"A Rússia quer destruir o modo de vida europeu da Ucrânia". No Parlamento Europeu, Zelensky lembra que a guerra "não é apenas territorial"

Andreia Miranda , notícia atualizada às 12:30
9 fev 2023, 10:52

Presidente ucraniano garantiu que o objetivo do seu país, juntamente com a Europa, é defender-se "contra (a) maior força anti-europeia do mundo moderno"

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, discursou, esta quinta-feira, presencialmente e em ucraniano, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, perante os líderes europeus ali reunidos para uma cimeira extraordinária para discutir a política de migração e a situação económica.

Depois de ter sido ovacionado pelos deputados, Zelensky começa por agradecer à presidente do Parlamento, Roberta Metsola, que abriu a sessão, pelo "poderoso discurso" antes dele falar.

Com um discurso previamente preparado, o presidente ucraniano garante que o objetivo do seu país, juntamente com a Europa, é defender-se "contra (a) maior força anti-europeia do mundo moderno", uma vez que a guerra na Ucrânia "não é apenas questão territorial".

"Esta é a nossa Europa, estas são as nossas regras, este é o nosso modo de vida […], e é o caminho para casa", afirmou, destacando os valores europeus e a União Europeia da qual espera fazer parte em breve. “É a forma de vida europeia. É a forma de viver europeia, as regras europeias, em que cada indivíduo tem liberdade. Eles querem destruir o modo de vida europeu da Ucrânia. Não o vamos permitir".

Perante uma sala cheia de deputados, o presidente ucraniano lembrou que Putin "é um ditador" que lidera um país onde “140 milhões de cidadãos russos são apenas carne para canhão”.

“Temos de ansiar pela paz. E isso só será possível se conseguirmos inibir as forças anti-europeias que estão a tentar destruir o projeto europeu", afirmou, acrescentando que "a Rússia estava empenhada em derrubar-nos, derrubar a Europa. Não contavam com a nossa resistência".

Sem fugir ao discurso que tem feito ao longo de toda a guerra, Zelensky voltou a agradecer aos aliados pelo apoio que têm dado à Ucrânia e garantiu que o seu país vai ser membro da União Europeia, "a casa" dos ucranianos.

"Agradeço a todos os que têm dado armas, munições, combustível. Sem vocês não era possível. Sem vocês, as vossas decisões, defender o modo europeu de vida, defender o o projeto ucraniano europeu não era possível. (...) Caros amigos, talvez nem todos vós tenham tido noção da força que tem o estilo de vida europeu. Todos somos iguais, estamos na defesa da integridade da Europa. Não estamos a perder tempo, estamos a mudar as coisas. Para garantir que a Europa continue a ser a Europa".

No final do discurso, e após nova ovação dos deputados, Zelensky recebeu das mãos da presidente do Parlamento Europeu a bandeira da União Europeia. O presidente ucraniano colocou a mão no peito e voltou a entoar o hino do seu país.

"Não há Europa livre sem Ucrânia livre"

Depois da Comissão Europeia, o presidente ucraniano discursou no Conselho Europeu, onde agradeceu todo o "apoio inabalável" que tem recebido e voltou a dizer que precisa de mais artilharia e meios mais rápidos para fazer face às ameaças vindas da Rússia.

"A União Europeia deu um apoio em grande escala pela primeira vez na história. Estamos muito gratos por isso. Quanto mais forte formos juntos, mais fortes os valores europeus serão, mais forte teremos paz na Europa. Precisamos de artilharia, munições, tanques, jets. Estamos muito agradecidos pela vossa cooperação, mas temos de ser mais rápidos do que o agressor", afirmou Zelensky.

O presidente ucraniano disse ainda que "não há Europa livre sem Ucrânia livre" e por isso, apesar de agradecer "as sanções impostas pela União Europeia", referiu que estas têm de ser mais severas nos setores de drones, mísseis e no setor de IT. 

"Na Europa, é preciso dar este passo decisivo", pediu, lembrando que a Ucrânia está a dar passos para "proteger a Europa contra o regime [de Moscovo], que quer destruir a liberdade da Europa, que quer ser o líder autoritário no continente europeu.

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