A China "protegeu fortemente a segurança e a saúde das pessoas". Xi Jinping reafirma estratégia ‘zero covid'

Agência Lusa , CE
16 out 2022, 08:56

Esta estratégia resultou no encerramento praticamente total das fronteiras do país e obrigou ao bloqueio frequente de cidades inteiras

O líder chinês, Xi Jinping, defendeu este domingo a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19 e o combate contra a corrupção, na abertura do 20.º Congresso do Partido Comunista da China (PCC).

Xi Jinping, de 69 anos, fez um balanço dos últimos cinco anos e traçou o roteiro para os próximos cinco, perante os cerca de 2.300 delegados reunidos no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

Uma das principais questões girava em torno da política de prevenção epidémica da China, que resultou no encerramento praticamente total das fronteiras do país e obrigou ao bloqueio frequente de cidades inteiras.

Xi afirmou que a China prioriza a vida e a saúde das pessoas acima de tudo. A China “protegeu fortemente a segurança e a saúde das pessoas, e alcançou resultados positivos significativos ao coordenar a prevenção e o controlo da epidemia com o desenvolvimento económico e social”.

A política dos “zero casos” reforçou a vigilância sobre cada cidadão, permitindo registar todos os movimentos num país já criticado pelos abusos contra os Direitos Humanos. As autoridades tornaram obrigatório o uso de uma aplicação para aceder a locais públicos ou residenciais. O utilizador deve primeiro digitalizar o código QR, uma versão bidimensional do código de barras, colocado na entrada de todos os edifícios, assim como nos transportes públicos ou táxis.

O encerramento das fronteiras e os repetidos confinamentos travaram também o crescimento económico. O Banco Mundial prevê que o PIB (Produto Interno Bruto) da China cresça 2,8% este ano, cerca de metade da meta definida por Pequim.

O Diário do Povo, o jornal oficial do PCC frisou esta semana que a política é “sustentável” e que deixar o vírus alastrar seria “irresponsável”, mas o custo económico desta estratégia e o descontentamento popular são inegáveis.

A revolta por vezes ultrapassa as redes sociais: esta semana, e apesar das medidas de segurança reforçadas na capital chinesa, um homem pendurou numa ponte de Pequim duas faixas a criticar o líder chinês e a política dos ‘zero casos’. Uma das faixas convocou os cidadãos a entrarem em greve e expulsarem “o ditador traidor Xi Jinping”.

Xi também defendeu a sua campanha anticorrupção, a mais ampla e intensa desde a fundação da República Popular da China.

“A luta contra a corrupção obteve uma vitória esmagadora e foi amplamente consolidada, eliminando os graves perigos latentes dentro do Partido, do Estado e do exército", disse.

Segundo dados oficiais, pelo menos 1,5 milhão de funcionários do PCC foram punidos durante esta campanha, lançada por Xi após ascender ao poder, em 2012.

Centenas de altos quadros do regime foram punidos à pena de morte ou prisão perpétua.

O 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) vai durar uma semana, devendo pôr termo a duas décadas de sucessão política ordenada, ao cimentar o estatuto do atual secretário-geral, Xi Jinping.

O mais importante evento da agenda política da China, que se realiza a cada cinco anos e reúne, em Pequim, mais de 2.000 delegados de todo o país, vai apresentar também, no último dia, a nova formação do Comité Permanente do Politburo do PCC, que é composto por sete membros, entre os quais o líder, Xi Jinping.

A nomeação de Xi para um terceiro mandato de cinco anos como secretário-geral do PCC e presidente da Comissão Militar Central é vista por analistas como um momento decisivo na História moderna da China.

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