Fora da Volta, João Benta fala em «machadada nos atletas cumpridores»

3 ago 2022, 18:39
João Benta (ciclismo)

Ciclista da Efapel foi afastado da Volta a Portugal após buscas domiciliárias

O ciclista João Benta criticou a organização da Volta a Portugal e a Federação Portuguesa de Ciclismo por, no seu entender, «pretender colocar no mesmo grupo todos os alvos de buscas», isto depois de ter sido confirmado que está fora da 83.ª edição a prova, que arranca nesta quinta-feira.

«No dia de ontem [quarta-feira] fui também alvo de buscas domiciliárias. Desconheço a motivação e muito menos compreendo o timing. Certo é que concluídas as buscas - com as quais colaborei integralmente, merecendo da parte dos inspectores da PJ igual correção - não fui constituído arguido. Nada foi encontrado na minha residência que pudesse estar relacionado com qualquer substância ou utensílio utilizado na prática dopante», disse o ciclista da Efapel em comunicado enviado à agência Lusa.

«Foi-me, aliás, dito aquando das buscas que se algo fosse encontrado seria de imediato constituído arguido e presente a juiz, de outro modo o assunto ficaria resolvido com o relatório da diligência. Relatório esse que, depois de lido, naturalmente assinei», prosseguiu.

Revelando-se «triste, desolado e revoltado, mas acima de tudo de consciência tranquila», o corredor de 35 anos disse ter sido «com surpresa» que tomou «nota das indicações da organização e FPC dirigida às equipas, que, de forma mais ou menos clara, pretendeu colocar no mesmo grupo todos os profissionais alvos de buscas, tenham eles sido ou não constituídos arguidos».

«Não reconheço justiça em tais medidas. Isto não é defender a modalidade, isto é dar uma machadada nos atletas cumpridores, nas equipas e nos patrocinadores», apontou ainda.

Benta entende que a suspeita que, diz, alguém entendeu lançar sobre ele pôs em causa o trabalho de uma época e faz «pairar sombras» o que será o seu futuro. «Estou de consciência tranquila e certo de que tudo fiz para corresponder às expectativas dos que em mim confiaram e confiam, mas estou também invadido por um forte sentimento de injustiça, porque a consciência tranquila não faz esquecer o quanto trabalhei durante esta época para chegar ao nível desejado à prova rainha da temporada e ver ruir todo esse projecto», reforçou.

«Abre-se assim um precedente grave, fazendo crer que no futuro bastará lançar suspeitas sobre atletas para que os mesmos fiquem automaticamente arredados de competir, condicionando-se assim a verdade desportiva de uma prova», prosseguiu João Benta, agradecendo à equipa Efapel pelo apoio recebido.

Recorde-se que a PJ realizou na terça-feira buscas em locais ligados a equipas de ciclismo no âmbito da operação ‘Prova Limpa’.

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