Primeiras imagens mostram Tonga coberta de cinzas, impedindo a chegada de ajuda humanitária

18 jan 2022, 09:26

Aeroporto está fechado e nenhum avião consegue aterrar. A urgência do socorro já levou a Nova Zelândia a acionar a Marinha, que vai levar mantimentos, nomeadamente água, para a população afetada

Começam a ser divulgadas as primeiras imagens do arquipélago de Tonga, que há três dias foi atingido por uma forte erupção de um vulcão submarino, à qual se seguiu um tsunami. Como mostram várias imagens de satélite, uma fina camada de cinza cobre grande parte da ilha do Pacífico, depois daquela que os especialistas já classificam como a maior erupção vulcânica dos últimos 30 anos.

Fotografias aéreas divulgadas pela Força de Defesa da Nova Zelândia (equivalente às Forças Armadas) e pelo serviço de satélites da Organização das Nações Unidas, o UNOSAT, mostram a devastação causada pela erupção, com estradas e zonas habitacionais destruídas e inundadas pela força da Natureza.

Outra imagem particularmente elucidativa é a da superfície onde se encontra o vulcão, que praticamente desapareceu em apenas 12 dias, depois do início da atividade vulcânica.

As consequências da erupção também são visíveis na principal ilha, Tongatapu - que tem a maior parte dos 100 mil habitantes do país -, onde árvores e casas ficaram totalmente cobertos por cinzas vulcânicas. Alguns edifícios parecem mesmo ter colapsado, e as autoridades temem que possa existir contaminação de água e de alimentos.

Tudo isto ao mesmo tempo em que começam a ser confirmadas as primeiras mortes - duas, entre as quais uma cidadã britânica -, com as equipas de socorro no local a desdobrarem-se em esforços para prestar ajuda. Outro problema é o das comunicações, que continuam cortadas nas ilhas mais pequenas de um arquipélago com mais de 170 ilhas, não se esperando o restabelecimento em algumas delas antes de 1 de fevereiro, uma vez que um cabo submarino ficou seriamente danificado.

"Este cabo é vitalmente importante para Tonga e para a sua conetividade digital com o resto do mundo", sublinhou um dos principais responsáveis tecnológicos da região, Dean Veverka.

Um problema que está a afetar o grupo de ilhas Ha'apai, onde dois pequenos territórios - Mango e Fonoi - se mantêm isolados, sem conseguir manter contacto, como revelou o porta-voz das Nações Unidas, Stephane Dujarric, à agência Associated Press.

Imagens recolhidas pela UNOSAT mostram as primeiras consequências, que afetam, sobretudo, a zona costeira.

O diretor da Federação Internacional da Cruz Vermelha refere à CNN que, além das cinzas, existe também um "dano costeiro de larga escala como consequência do tsunami".

"Estamos preocupados especialmente com aqueles que continuam nas ilhas perto da erupção. De momento, sabemos muito pouco", confessou Alexander Matheou, que diz ainda não se saberem ao certo as reais consequências materiais e humanas do desastre.

Em paralelo, a presença de cinza no país também está a afetar o aeroporto, onde aviões com ajuda humanitária têm sido impedidos de aterrar. Isso mesmo já fez com que a Nova Zelândia acionasse dois navios da Marinha, que devem levar um máximo de três dias a chegar ao território, de acordo com o ministro da Defesa, Peeni Henare.

O HMNZS Wellington e o HMNZS Aotearoa vão levar vários mantimentos, mas também um helicóptero, para ajudar no transporte de pessoas ou bens.

"A água é uma das maiores prioridades para Tonga nesta fase e o HMNZS Aotearoa leva 250 mil litros, além de produzir 70 mil litros por dia através de um sistema de dessalinização", acrescentou o ministro.

Pelo menos 100 casas foram parcialmente destruídas, sendo que metade delas ficaram mesmo sem condições de habitabilidade, ainda que as equipas de socorro esperem que estes números subam nos próximos dias.

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