A doença custa milhões de euros anualmente ao Serviço Nacional de Saúde e pode afetar um em cada três cidadãos ao longo da vida, mesmo os que se sentem saudáveis.
A Zona afeta milhares de portugueses todos os anos. Apesar de poder surgir em qualquer idade, a sua incidência aumenta significativamente a partir dos 50 anos, podendo levar a perda de autonomia e ter um impacto significativo na população. Esta doença, que deriva do mesmo vírus da varicela, pode permanecer inativa no organismo durante décadas e reativar-se inesperadamente, causando sintomas dolorosos e debilitantes.
Mas, afinal, o que é a zona? Ricardo Silva, médico de Medicina Geral e Familiar, esclarece: “A Zona é também conhecida como cobrão. O nome técnico é Herpes Zoster. Herpes vem do grego ‘herpini’, que significa rastejante, e Zoster é cinturão, ou seja, a zona é um vírus que dá origem a umas borbulhas (erupção vesicular), que rastejam ao longo do curso do nervo em forma de cinturão. Pode aparecer em todo o corpo”, mas é mais comum na zona lombar.
Inicialmente, manifesta-se através de um formigueiro ou ardor numa zona específica do corpo, evoluindo para uma erupção cutânea intensa e dolorosa “que causa comichão e dor”. Para muitos doentes, o verdadeiro impacto surge após a cicatrização das lesões, quando a dor persiste por semanas, meses ou até anos, comprometendo a qualidade de vida.
Quais são as consequências para os doentes?
A dor intensa e prolongada é uma das consequências mais debilitantes da Zona, interferindo significativamente na rotina diária, no bem-estar emocional e na produtividade dos doentes. A nevralgia pós-herpética, uma complicação comum, pode comprometer a qualidade do sono, limitar a mobilidade e afetar a saúde mental, contribuindo para quadros de ansiedade e depressão.
Apesar destes impactos, a perceção pública sobre a gravidade da doença permanece baixa. Um inquérito internacional realizado em nove países, incluindo Portugal, revelou que mais de metade das pessoas desconhece a doença, e 40% não se considera em risco de desenvolver Zona. Este desconhecimento pode levar à subvalorização dos sintomas e ao atraso na procura de assistência médica e soluções de prevenção.
Normalmente, os sintomas melhoram passadas algumas semanas, mas alguns doentes sofrem de dor crónica ou outras complicações que podem durar meses ou até anos. A complicação mais comum da Zona (30 % dos casos) é a Nevralgia Pós-Herpética, caracterizada por uma dor incapacitante que pode durar de 3 a 6 meses, podendo em alguns casos persistir durante vários anos. Outras complicações podem incluir, alterações da pele, envolvimento dos olhos com potenciais complicações, problemas de audição, entre outras.
A doença custa milhões de euros todos os anos ao país
A Zona não representa apenas um desafio individual, mas também um peso significativo para o Serviço Nacional de Saúde (SNS). De acordo com um estudo apresentado no final do ano passado, no Encontro de Outono da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), entre julho de 2023 e junho de 2024, cerca de 63 mil adultos em Portugal foram diagnosticados com Herpes Zoster, dos quais 67% tinham mais de 50 anos.
O custo médio de uma consulta em ambulatório relacionada com a doença ronda os 114,60 euros, resultando num impacto financeiro anual de aproximadamente 7,3 milhões de euros. Em casos mais graves, que exigem hospitalização, o custo médio por doente ultrapassa os 3.000 euros, com uma estada hospitalar média de quase duas semanas.
Além disso, as perdas económicas associadas ao absentismo laboral devido à Zona são estimadas em 2,4 milhões de euros anuais, elevando o impacto económico total para mais de 10 milhões de euros.
A prevenção continua a ser a melhor solução
A prevenção desempenha um papel fundamental na redução dos casos graves e na mitigação do impacto da Zona no SNS. A aplicação de atos preventivos tem demonstrado um potencial significativo para evitar que muitos portugueses afetados recorram a cuidados de saúde devido à doença.
A prevenção desta doença passa não só por manter um estilo de vida saúdável através de uma alimentação equilibrada, exercício físico, redução de stress e bons hábitos de sono, como também através da vacinação, a forma mais eficaz de prevenção da zona.
Ricardo Silva explica que nunca é tarde demais para se recorrer à vacinação, pois, “se se estiver vacinado, há menos probabilidades de vir a ter” esta doença. Se um doente for diagnosticado com Zona e nunca tiver sido vacinado, pode e deve fazê-lo após o tratamento e resolução da infeção aguda, “porque fica mais protegido de ter uma reativação”, reforça o médico.
Reduzir a incidência da Zona significa aliviar a pressão sobre os serviços de saúde, diminuir os custos associados a consultas e hospitalizações e melhorar a qualidade de vida dos doentes. Especialistas e doentes têm apelado ao Governo para incluir a vacina contra a Zona no Programa Nacional de Vacinação, sublinhando os benefícios tanto para a população como para a sustentabilidade do SNS.
A sensibilização para a gravidade da Zona e as suas consequências é essencial. A população deve ser incentivada a procurar informação junto dos profissionais de saúde, esclarecer dúvidas e considerar as opções preventivas disponíveis.
A adoção de medidas preventivas pode fazer a diferença na vida de milhares de portugueses, garantindo não só a proteção individual, mas também um impacto positivo na eficiência dos recursos de saúde públicos. Para mais informações sobre a doença e as formas de prevenção, consulte o seu médico e a plataforma www.porumavidainteirapelafrente.pt.
Com o apoio da GSK.
Referências:
- Helmuth IG, Poulsen A, Suppli CH, Mølbak K. Varicella in Europe—A review of the epidemiology and experience with vaccination. Vaccine. 2015;33 (21):2406–13.
- Luis JG et al, Rev Port Med Geral Fam 2021;37:446-5.
- Johnson R et al. Herpes zoster epidemiology, management, and disease and economic burden in Europe: A multidisciplinary perspective. Ther Adv Vaccines. 2015; Vol.3(4) 109–120.
- Harpaz R, et al. MMWR Recomm Rep. 2008 June;57(RR-5):1-30.
- IPSOS on behalf of GSK. Shingles Awareness Week 2025 Survey (Brazil, China, Germany, India, Ireland, Italy, Japan, Portugal, and USA). Data on file. 2025.
- DH Green Book Ch 28a. Shingles. 2021. Accessed: Aug 2021.
- Gauthier A et al. Epidemiology and costs of herpes zoster and postherpetic neuralgia in the United Kingdom. Epidemiol Infect. 2009; 137 38-472.
- Silva F. et al. Poster "Landscape of Herpes Zoster Infections in Portugal", in Encontro de Outono 2024 (APMGF), Nov 21- 23 2024; Fátima, Portugal.
- Silva F, et al. Burden of Hospitalization Related to Adult Herpes Zoster Infection in Portugal“. Apresentado no 26º Congresso annual do International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research (ISPOR-EU 2023; Nov 12- 15, 2023; Copenhaga, Dinamarca).
NP-PT-HZU-PRSR-250005, 04/2025.