Embaixador português no Japão apaga publicação que criticava "pequenez" de Fernando Santos. Governo defende-se: foi uma opinião pessoal

12 dez 2022, 11:07
Vítor Sereno: "Há sanções claras contra o regime de Moscovo e Putin"

Caso está a causar polémica e levou mesmo o filho de Fernando Santos a responder

"Medo", "incoerência" e "pequenez": as palavras, publicadas no Linkedin são de Vítor Sereno a propósito de Fernando Santos depois da eliminação da seleção portuguesa no Catar e rapidamente geraram polémica. Não fosse o autor o embaixador de Portugal no Japão. Contudo, ao início da manhã desta segunda-feira, a publicação já não se encontrava disponível na rede social.

Publicação terá sido apagada do LinkedIn (12 de dezembro de 2022)

A polémica publicação - que já contabilizava mais de uma centena de comentários - datava do último sábado, após Portugal ter sido eliminado do Mundial do Catar depois de perder com Marrocos nos quartos-de-final do torneio, num contexto marcado pelo caso Ronaldo e pela opção de Fernando Santos de o deixar de fora da equipa inicial. Motivo para o embaixador ter escrito na sua página desta rede social um texto severo sobre Fernando Santos, considerando que “sairá por baixo, refém da sua incapacidade táctica, do medo, da incoerência, mas sobretudo da sua pequenez“.

Publicação de Vítor Sereno 

Apesar de ter sido publicada numa rede social de cariz profissional, a posição pública do embaixador, escrita nessa qualidade, acabaria por comprometer também o próprio Ministério dos Negócios Estrangeiros. E foi isso mesmo que levou o gestor do fundo Alpac, Luís Santos, filho do selecionador português, a responder ao embaixador. Num comentário ao ‘post’ de Sereno, Luís Santos escreve: “O Sr. Embaixador tem direito à sua opinião. Mas escrever pública e gratuitamente da “pequenez” de quem deu tanto à sua pátria, pode não ser digno da posição que ocupa“.

Contactado pela CNN Portugal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros afirma que esta foi uma posição pessoal do embaixador publicada numa rede social e que o conteúdo da publicação não reflete o Ministério.

No ‘post’, que tem mais de 110 comentários à hora a que esta notícia é publicada, Vítor Sereno critica Fernando Santos de forma dura. “Um treinador que não soube sair por cima quando tinha tudo para o fazer. Como Campeão Europeu e vencedor da I Liga das Nações ficaria para sempre na história. Eu próprio votaria e faria lobby para que rotundas pelo país inteiro tivessem o seu nome (…) A insistência da FPF em Fernando Santos é doentia e vice-versa. Agarrar-se ao cargo e não colocar imediatamente o lugar à disposição (basta olhar para Luís Enrique, Tite ou Roberto Martinez) é sintomático”, acrescenta, numa crítica também a Fernando Gomes, presidente da Federação e que termina o mandato em 2024. Fernando Santos não desvendou o seu futuro e remeteu uma decisão para uma conversa com Fernando Gomes.

Em contraponto às críticas a Fernando Santos, o embaixador português no Japão (e antigo chefe de Gabinete de Miguel Relvas no Governo de Pedro Passos Coelho) elogia Cristiano Ronaldo. “O único, até hoje, que vi a tentar mudar o paradigma deste estado de depressão constante, alternado com estados de euforia, foi Cristiano Ronaldo. O melhor embaixador de Portugal (conheço-os todos: é inigualável) e o único que nunca teve vergonha de assumir que nós, os portugueses, quando queremos, chegamos ao topo do mundo“.

Numa outra referência implícita a Fernando Santos, Vítor Sereno escreve que “Cristiano é muito mais do que Portugal e, no fundo, isso chateia-nos. É mais fácil nivelarmo-nos pela mediocridade do que pela excelência – tive um colega mais velho, há muitos anos, que me dizia para não trabalhar tanto porque isso obrigava os outros a fazer igual ou melhor…”.

No comentário ao ‘post‘ de Vítor Sereno, Luís Santos faz um desafio ao embaixador, em jeito de provocação: “Há muito trabalho a fazer na relação Portugal-Japão. Contamos consigo para o realizar com tanto empenho e competência quanto a nossa seleção que nos levou aos quartos de final do campeonato do mundo, pela 3ª vez na sua história, e caiu de pé. E em particular, tanto empenho e competência quanto o selecionador da “pequenez” (palavras suas) dos dois únicos troféus da história futebolista da nação”.

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