"Tivemos sorte". Como o inverno mais quente pode ter ajudado a Zona Euro a evitar a recessão

ECO - Parceiro CNN Portugal , Mariana Espírito Santo
29 jan 2023, 09:52
Euro

Previsões e dados económicos já começam a apontar para abrandamento em vez de recessão na área do euro. Queda dos preços do gás ajudou, mas há ainda riscos

Depois de um ano em que muitos davam como certa a recessão na Zona Euro em 2023, a maré virou e o otimismo começou a tomar conta dos políticos e economistas. Um inverno mais quente que o normal e a resiliência das indústrias permitiu mitigar o impacto da guerra na Ucrânia e perspetiva-se um abrandamento económico mais moderado, ainda que não estejamos “completamente safos”, como alerta um economista do think tank Bruegel ao ECO. As reservas para o próximo inverno, a inflação e as políticas monetárias são alguns dos riscos ao cenário mais animador.

Existem “vários elementos que melhoraram a situação”, nomeadamente a descida dos preços da energia, aponta Gregory Claeys, economista sénior do think tank Bruegel, ao ECO. “Outro fator foi que muitas indústrias conseguiram substituir o gás por outras fontes de energia” e os “europeus conseguiram reduzir o consumo de gás e eletricidade”, uma situação que não era certa antes.

Finalmente, “tivemos sorte”, brinca o economista, “porque o clima foi muito melhor que em outros invernos“, o que ajudou a poupar no gás e a mitigar o impacto da guerra.

Como salienta também Sean Shepley, economista sénior da AllianzGI, a queda dos preços do gás beneficia a Zona Euro de três maneiras: reduz a pressão sobre os consumidores, o que deve “permitir alguma recuperação da procura”; para os governos comprometidos com apoiar os consumidores, através do preço da energia, o custo dessas promessas será inferior e, finalmente, “a queda nos custos de energia impulsiona os termos de troca da Zona Euro”.

Um dos indicadores que mais ajuda a mostrar a recuperação é o PMI, um índice de gestores de compras, que tira a temperatura à atividade nos setores de indústria e serviços, indica o economista do Bruegel. O PMI atingiu este mês o nível mais alto desde junho, subindo para 50,2 pontos. Além disso, a produção industrial também é um bom sinal, sendo que “muita gente esperou que caísse muito por causa da falta de fornecimento de energia, mas está a ter um desempenho melhor que o esperado”.

Sean Shepley nota também que se verifica uma melhoria nos inquéritos e expectativas para os negócios da área do euro, mas “a perspetiva de novos ganhos no dinamismo económico parece estar provavelmente dependente de uma rápida viragem do núcleo da inflação na área do euro”.

Nas últimas semanas, várias instituições reavaliaram em alta as estimativas sobre a evolução económica para este ano. Foi o caso do Goldman Sachs, que já não antecipa uma recessão na Zona Euro, e entretanto voltou até a rever em alta as suas previsões de crescimento para o PIB da área da moeda única para este ano.

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