Maria fotografou Maria e torna-se agora uma das premiadas do World Press Photo

CNN Portugal , MJC
27 mar, 10:00

Portuguesa Maria Abranches é autora de um dos projetos fotográficos vencedores em todo o mundo

A fotógrafa documental independente Maria Abranches é uma das vencedoras do prémio World Press Photo 2024. A sua série "Maria" é um dos três projetos premiados na categoria "histórias" da Europa, revelou esta quinta-feira a organização do prémio que todos os anos distingue o melhor do fotojornalismo mundial.

As imagens de Maria Abranches mostram o quotidiano de Ana Maria Jeremias, prestadora de cuidados e trabalhadora doméstica em Lisboa. Segundo a autora, a vida de Maria reflete a experiência de inúmeras mulheres em toda a Europa. Traficada de Angola para Portugal aos nove anos sob falsas promessas de educação, Ana Maria passou mais de quatro décadas a trabalhar em casa de outras pessoas, dando um contributo vital para o quotidiano dessas famílias. Ao centrar-se na história de Ana Maria, explica a World Press Photo, "a fotógrafa pretende incentivar a reflexão sobre o privilégio, bem como honrar a vida de Maria (e a de tantas mulheres como ela)".

Maria Abranches trabalha como fotógrafa documental independente com interesse em questões de direitos humanos. Formou-se e trabalhou como arquiteta durante alguns anos e depois estudou fotografia no ArCo e decidiu dedicar-se exclusivamente à fotografia. Tem colaborado com vários meios de comunicação e outros organismos, como o jornal Público, a agência Reuters, o jornal britânico The Guardian e a Fundação Calouste Gulbenkian, entre outros. Em 2023, foi selecionada para a 5.ª Edição da Masterclass Narrativa, orientada pelo fotógrafo Mário Cruz, onde elaborou o trabalho "Maria", pelo qual já recebeu o prémio Cortona On The Move 2024 e uma Menção Honrosa nos Prémios Novos Talentos Fnac 2024.

A World Press Photo anunciou esta quinta-feria os 42 vencedores regionais. Para cada uma das seis regiões - África, Ásia-Pacífico e Oceânia, Europa, América Central e do Norte, América do Sul e Ásica Central, Ocidental e do Sul - o júri elegeu sete premiados: três na categoria "fotos", três na categoria "histórias" e um projeto longo. Todos os 42 premiados recebem um prémio idêntico - mil euros. 

A "fotografia do ano" vai ser escolhida entre estes 42 finalistas e é revelada a 17 de abril. O vencedor da foto do ano recebe ainda um prémio monetário de 10 mil euros e material fotográfico da marca Fuji.

Além das fotografias de Maria Abranches, entre as fotografias de 2024 selecionadas pelo júri encontram-se imagens dos protestos e revoltas no Quénia, em Myanmar, no Haiti, em El Salvador e na Geórgia, mas também retratos de quem detém o poder político nos EUA e na Alemanha. Temos Donald Trump ensanguentado depois de levar um tiro na orelha e o surfista Gabriel Medina a "voar" sobre as ondas de Teahupo'o. Temos a história um adolescente transgénero nos Países Baixos, uma criança palestiniana a lidar com uma amputação após um ferimento em Gaza, uma rapariga ucraniana traumatizada pela guerra e um jovem adulto no dia do seu casamento no Sudão. Vemos histórias inspiradoras, como a de Tamale Safale, o primeiro atleta portador de deficiência do Uganda a competir com atletas sem deficiência. E outras que mostram a desesperança provocada por fenómenos pelas alterações climáticas ou por alguns dos conflitos atuais do mundo, como os do Líbano e da Palestina. 

Artes

Mais Artes
IOL Footer MIN