"O acordo de paz de Minsk já não existe, não há mais nada para cumprir": Putin tem luz verde para enviar tropas para a Ucrânia

22 fev 2022, 17:57
Vladimir Putin discursa à nação sobre tensão com a Ucrânia (Alexei Nikolsky via AP)

A declaração unilateral de independência dos territórios separatistas ucranianos marcou o momento em que a Rússia mudou tudo. Já não é apenas uma tensão que cresce no Leste da Europa. Vladimir Putin matou os Acordos de Minsk, abrindo a porta a uma possível guerra, mas esta terça-feira culpou a Ucrânia

Vladimir Putin recebeu esta terça-feira luz verde do parlamento russo para o envio de tropas para o que descreveu como "uma missão de manutenção de paz" nos territórios separatistas da Ucrânia, Donetsk e Lugansk.

Momentos depois de conhecida a decisão, que tem efeitos imediatos, Putin deu uma conferência de imprensa bem mais curta que a de segunda-feira mas não por isso menos clara na forte mensagem que quis passar quando anunciou que reconheceu unilateralmente os territórios em Donbass como independentes. 

"O acordo de paz de Minsk já não existe, não há mais nada para cumprir", afirmou o presidente russo. Contudo, culpa Kiev, em vez de Moscovo, por "rasgar" o acordo de paz, no qual estão envolvidas França e Alemanha.

Para Putin, o Acordo de Minsk "foi violado pela Ucrânia muito antes da decisão da Rússia de reconhecer duas regiões separatistas". E, sobre esta matéria, esclareceu: a Rússia reconheceu as duas repúblicas dentro dos limites de Donetsk e Luhansk, partes das quais são controladas pelas forças do governo ucraniano.

Mas quando questionado sobre um possível uso das forças russas em Donbass, o líder russo deixou o alerta: "Cumpriremos com as nossas obrigações, se necessário". Putin foi mais longe e apontou que "a melhor decisão que a Ucrânia poderia tomar seria renunciar às ambições de se juntar à NATO".

"A Ucrânia deve desmilitarizar", afirmou, acrescentando: "Uma Ucrânia anti-Rússia armada até aos dentes é inaceitável". 

À semelhança do que transmitiu no discurso anterior, Vladimir Putin entende que as afirmações da Ucrânia sobre ambições nucleares eram dirigidas à Rússia: "E nós percebemos a mensagem". Aliás, o presidente da Rússia acredita que "a única coisa que falta à Ucrânia nesta matéria são sistemas para o enriquecer o urânio e isso é algo que a Ucrânia consegue resolver". 

"Moscovo estaria no alcance de mísseis nucleares ucranianos", afirmou. "Eu não disse que as nossas tropas vão lá imediatamente", esclarece, contudo, o líder russo, reiterando que ações militares em Donbass "vão depender da situação no local". "É impossível prever ações específicas do exército russo em Donbass."

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