo de assédio “afetou muito” quem falou publicamente sobre a covid-19, levando esses especialistas a repensarem os seus contactos com a comunicação social futuramente.
Este é um cenário que preocupa o Centro de Comunicação Científica do Reino Unida, que receia o afastamento dos cientistas essenciais para esclarecer os assuntos na pandemia.
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O inquérito realizado pela Nature contou com cientistas principalmente do Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos. Os números divulgados revelam que mais de um quarto dos investigadores admitiram receber “sempre ou geralmente” comentários agressivos, ou foram pessoalmente atacados depois de falarem publicamente sobre a covid-19.
O estudo revela ainda que 44% dos cientistas inquiridos disseram que nunca contaram às suas chefias situações de assédio e de violência após terem expressado a sua opinião sobre a pandemia em espaços públicos. Dos que o fizeram, no entanto, quase 80% descreveram o empregador como "muito" ou "um pouco" solidário.
Muitos destes abusos acontecem nas redes sociais, levantando a questão sobre quais as responsabilidades das grandes tecnológicas perante aquilo que é dito nas suas plataformas. Entre os cientistas que responderam ao inquérito da Nature, 63% usaram o Twitter para lançar comentários sobre aspetos da pandemia e cerca de um terço disseram que foram "sempre" ou "normalmente" atacados na rede social.
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