A jovem piloto Zara Rutherford tornou-se a mais jovem mulher a dar a volta ao mundo de avião sozinha.
Com 19 anos e dupla nacionalidade, britânica e belga, aterrou no aeroporto Kortrijk-Wevelgem, na Bélgica ocidental, na quinta-feira passada, completando assim uma épica viagem que abrangeu 41 países e mais de 52 mil quilómetros, batendo dois Recordes Mundiais do Guinness.
“Consegui”, disse Rutherford aos repórteres. A jovem teve direito a uma calorosa receção.
Bateu o recorde até então detido pela americana Shaesta Waiz, que, com 30 anos, circum-navegou o mundo, sozinha, em 2017, e, atualmente, Rutherford também detém o título de primeira mulher a dar a volta ao mundo numa aeronave ultraleve.
Também é a primeira belga a dar a volta ao mundo de avião sozinha.
No entanto, o percurso da jovem rumo à glória não decorreu sem percalços.
Quando Rutherford descolou, a 18 de agosto de 2021, numa famosa aeronave Shark ultraleve, achava que a sua escapadela aérea duraria cerca de três meses.
Missão cumprida
Mas a jovem foi atormentada por obstáculos, incluindo atrasos que duraram meses, no Alasca e na Rússia, devido a “questões relacionadas com o visto e com o clima”, atrasando o seu itinerário em oito semanas.
“Diria que a parte mais difícil foi, sem dúvida, sobrevoar a Sibéria. Estava imenso frio. Em terra, estavam 35 graus Celsius negativos”, disse Rutherford, durante uma conferência de imprensa.
“Se o motor parasse, eu estaria a horas de distância de ser salva e não sei por quanto tempo conseguiria sobreviver.”
Também foi forçada a fazer uma aterragem imprevista em Redding, na Califórnia, devido a más condições de visibilidade, consequência dos incêndios florestais na área de Seattle e, posteriormente, não pôde sobrevoar a China, por falta de autorização para o fazer.
“Eu esperava terminar a viagem pela altura do Natal, mas acho que não vai acontecer”, disse Rutherford aos repórteres, no Aeroporto Internacional de Gimpo, em Seoul, na Coreia do Sul, após chegar de Vladivostok, a 13 de dezembro. “Mas é uma aventura.”
Apesar de passar por uma panóplia de destinos, tais como a Singapura, o Egito e a Grécia, bem como a Rússia e a Coreia do Sul, Rutherford não os pôde explorar em terra, devido às restrições relacionadas com a covid-19.
A parte final da sua jornada também foi afetada por atrasos devido às más condições meteorológicas, atrasando em mais uma semana a sua data de término.
Missão recordista
Rutherford encontra-se atualmente a fazer um “gap year” e planeia entrar para a universidade em setembro, para estudar Engenharia Informática. Apesar de ambos os pais serem pilotos e de ela ter começado a aprender a voar aos 14 anos, Rutherford só se tornou qualificada para o fazer em 2020.
Uma das suas grandes metas para este desafio, além de bater o recorde de Waiz, era garantir uma maior visibilidade para as mulheres no mundo da aviação.
No ano passado, Rutherford falou da sua desilusão em relação ao facto de apenas 5,1% dos pilotos existentes no mundo serem mulheres, de acordo com os dados da Sociedade Internacional de Mulheres Pilotos (ISA).
“[5%] é uma percentagem tão baixa, tendo em conta que é uma profissão em que se é pago para viajar pelo mundo. Claro que é trabalho, mas é uma profissão espetacular com oportunidades maravilhosas”, disse à CNN.